DesertStorm Escreveu:MadnessJonny Escreveu:O referendo sobre o aborto está cada vez mais perto e eu gostaria de ouvir mais opiniões dos foristas sobre este tema. Eu sou a favor da despenalização do mesmo e, entre outras razões posso apontar uma que penso ainda não ter sido abordada, que tem a ver com a eficácia dos métodos contraceptivos. Deixo aqui uns dados que retirei do livro de Biologia 12º ano (programa novo, iniciado o ano passado) pelo que os dados são de total confiança:
Método -> % mulheres grávidas por ano
Contracepção Oral Hormonal (vulgo, pílula)
- combinado : 0,1 a 1
- progestativo: 0,5 a 1,5
Preservativo masculino
- 5 a 10
Espermicida
- 10 a 30
Preservativo feminino
- 10
Diafragma
- 15
Como podem ver, não existem métodos 100% seguros. Mesmo a contracepção cirúrgica, i.e. a Laqueação de trompas ou a Vasectomia, apresentam valores entre os 0,5% e 1,8% para o primeiro caso e 0,15% para a segunda, e claro, estes não são métodos utilizados muito vulgarmente.
Abstinência = 0 % de hipotesses de ter filhos.
só em casos de perigo para a vida da mae se justifica o aborto, e esses casos ja estão contemplados na lei, alias esta mesma lei tem um buraco que pode ser aproveitada por quem for esperto para realizar abortos.
Estás a falar de abstinência total (ou seja, não ter relações sexuais, nunca em tempo algum) ou da abstinência periódica ? É que segundo o mesmo livro, a abstinência periódica dá origem a entre 2 a 20 mulheres grávidas por cada 100 mulheres por ano. Os valores maximos e mínimos são bastante afastados pois varia consoante o método utilizado (calendário, temperaturas e muco e sintotérmico, sendo o sintotérmico o mais eficaz de todos eles). Isto porque estes métodos um pouco "arcaicos" são muito pouco fiáveis pois baseiam-se num compromisso por parte da mulher que tem que estar constantemente a fazer contas, apontar temperaturas, etc e às vezes basta a mulher ficar com um pouco de febre e a temperatura subir para adulterar as contas todas por completo e o resultado vê-se 9 meses depois...
Mas se te referias a abstinência total, ok ai tudo bem, embora não perceba em que mundo vives, podes muito bem dize-lo e com razão que se não existirem relações não haverá motivos para aborto...
Mas o problemas é que existe. Não convém nos esquecer-mos que se o aborto não for despenalizado ele continuará a existir, as mulheres que realmente têm que fazer o aborto vão faze-lo sem condições e alguém estará a lucrar uma pipa de massa com isso mesmo e a mulher ainda corre o risco de que a intervenção dê para o torto e lá tem que o estado cuidar dessa mulher... Aliás, eu arrisco dizer que uma boa parte dos médicos que está contra o aborto muito provavelmente tem clínicas, ou ligações com clínicas que praticam a interrupção voluntária da gravidez, e mostram-se contra obviamente porque se o aborto for despenalizado eles deixam de ganhar aquele $ fácil.
Quanto à problemática do aborto se tornar um sistema quase como um método contraceptivo, embora tenha a certeza que vá haver meio de o controlar, não me parece que isso viesse a acontecer. O aborto é um processo psicologicamente doloroso para a mulher e nenhuma mulher gostaria de passar por ele e só passam pois a sua consciência de que não poderão dar tudo o que o seu filho necessita é maior do que essa dor. Mas, como disse no início, se isso acontecer, certamente que haverá métodos de controle.
ps- É impressionante que até em termos sociais estamos várias décadas atrás em relação ao resto da Europa. França, Reino Unido e Aústria são todos países que têm o aborto legalizado há 40 anos! Quarenta anos! Só mesmo na terra dos
"3 pastorzinhos de fátima"...