PeddieKitsune Escreveu:A arte não é para entreter. Não é suposto ires a galerias de arte para passar o tempo ou para te divertires.
Mas é suposto eu ouvir música para passar tempo
A música barroca, precisamente, é para isso mesmo: para os reis se entreterem (e o resto da bimbalhada).
PeddieKitsune Escreveu:É claro que os jogos são fruto de criatividade dos seus produtores, aliás tudo o que é produzido pela mente humana é um movimento de criatividade, já que no mínimo reinventa alguma coisa. Por isso é que definições como "arte é tudo aquilo que resulta de um processo criativo" são demasiado latas para sequer serem consideradas.
Mas, no entanto, são precisamente isso, e não há qualquer problema na definição...
Ou arte é só aquilo que é bonito? Ou então só aquilo que é feito pelos melhores? Ná! Não pode ser.
PeddieKitsune Escreveu:E não concordo quando dizes que todos os processos criativos são processos à partida artísticos.
Lá está, eu concordo
PeddieKitsune Escreveu:Muitos processos que não têm uma única ligação a algo vagamente artístico são de facto criativos. Basta pensar por exemplo em jogadas económicas e empresariais que, apesar de serem de facto criativas e originais, certamente concordas que essas jogadas não são uma forma de arte.
Bem, puseste uma boa questão...
Será que as jogadas empresariais são ARTE?!
OMG
Será?
PeddieKitsune Escreveu:Como disse antes, criatividade não é igual a criatividade artística. Uma peça de design de equipamento não é arte.
Atenção que o design é uma arte, que deriva essencialmente da escultura, mas é arte. Sei que não é esse design a que te referes, no entanto. Mas lá está, acho que aqui é uma colisão de opiniões pura e simples
Mas tenho que pensar sobre o assunto.
PeddieKitsune Escreveu:Se por acaso o Tolkien tinha a intenção de fazer uma obra de arte (e com obra de arte não quero dizer algo espectacularmente bem feito, quero dizer mesmo uma peça artística), aí de facto os livros serão arte. Se há algo que o dadaísmo e o Marcel Duchamp em particular nos ensinou foi que a única coisa que torna um objecto uma obra de arte é apenas e somente a intenção do artista em dar um teor artístico ao objecto. O urinol de Duchamp é de facto arte, mas qualquer jogo, por mais bem feito que esteja, não o é.
Sabes que isso não é linear... Aliás, mais que não ser linear, não deve ser interpretado dessa forma. Se assim for, 99% do tempo em que se produz arte é deitado fora, porque o sentido de arte não existe até ao século XVIII (salvo erro)
Não sei quais as intenções de tolkien, mas eu perguntei-te se os livros eram divertimento, não falei de ser arte. Se são divertimento, também os jogos o são. Se não são, também os jogos podem não ser. Isto claro, falando em relação ao que tu disseste. Para mim a coisa é bem mais complicada. O mesmíssimo jogo pode ser divertimento para uma pessoa e para outra não ser. O mesmo acontece com um livro ou um filme ou uma música ou seja lá o que for.
PeddieKitsune Escreveu:E já agora, não é a atitude do espectador que determina o teor artístico de uma obra, mas sim o artista. Por isso podes considerar os livros de Tolkien um passatempo, uma obra prima perfeita da literatura mundial ou um bocado de trampa, isso não muda o espírito sob o qual esses livros foram escritos.
Não, não muda não senhor. Mas não percebi a que propósito é que disseste isso...
PeddieKitsune Escreveu:Em rigor não, devido à predeterminação lúdica de um videojogo.
Era isso que estava a discutir em cima
Um jogo tem tanta predeterminação lúdica como um filme ou uma música tem...
E estou a falar do conceito, não dos jogos que existem.
PeddieKitsune Escreveu:Mas se o criador fizer um jogo como meio de expressão artístico e não como um jogo, será arte.
E se fizer um jogo como um jogo de forma a exprimir a sua arte?
PeddieKitsune Escreveu:Existem assim, decerto, poucos exemplos de arte sob a forma de videojogo, e eu pessoalmente não conheço nenhum.
Pois, mas isso é muito relativo e não vou opinar sobre isso. First things first.