Exactamente, o chocante é que esses jogos são excepções e não regras. Isso é que é assustador!
E deste um bom exemplo, o do Ico. Um jogo inovador, genial, mas que talvez tenha ficado muito aquém das expectativas financeiras da Sony. Não te esqueças que uma empresa não é feita para agradar aos críticos, mas sim para vender.
Achas que eles vão continuar a apostar em conceitos desses, que depois não recompensam o investimento?
Só para refutar, já está em calha a sequela espiritual de Ico, e parece tão promissor e ground-breaking como o original.
Só para mostrar como as empresas ainda apostam neste tipo de conceitos inovadores (mesmo sem as tasi garantias de retorno..), avonselhava-te a ver alguns jogos que apresentaram na Mega Score do mês passado:
Spore,
F.E.A.R.,
Alan Wake,
Prey,
Okami,
Fahrenheit...
Concordo, a massificação não é má. Má é a monopolização dos videojogos por três ou quatro grandes editoras que funcionam como cartel.
Não existem 3 ou 4 grandes empresas no meu mundo (e certamente não se comportam com nenhum quartel), existem dezenas, cada uma virada para o seu objectivo, e todas em competição.
Mau mau, é ser permitido a empresas como a EA, adquirir indiscriminadamente pequenas e médias empresas. Mas isso é outra questão...
Por acaso, os últimos grandes filmes que vi foram produções europeias e filmes americanos independentes...
Sim, tens razão, há grandes filmes europeus, orientais e grandes filmes americanos independentes. Sou cinéfilo e conheco-os bem!!! Mas Hollywood ainda produz bons filmes (e alguns bem inovadores...), também terei todo o prazer de enumerar alguns que saíram este ano:
Cinderella Man
Sin City
Charlie and the Chocolate Factory
Land of the Dead
Hitchiker's Guide to The Galaxy
Crash
Podes não os apreciar mas são vistos como grandes filmes pela crítica e o público, portanto não, não acho que hollywood só produza maus filmes.
O cenário ainda não é negro. Mas pode bem tornar-se...
E, mesmo desconhecendo a ocupação e os conhecimentos da pessoa que escreveu o texto lá de cima, é isso que o pessoal da Mega Score tem vindo a escrever nos artigos de opinião dos últimos meses.
Sim, sobretudo através do Nuno Calvim a Mega Score tem sido muito crítica em relação ao futuro (se bem que a opinião não me parece muito similar à do artigo...), e com muita razão para o ser. Eu não contesto que há problemas no mundo dos videojogos (não lerás isso na minha opinião), apenas afirmo que a evolução não tem sido tão negra quanto este artigo parece mostrar.
A massificação tem sido em muitos aspectos positiva, basta olharmos para trás e reflectirmos sobre todo o mundo dos jogos há alguns anos (antes do fenómeno Playstation). Não vou deambular nesse aspecto, mas creio que todos concordam que muito de bom saiu dessa época, mas isso não quer dizer que não continue a sair.
Mas como é que promoves, como actuas, se os consumidores cada vez mais compram sem pensar?
A Mega Score e os críticos são uma gota de água no mundo dos videojogos. Enquanto, como diz o texto, houver jogos maus transformados em sucessos de venda (devido ao nome ou ao marketing), não há grande hipótese...
Nem todos os consumidores compram sem pensar, e o que nos vale é que o mercado atingiu um tamanho grande o suficiente para comportar vários tipos de público.
E não me parece que qualquer pedaço de lixo electrónico se transforme em sucesso de vendas independentemente do marketing associado. As revistas e sites da especialidade servem para contrariar essas campanhas de marketing, e se às vezes falham, muitas vezes ditam o sucesso dos jogos.
Tomb Raider é um bom exemplo: uma franchise de sucesso que tentou vender "Angel of Darkness" à custa do nome, e mesmo com muito marketing e propaganda não vingou. Mas segundo a tua perspectiva AoD seria um sucesso de vendas estrondoso. Não foi. Porquê? Era um mau jogo, ponto final. Os gamers que compram muitos jogos são, em geral, uma comunidade mais perspicaz do que dás a entender. Também não digo que sejam todos einsteins, mas sabem reconhecer maus jogos quando os vêem. A sequela de AoD parece estar no bom caminho, e não é isso que se deseja? Que a qualidade se eleve??
Esses "sucessos" de que falas, são sempre de pouca duração: pouca gente chega ao ponto de comprar vários jogos associados a uma má marca. Os verdadeiros sucessos (aqueles que batem os milhões de cópias) saiem, normalmente de boas licenças, e de jogos minimamente bons para o público a que se destinam.
Imagina que és um dono de uma empresa a viver uma situação de crise, como a actual. Tens duas hipóteses: publicar um jogo baseado numa licensa, que só por isso garante uma certa quantidade de unidades vendidas e um retorno do investimento ou publicar um jogo baseado num conceito inovador, vindo de uma produtora quase desconhecida, que não sabes como se vai comportar nas prateleiras. O que escolhes?
A 1a é a regra, permite manter um negócio em bom estado e com bons retornos, no entanto, para crescer num mercado livre e competitivo (como o dos jogos), uma empresa tem de correr riscos e fazer novas apostas. Essa é a única maneira de um negócio ser rentável a longo prazo!! A inovação é a base de qualquer negócio com futuro... Óbvio que há empresas que não pensam assim, mas não lhes auguro grande futuro.
Isto não quer dizer que não ache que podiam inovar mais: podem e devem. Simplesmente a situação ainda não é tão grave para começarmos a cair em demagogias fáceis e atirar bytes contra o sistema.
Enquanto saírem bons jogos com conceitos inovadores (mesmo não sendo a regra) não creio que a indústria estagne. Entretanto estarei contente por poder jogar o meu Killer7 e Resident Evil 4.