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Serão os jogos mesmo uma forma de arte????

Sim, Molyneux, Wright, Kojima, Meier, Sakaguchi... todos mestres de uma arte!
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Não, os jogos são entretenimento puro!!!
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Talvez quando acabarem com as infinitas sequelas e o fluxo contante de jogos pouco criativos!
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MadnessJonny
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Mensagem por MadnessJonny » quinta 16 fev 2006, 12:01

Se os videojogos fossem uma simples e mera forma de divertir e "aliviar" como se justifica a sua crescente e cada vez mais latente complexidade, beleza e emotividade ? Se apenas procurase-mos divertimento, hoje em dia jogariamos jogos como Sonic 1, Mario (no gameboy) esses sim, jogos de divertimento puro com uma pequena linha histórica para que o jogo não caia na vulgaridade. Embora muitas vezes rejoguemos velhos clássicos na procura de nostalgia e, lá está, divertimento puro, a verdade é que a grande maioria das vezes os jogadores procuram algo mais nos seus jogos.
Procuram mundos novos e fantásticos (zelda, final fantasy, etc) histórias cativantes e inovadoras (Fanrenheit) experiências que não estão ao alcance das suas vivências (GTA), etc. É por isso que considero que os jogos não podem ser considerados uma mera forma de "alívio", não nego que não os hajam, mas um preconceito baseado apenas numa pequena fracção de jogos não pode admitir que todos os jogos o sejam efectivamente.

enfim, com o tempo as mentalidades mudarão e os jogos poderão deixar de ser descriminados e a ser compreendidos. As coisas são assim e os jogos não são as primeiras vítimas de pessoas com mentalidades retrogadas. enfim...

ENFIM POWER!!!
Última edição por MadnessJonny em quinta 23 fev 2006, 22:53, editado 1 vez no total.
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Maedhros
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Mensagem por Maedhros » domingo 19 fev 2006, 12:40

Um especial do gamespot, para os amantes da arte conceptual que está envolvida na criação dos jogos.

http://www.gamespot.com/features/6144426/index.html

Edit: Um excelente artigo (muito sóbrio e bem justificado) sobre o futuro próximo dos videojogos, e sobre as principais formas de entrar na indústria, quer como jornalista, quer como criador:

http://www.gamespot.com/features/freepl ... ry=6144634
"Olive: Grandpa, am I pretty?
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Mensagem por Morbus » quinta 23 fev 2006, 19:10

Sobre uma questão interessante (mas sentenciada, como é óbvio) que o Peddie (acho eu) levantou mais atrás: a questão da singularidade das obras de arte do valor do original.

Segundo ele, a verdadeira obra de arte era o original. Essa questão, posso dizer-vos, já foi levantada há muito tempo, aquando do reconhecimento da fotografia como arte. Walter Benjamin, no seu ensaio "A obra de Arte na era da reprodutividade técnica" questiona-se sobre esse problema e sobre a incapacidade de se reconhecer o original. Diz ele que será completamente impossível de distinguir uma cópia ou reprodução do original e que se podem chegar a estremos de nem sequer existir qualquer original (como ele estava certo). O problema que se coloca aqui é: será que interessa realmente o orginal? Será que, na era em que vivemos, um original de um jogo/vídeo/música/livro/peça de design tem assim tanta importância como tem a "verdadeira" Monalisa? Será que o valor do original não é apenas emotivo e sentimental? Será mesmo que a verdadeira obra de arte é apenas o orginal? Ou será que a obra de arte, em si, não existe, sendo apenas o conceito originário, e é reproduzida em todos as cópias, mesmo na primeira de todas? Qual é o original dos nocturnos de Chopin? A partitura original manuscrita? Ou é a primeira variante que o próprio Chopin tocou? Ou será antes a primeira gravação? Ou será que a arte dos nocturnos pertense a quem a toca e não a quem a fez? Questões semelhantes podem ser aplicadas aos jogos, de forma que se torna completamente irrelevante definir o original, nos dias de hoje, assim como acontece com a música, com a fotografia, com vários estilos de pintura, com os livros, etc. O que há é o valor sentimental, porque apesar de tudo, continuo a dar muito mais valor ao meu Saint Anger e ao meu Master of Puppets autografados pelo Ulrich e pelo Hammet, respectivamente, que a uma cópia normal. É o valor sentimental que se sobrepõe... O mesmo acontece com a Monalisa, porque, digo-vos, há cópias siturgicamente iguais, acreditem.

Sabia que, quando surgiu a fotografia, muitos pintores diziam que a fotografia era a morte da pintura? É para verem o que eles na altura consideravam por arte... :roll: Enfim...
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Mensagem por Death Crow » quinta 23 fev 2006, 19:34

Morbus Escreveu:Sobre uma questão interessante (mas sentenciada, como é óbvio) que o Peddie (acho eu) levantou mais atrás: a questão da singularidade das obras de arte do valor do original.

Segundo ele, a verdadeira obra de arte era o original. Essa questão, posso dizer-vos, já foi levantada há muito tempo, aquando do reconhecimento da fotografia como arte. Walter Benjamin, no seu ensaio "A obra de Arte na era da reprodutividade técnica" questiona-se sobre esse problema e sobre a incapacidade de se reconhecer o original. Diz ele que será completamente impossível de distinguir uma cópia ou reprodução do original e que se podem chegar a estremos de nem sequer existir qualquer original (como ele estava certo). O problema que se coloca aqui é: será que interessa realmente o orginal? Será que, na era em que vivemos, um original de um jogo/vídeo/música/livro/peça de design tem assim tanta importância como tem a "verdadeira" Monalisa? Será que o valor do original não é apenas emotivo e sentimental? Será mesmo que a verdadeira obra de arte é apenas o orginal? Ou será que a obra de arte, em si, não existe, sendo apenas o conceito originário, e é reproduzida em todos as cópias, mesmo na primeira de todas? Qual é o original dos nocturnos de Chopin? A partitura original manuscrita? Ou é a primeira variante que o próprio Chopin tocou? Ou será antes a primeira gravação? Ou será que a arte dos nocturnos pertense a quem a toca e não a quem a fez? Questões semelhantes podem ser aplicadas aos jogos, de forma que se torna completamente irrelevante definir o original, nos dias de hoje, assim como acontece com a música, com a fotografia, com vários estilos de pintura, com os livros, etc. O que há é o valor sentimental, porque apesar de tudo, continuo a dar muito mais valor ao meu Saint Anger e ao meu Master of Puppets autografados pelo Ulrich e pelo Hammet, respectivamente, que a uma cópia normal. É o valor sentimental que se sobrepõe... O mesmo acontece com a Monalisa, porque, digo-vos, há cópias siturgicamente iguais, acreditem.

Sabia que, quando surgiu a fotografia, muitos pintores diziam que a fotografia era a morte da pintura? É para verem o que eles na altura consideravam por arte... :roll: Enfim...
No meio de tudo o que disseste só tenho uma coisa a dizer? TU TENS OS AUTOGRAFOS DELES????? :shock:
Continuando um pouco off-topic... como o baixista dos Moonspell me :P disse uma vez: A mim os autografos não me dizem nada, mas sim as fotografias tiradas com eles

É claro que na pintura, escultura e arte plástica o original vale muito mais, aliás, o original vale ponto final. É claro que sempre podemos ter a reprodução fiel de um Van Gogh mas nada supera o original. Falas da questão sentimental, essa é importante para quem admira os artistas, por exemplo, a mim nada me interessa ter um original do picasso mas se tivesse se tivesse um Van Gogh gostaria de ter o original porque foi ele quem o criou.

Quanto aos jogos essa questão não pode ser aplicada porque é como a velha questão do ovo e da galinha. Qual será o original de um jogo? O 1º cd gravado? A pasta onde esteve armazenado o jogo em que foi corrido a 1ª vez? Até porque as cópias do original são fidelíssimas e o original não tem a marca pessoal do artista.
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Mensagem por Morbus » quinta 23 fev 2006, 20:04

Death Crow Escreveu:Quanto aos jogos essa questão não pode ser aplicada porque é como a velha questão do ovo e da galinha. Qual será o original de um jogo? O 1º cd gravado? A pasta onde esteve armazenado o jogo em que foi corrido a 1ª vez? Até porque as cópias do original são fidelíssimas e o original não tem a marca pessoal do artista.
Exactamente. E, como disse, o mesmo acontece, actualmente, com a pintura (alguma)... O que tu disseste só diz o que eu disse: o valor do original é sentimental e mais nada. Claro que quando se compara o original com uma cópia mal feita, o valor passa também a ser artístico. :wink:

Master! Master! [:D]
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Mensagem por PeddieKitsune » quinta 23 fev 2006, 20:13

Morbus Escreveu:Sobre uma questão interessante (mas sentenciada, como é óbvio) que o Peddie (acho eu) levantou mais atrás: a questão da singularidade das obras de arte do valor do original.

Segundo ele, a verdadeira obra de arte era o original. Essa questão, posso dizer-vos, já foi levantada há muito tempo, aquando do reconhecimento da fotografia como arte. Walter Benjamin, no seu ensaio "A obra de Arte na era da reprodutividade técnica" questiona-se sobre esse problema e sobre a incapacidade de se reconhecer o original. Diz ele que será completamente impossível de distinguir uma cópia ou reprodução do original e que se podem chegar a estremos de nem sequer existir qualquer original (como ele estava certo). O problema que se coloca aqui é: será que interessa realmente o orginal? Será que, na era em que vivemos, um original de um jogo/vídeo/música/livro/peça de design tem assim tanta importância como tem a "verdadeira" Monalisa? Será que o valor do original não é apenas emotivo e sentimental? Será mesmo que a verdadeira obra de arte é apenas o orginal? Ou será que a obra de arte, em si, não existe, sendo apenas o conceito originário, e é reproduzida em todos as cópias, mesmo na primeira de todas? Qual é o original dos nocturnos de Chopin? A partitura original manuscrita? Ou é a primeira variante que o próprio Chopin tocou? Ou será antes a primeira gravação? Ou será que a arte dos nocturnos pertense a quem a toca e não a quem a fez? Questões semelhantes podem ser aplicadas aos jogos, de forma que se torna completamente irrelevante definir o original, nos dias de hoje, assim como acontece com a música, com a fotografia, com vários estilos de pintura, com os livros, etc. O que há é o valor sentimental, porque apesar de tudo, continuo a dar muito mais valor ao meu Saint Anger e ao meu Master of Puppets autografados pelo Ulrich e pelo Hammet, respectivamente, que a uma cópia normal. É o valor sentimental que se sobrepõe... O mesmo acontece com a Monalisa, porque, digo-vos, há cópias siturgicamente iguais, acreditem.

Sabia que, quando surgiu a fotografia, muitos pintores diziam que a fotografia era a morte da pintura? É para verem o que eles na altura consideravam por arte... :roll: Enfim...
Foi precisamente por eu ter escrito um texto sobre esse ensaio do Walter Benjamin que levantei essa questão. Só uma coisa, ele não diz que o original pode-se tornar totalmente idêntico à reprodução, muito pelo contrário: ele define claramente as diferenças óbvias entre o original e o reproduzido, diferenças essas que simplesmente não são possíveis de manipular. Por exemplo, a obra de arte é isso mesmo porque possui a sua "aura" (conceito proposto por W. Benjamin), isto é, o aqui e o agora da obra de arte, ou se quiserem a sua singularidade espacio-temporal no mundo.
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Mensagem por Morbus » quinta 23 fev 2006, 20:19

Peddie Escreveu:Foi precisamente por eu ter escrito um texto sobre esse ensaio do Walter Benjamin que levantei essa questão. Só uma coisa, ele não diz que o original pode-se tornar totalmente idêntico à reprodução, muito pelo contrário: ele define claramente as diferenças óbvias entre o original e o reproduzido, diferenças essas que simplesmente não são possíveis de manipular. Por exemplo, a obra de arte é isso mesmo porque possui a sua "aura" (conceito proposto por W. Benjamin), isto é, o aqui e o agora da obra de arte, ou se quiserem a sua singularidade espacio-temporal no mundo.
Eu sei que ele disse isso, mas quando disse que conseguia-se reproduzir totalmente, excluindo esse ponto da aura que ele refere. Mas é preciso lembrar-mo-nos sempre de que esse texto é antigo e que a sua teoria está completamente datada para a época (1940, suponho eu, ou alguns anos antes, ele suicidou-se na fronteira Espanha/França, nessa altura) e isso deve ser lembrado. Suponho que saibas de obras de arte, esculturas, que fojem a todos os preconceitos, como por exemplo um lavatório partido, que está em várias exposições ao mesmo, feitos pelo mesmo autor, com o mesmo nome e com o mesmo preço (não muito...). O original não é a peça mas sim a ideia e o conceito que está por trás dela, ao qual ela nos leva através de si mesma.
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Mensagem por PeddieKitsune » quinta 23 fev 2006, 21:13

Morbus Escreveu:Eu sei que ele disse isso, mas quando disse que conseguia-se reproduzir totalmente, excluindo esse ponto da aura que ele refere. Mas é preciso lembrar-mo-nos sempre de que esse texto é antigo e que a sua teoria está completamente datada para a época (1940, suponho eu, ou alguns anos antes, ele suicidou-se na fronteira Espanha/França, nessa altura) e isso deve ser lembrado. Suponho que saibas de obras de arte, esculturas, que fojem a todos os preconceitos, como por exemplo um lavatório partido, que está em várias exposições ao mesmo, feitos pelo mesmo autor, com o mesmo nome e com o mesmo preço (não muito...). O original não é a peça mas sim a ideia e o conceito que está por trás dela, ao qual ela nos leva através de si mesma.
Antes, o original não é apenas a peça em si, mas a sua essência é também constituída pelo contexto em que a obra surgiu no mundo e as motivações por trás da sua criação. Ou seja, o que faz da obra de arte uma obra de arte é o objecto físico e o seu contexto e motivações. Nisso tens razão, e concordo contigo.
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Mensagem por Morbus » quinta 23 fev 2006, 22:36

Peddie Escreveu:
Morbus Escreveu:Eu sei que ele disse isso, mas quando disse que conseguia-se reproduzir totalmente, excluindo esse ponto da aura que ele refere. Mas é preciso lembrar-mo-nos sempre de que esse texto é antigo e que a sua teoria está completamente datada para a época (1940, suponho eu, ou alguns anos antes, ele suicidou-se na fronteira Espanha/França, nessa altura) e isso deve ser lembrado. Suponho que saibas de obras de arte, esculturas, que fojem a todos os preconceitos, como por exemplo um lavatório partido, que está em várias exposições ao mesmo, feitos pelo mesmo autor, com o mesmo nome e com o mesmo preço (não muito...). O original não é a peça mas sim a ideia e o conceito que está por trás dela, ao qual ela nos leva através de si mesma.
Antes, o original não é apenas a peça em si, mas a sua essência é também constituída pelo contexto em que a obra surgiu no mundo e as motivações por trás da sua criação. Ou seja, o que faz da obra de arte uma obra de arte é o objecto físico e o seu contexto e motivações. Nisso tens razão, e concordo contigo.
Damn boy! Podes ter dito que "nisso" concordas comigo, mas eu não percebi nada do que quizeste dizer [:p]
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Mensagem por pedropaulo » domingo 26 fev 2006, 14:06

Retirado do sempre interessante blog do Nelson

"Acabado de chegar do visionamento do emocionalmente arrasador “Brokeback Mountain”, assombrado pela fantasmagórica e extraordinária interpretação minimalista de Heath Ledger (reparem na quantidade de adjectivos que já usei), recupero a convicção, desiludida, de que os videojogos não serão capazes de atinigir algo desta magnitude.

Simplesmente pelo facto de que, para sugerir emoções, o jogo electrónico soma algo ao que não existe. Hiperboliza a realidade. Tem um valor de simulacro.
"Brokeback Mountain" vale pela subtracção ao que existe, ao real. É essa a sua irresistível força. Nenhum designer, nenhum artista do pixel e do polígono será capaz de reproduzir num ecrã aquilo de que Heath Ledger foi capaz.

Outro pensamento: se, numa versão interactiva, fosse dada a hipótese ao espectador-jogador de fazer escolhas, alguma vez “Brokeback Mountain” existiria?"


Será então o futuro dos jogos de simples intertenimento pontuado por ocasionais obras que relançam a discussão sem nunca conseguirem consenso ou conseguirão os jogos por direito proprio alcançar um caminho paralelo ao cinema onde cresçam e evoluam ao ponto de com o tempo serem capazes de tomar o lugar na sociedade como um pilar artistico, nem melhor nem pior que as outras artes, mas simplesmente diferentes?
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Mensagem por Morbus » domingo 26 fev 2006, 14:20

Exacto. Comparar duas artes pode ser um erro, e é-o nestas situações. Como não vi o filme, peço que me esclareçam do porquê, então, dessa comparação... :roll:

EDIT

:arrow: Primórdios do Cinema: O quê? O cinema nunca mas nunca vai atinjir a emotividade a imersão que tem o teatro. Não há aquele sentimento de presença. ---> Actualmente, o cinema "comeu" o teatro e relegou-o para segundo plano, para um nicho, quase...

:arrow: Primórdios dos Jogos (agora): os videojogos não serão capazes de atinigir algo desta magnitude. ---> No futuro, irão os jogos "comer" o cinema e relega-lo também para segundo plano, tornando-o também num nicho? É um cenário bem possível :-k
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Mensagem por ICE » segunda 27 fev 2006, 0:19

Mais uma vez a comparar o cinema aos Videojogos! Bah

São meios diferentes, com especificidades diferentes, com técnicas diferentes, com meios diferentes e... e estava aqui a noite toda.

É obvio que nunca vamos poder encontrar num jogo algo como o Heath Ledger nos mostrou! Pelo simples facto de que num jogo ele não o vai poder reproduzir novamente. Nem é preciso ver o filme para chegar a esta conclusão! É a mesma coisa que eu dizer que se colocassem uma Julia Roberts a fazer o mesmo a experiência seria completamente diferente! Porque um actor é uma pessoa e como tal incute um cunho pessoal nas suas interpretações que nunca poderão ser iguais de actor para actor. É aquilo que no fundo destingue o cinema dos videojogos e a principal razão de um ser considerado arte e o outro não! A representação - inexistente nos videojogos.
Última edição por ICE em segunda 27 fev 2006, 2:02, editado 1 vez no total.
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Mensagem por Maedhros » segunda 27 fev 2006, 1:52

ICE Escreveu:Mais uma vez a comparar o cinema aos Videojogos! Bah

São meios diferentes, com especificidades diferentes, com técnicas diferentes, com meios diferentes e... e estava aqui a noite toda.

É obvio que nunca vamos poder encontrar num jogo algo como a Heath Ledger nos mostrou! Pelo simples facto de que num jogo ela não o vai poder reproduzir novamente. Nem é preciso ver o filme para chegar a esta conclusão! É a mesma coisa que eu dizer que se colocassem uma Julia Roberts a fazer o mesmo a experiência seria completamente diferente! Porque um actor é uma pessoa e como tal incute um cunho pessoal nas suas interpretações que nunca poderão ser iguais de actor para actor. É aquilo que no fundo destingue o cinema dos videojogos e a principal razão de um ser considerado arte e o outro não! A representação - inexistente nos videojogos.
A questão é, a performance do Heath Ledger é capaz de mover um espectador como nenhum jogo consegue. E isso não tem só a haver com a especificidade de uma certa forma de arte. Tem a haver com a capacidade do meio em transmitir emoções. Onde é que os jogos são capazes desse punch emocional? É essa a questão que NCalvin deixa. Os livros conseguem-no, o teatro consegue-o, a música consegue-o.... porque não os jogos?

Isto tudo vem no sentido do meu post inicial. Por muito futuro que tenham os jogos, sejam eles considerados arte ou não, estão literalmente a anos luz das outras formas de arte, revelando uma grande imaturidade e incapacidade em atingir certas áreas emocionais mais complexas.

A outra questão premente no post do NCalvin, é para mim, a questão que eu e o Morbus andámos a discutir no KOTOR, sobre a questão do peso emocional das escolhas, e se elas conseguem de facto adicionar algo de novo, sem a perda da carga emocional inerente a um argumento bem escrito e consiso.

O que eu não acho ICE, é que pelos jogos não terem representação sejam menos arte, afinal há muitas formas de arte sem representação e não deixam de ser consideradas arte por isso. Portanto não vale a pena misturar as coisas... Quanto mais, existe representação nos jogos: da parte dos modelos que são animados via captura de movimentos, e na parte vocal, criada por actores de carne e osso. O problema prende-se é coma a qualidade dessas performances, e com a qualidade do argumento que serve de base para as mesmas.

Quando existir à venda um videojogo, cujo ponto fulcral for uma simples história de amor (homossexual ou não, that's beside the point), capaz de tocar o menos emocional dos jogadores, então aí sim, os jogos estarão num patamar diferente... e quem sabe capaz de substituir o cinema no centro da nossa vida cultural.

P.S.: E por favor, se ainda não o fizeram, vejam o Brokeback Mountain, que é, claramente, um dos filmes do ano...
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Mensagem por ICE » segunda 27 fev 2006, 2:08

Maedhros Escreveu: os jogos estarão num patamar diferente... e quem sabe capaz de substituir o cinema no centro da nossa vida cultural.
Aí está Maedhros! É isso que falta perceber. Os jogos não querem nem nunca quiseram substituir o cinema! Aliás já o fizeram em vários aspectos e nunca de gabaram disso! Muito menos, querem substitui-lo no centro da nossa vida cultural. Os jogos são uma forma de entretenimento que faz parte da cultura e não uma "cultura do entretenimento" como é o cinema.

Enquanto falhar-mos a ver isto nunca vamos poder ver os jogos com os olhos pelos quais eles merecem ser vistos!
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Mensagem por Morbus » segunda 27 fev 2006, 8:44

Maedhros Escreveu:Quanto mais, existe representação nos jogos: da parte dos modelos que são animados via captura de movimentos,
Ai Fahrenheit Fahrenheit... =P~ [:p] [:D]
Maedhros Escreveu:Quando existir à venda um videojogo, cujo ponto fulcral for uma simples história de amor (homossexual ou não, that's beside the point), capaz de tocar o menos emocional dos jogadores, então aí sim, os jogos estarão num patamar diferente... e quem sabe capaz de substituir o cinema no centro da nossa vida cultural.
Mas isso já não aconteceu com FF? :schock:

E a que propósito veio essa conversa de ser homossexual? :shock: :shock:
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