Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Os topicos do forum antigo em modo só de leitura.

Moderador: Redacção

AvErY
Novato||Novata
Mensagens: 19
Registado: quarta 31 dez 2003, 13:28
Localização: PORTUGAL

Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por AvErY » sexta 09 set 2005, 21:01

Encontrei um texto engraçado na net, sobre um tema que a malta da redacção da Mega Score costuma escrever (principalmente o NCalvin).
O mais curioso é que o texto está numa página sobre política e não é comum ver assuntos como os jogos abordados por partidos e movimentos políticos.

Os videojogos começaram por ser um passatempo restrito, só para alguns jovens chamados carolas. Eram vistos com desconfiança e associados a um certo sentimento anti-social. Com o tempo, os videojogos foram-se massificando, abarcando gente de ambos os sexos, e as mais diversas idades e extractos sociais. Foi aí que os videojogos começaram a despertar a cobiça dos grandes tubarões do entretenimento. Essas grandes empresas encontraram no mundo dos videojogos um potencial de vendas enorme e começaram rapidamente a investir.

Com a crise económica dos últimos anos, as pequenas empresas e editoras de videojogos foram obrigadas a fechar portas, sendo que algumas delas foram absorvidas pelas grandes empresas. Ocorreu uma espécie de selecção natural, em que sobreviveram apenas as editoras mais endinheiradas, com mais meios e negócios mais diversificados. É aqui que começa o problema da Indústria (já lhe podemos chamar assim) dos videojogos.

Esta concentração de poder em meia dúzia de grandes editoras é prejudicial para o amante de videojogos. É este restrito convénio que decide o que é bom e mau para o consumidor, com base na fiabilidade do investimento. Porque estas grandes editoras não vão financiar projectos inovadores com possibilidades de se tornarem fracassos nas lojas. Preferem antes jogos que garantam, à partida, um certo número de vendas. É por isso que nos últimos anos se tem generalizado a edição de sequelas (muitas vezes manhosas) e jogos com base em licenças de filmes, séries de televisão ou BD’s. São produtos que vendem mais pelo seu nome do que pela sua qualidade (mesmo que por vezes a tenham). Isto a juntar ao agressivo marketing que transforma jogos medíocres em sucessos de vendas, é um perigo, não só para o amante de jogos, como para a Indústria em geral.

O mundo dos videojogos está a tornar-se cada vez mais parecido com Hollywood, de onde ultimamente só vêm filmes com odor a bafio e ideias que já deram tudo o que tinham a dar. Aqui está o resultado do capitalismo selvagem aplicado ao mundo dos videojogos. A criatividade, a originalidade e a inovação relegadas para segundo plano em nome do lucro e do capital. É nisto que se resume a essência do capitalismo.


O que acham?
"Guerreiros lutaremos, lutaremos nesta Guerra! Guerreiros lutaremos, pela derradeira vez! Guerreiros lutaremos, pela nossa Terra! Guerreiros lutaremos sob o estandarte Português!"
Avatar do Utilizador
Prime Operative
Senior
Mensagens: 388
Registado: sábado 11 jun 2005, 12:24
Localização: Fafe
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Prime Operative » sexta 09 set 2005, 23:29

Sou obrigado a concordar... Quando qualquer tipo de entertenimento se massifica, este tipo de problemas tendem a surgir.

Por exemplo, a banda desenhada teve um crash durante os anos noventa exactamente por isso, do qual felizmente já recuperou.

Já agora, um aparte... O PNR não é aquele partido com umas tendências ligeiramente fascistas/extrema direita?

**EDIT: Já não vale a pena responderem, já confirmei as minhas suspeitas... Andava há dias a ver se me lembrava do nome do partido. Tenho admitir que este era dos últimos lugares onde estava à espera que me dissessem... [:p]

**EDIT nº2: Correcção de erro estúpido que foi devidamente assinalado. Aguardo as habituais reguadas nas mãos por parte do responsável.
Última edição por Prime Operative em sábado 10 set 2005, 11:01, editado 1 vez no total.
NCalvin
Redacção
Mensagens: 1126
Registado: quarta 06 nov 2002, 11:44
Localização: Lisboa
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por NCalvin » sábado 10 set 2005, 10:00

evitem a promoção de partidos ou organizações políticas de qualquer espécie neste fórum, especialmente porque aqui se tenta cultivar a tolerância e igualdade entre todos como valores absolutos
AvErY
Novato||Novata
Mensagens: 19
Registado: quarta 31 dez 2003, 13:28
Localização: PORTUGAL

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por AvErY » sábado 10 set 2005, 10:46

Desculpa NCalvin, não queria de qualquer modo promover ou fazer campanha para partidos. Aliás, não tenho qualquer relação com o partido em causa. Só que encontrei este texto e achei que fazia muito sentido. O que gostava mesmo de saber era a opinião dos outros utilizadores (incluindo tu - posso tratar-te assim, não?).
Última edição por AvErY em sábado 10 set 2005, 10:47, editado 1 vez no total.
"Guerreiros lutaremos, lutaremos nesta Guerra! Guerreiros lutaremos, pela derradeira vez! Guerreiros lutaremos, pela nossa Terra! Guerreiros lutaremos sob o estandarte Português!"
NCalvin
Redacção
Mensagens: 1126
Registado: quarta 06 nov 2002, 11:44
Localização: Lisboa
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por NCalvin » sábado 10 set 2005, 11:02

AvErY - 10/9/2005 11:46 AM

Desculpa NCalvin, não queria de qualquer modo promover ou fazer campanha para partidos. Aliás, não tenho qualquer relação com o partido em causa. Só que encontrei este texto e achei que fazia muito sentido. O que gostava mesmo de saber era a opinião dos outros utilizadores (incluindo tu - posso tratar-te assim, não?).
podes tratar por tu sim senhor :-)
Em relação ao artigo, é melhor deixar os outros utilizadores pronunciarem-se primeiro :-)
Avatar do Utilizador
Drax
Beginner
Mensagens: 36
Registado: segunda 04 ago 2003, 16:01
Localização: Portugal

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Drax » sábado 10 set 2005, 12:46

Pois, geralmente quando as coisas movimentam tanto dinheiro como a industria dos videojogos movimenta actualmente ocorre a tendencia para a massificação.
Mas eu acho que não chegaresmos ao extremo que é holywood.
Felizmente nos videojogos temos a comunidade de Mod, que sempre acaba por criar lufadas de ar fresco nesta saturada industria. Vejam o caso do CS.
Seja como for está nas nossas mãos. Não cair na esparrela daquelas monstruosas campanhas de marketing, como a que a PSP tá a fazer agora em Portugal. Eu não sei se a consola é boa, mas sei que antes de comprar qualquer coisa verifico e pondero todas as outras opções. Infelizmente muita gente não é assim.
Never underestimate the ability of natural forces to adapt to unnatural influences
AvErY
Novato||Novata
Mensagens: 19
Registado: quarta 31 dez 2003, 13:28
Localização: PORTUGAL

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por AvErY » sábado 10 set 2005, 20:33

Drax - 10/9/2005 1:46 PM

Pois, geralmente quando as coisas movimentam tanto dinheiro como a industria dos videojogos movimenta actualmente ocorre a tendencia para a massificação.
Mas eu acho que não chegaresmos ao extremo que é holywood.
Felizmente nos videojogos temos a comunidade de Mod, que sempre acaba por criar lufadas de ar fresco nesta saturada industria. Vejam o caso do CS (...)
Mas é bom não esquecer que a comunidade Mod é quase exclusiva dos PC's. E como diz o NCalvin no excelente editorial (para não variar) deste mês (que só hoje tive oportunidade de ler), os PC's estão a perder terreno para as consolas. E depois, como será?

Com kits de produção a preços sobre-humanos, não é qualquer geek independente que vai programar para consolas...
Última edição por AvErY em sábado 10 set 2005, 20:37, editado 1 vez no total.
"Guerreiros lutaremos, lutaremos nesta Guerra! Guerreiros lutaremos, pela derradeira vez! Guerreiros lutaremos, pela nossa Terra! Guerreiros lutaremos sob o estandarte Português!"
Avatar do Utilizador
Maedhros
Veteran
Mensagens: 783
Registado: quinta 20 jan 2005, 18:07
Localização: Coimbra

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Maedhros » domingo 11 set 2005, 21:27

Se o texto que mostras faz sentido e revela alguma verdade, foi escrito por alguém, que na minha modesta opinião, não reflectiu o suficiente sobre a questão que aborda.
Eis alguns pontos que me parece importante referir:

i. Sim, as produtoras de videojogos estão cada vez mais centralizadas em grandes editoras cujos objectivos são o lucro mais "fácil" possível. No entanto, não creio que isso seja impeditivo de jogos originais e revolucionários saírem com relativa frequência em todas as plataformas.
Basta pensar nos ultimos tempos, e em alguns jogos que têm saído de empresas de média e grande dimensão:
(e só para citar os exemplos que me parecem mais gritantes)

Capcom (Killer 7, Resident Evil 4),
Namco (XenoSaga),
Nintendo (Pikmin, Eternal Darkness e todo o conceito Nintendo DS),
Blizzard (World of Warcraft),
Sony (God of War, Ico),
Microsoft (Halo 2),
Take Two (GTA),
Konami (Metal Gear Solid, Pro Evolution Soccer),
..........

É claro que se poderá argumentar que são poucos exemplos, ou que não são a regra geral (que não são). Mas são a prova que a indústria ainda é capaz de produzir grandes jogos com conceitos inovadores, espírito criativo e, em geral com sucesso na crítica e vendas.

ii. Sim, as sequelas são um mau síntoma, não porque existem, mas porque não são tratadas com jogos novos no verdadeiro sentido da questão. Se olharem com atenção para a minha lista encontram jogos que são ou já têm sequelas, não lhes tirando assim qualquer mérito. Uma sequela pode ser um grande jogo, inovador e ao mesmo tempo sucesso de vendas (Half Life 2 anyone???).
Não me parece que o capitalismo e a massificação sejam a única causa da criação de más sequelas. Que eu me lembre já no tempo da SNES e MD havia sequelas repetitivas (Sonics, Super-Marios, Final Fantasies que não adicionavam nada às franchises) e não me lembro de na altura haver qualquer massificação do mercado videojogável.
A sequela é um fenómeno associado ao desejo intrínseco de revisitar locais, personagens, ambientes e narrativas conhecidas e amadas. Como tal deve existir e deve ser acarinhado, desde que essa mesma memória evolua, graças a novos estímulos e novos motivos para voltar para a próxima sequela.

iii.A massificação dos videojogos não é má, desde que ela seja acompanhada por uma evolução na cultura videojogável, que, pelo menos até agora tem contecido.
Os chamados hard-core gamers têm sido preponderantes nesta questão, fazendo vingar modelos de jogo à partida pouco user-friendly, que mais tarde se tornam sucessos criativos e de vendas.
Os MMORPG's são um bom exemplo: conceito fantástico, mas que para chegar ao patamar de jogos com a excelência de WoW e GW, tiveram que ter fãs inabaláveis. Fãs estes que encontraram uma nova forma de jogar jogos, mesmo que estes tenham tido algumas falhas técnicas e de design. Com o evoluir da necessidade de maior qualidade, foram-se aperfeiçoando os conceitos e aumentando o número de jogadores até chegar ao sucesso que a palavra MMORPG implica.
A massificação e proliferação deste género (pelo menos até agora) foi positiva, porque foi acompanhada por uma classe videojogável crítica e exigente que a fez evoluir no sentido certo. Enquanto a cultura videojogável evoluir ao mesmo passo que as vendas, creio que teremos sempre um nicho onde a criatividade terá reflexo.

iv.Hollywood não está de facto na sua época mais aúrea, mas não é por isso que deixa de criar alguns belos filmes (exemplos não faltam).
Para além disso, Hollywood não é a única fonte mundial de cinema!!! Da mesma maneira que a EA não é a única produtora de videojogos!!!

v. Com isto tudo, quis apenas mostrar que o cenário não é tão negro quanto isso, e que os jogos são uma forma de arte e entretenimento com futuro.
Mais medo me causam os elevados custos de criação de jogos para a próxima geração de plataformas (que excluirá muitas empresas), que a massificação do mundo videojogável em si.

A CRIATIVIDADE NÃO MORREU. Está aí para quem a quiser. E também não me parece que esteja a desaparecer...
Deveria haver mais?? Sim!!! Mas para haver mais não é preciso dizer que a culpa é do sistema, mas sim lutar para que ele evolua no sentido certo, promovendo a varidedade, a competividade, e sempre a reinvenção de conceitos. Algo que no fundo, acaba por ser a matriz de um capitalismo saudável e bem regulado por um público e sociedade crítica e culta. Que o seja cada vez mais...
Avatar do Utilizador
mrBlonde
Junior
Mensagens: 65
Registado: segunda 06 jan 2003, 10:43
Localização: Naçon do Norte
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por mrBlonde » segunda 12 set 2005, 10:12

Os jogos feitos hoje são complexos demais.
Vejam o san andreas por exemplo o mapa é tão grande que a maior parte dos esforços devem ter sido investidos aí mesmo.

Os projectos inovadores têm de ser menos complexos e mais baratos, resultando em gráficos menos vistosos quando esse é o factor de venda e estão em competição com os "blockbusters".
O tempo para inovar acabou... a não ser talvez nos mods, que vão permaneçer sempre no computador.

E prestem muita atenção ao que está a acontecer nos EUA, relativamante ás campanhas politicas (da futura candidata á presidência) e as suas posições quanto aos jogos.
Faz-me lembrar muito daquilo que li sobre o que causou a criação da Comics Code Authority, que foi uma instituição de censura auto inflingida pelas editoras de comics, que durou até aos anos 90 quando começou a ser abandonada por estrangular a criatividade nos comics (como já foi referido).
Última edição por mrBlonde em segunda 12 set 2005, 10:16, editado 1 vez no total.
"I felt like putting a bullet between the eyes of every Panda that wouldn't screw to save it's species"
Jack (Edward Norton) in Fight Club
Avatar do Utilizador
Prime Operative
Senior
Mensagens: 388
Registado: sábado 11 jun 2005, 12:24
Localização: Fafe
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Prime Operative » segunda 12 set 2005, 13:04

A boa e velha Comics Code Authority (notem o sarcasmo)...

Lembrei-me agora de um episódio muito engraçado.

Segundo a CCA, não podiam queimar pessoas vivas na BD. Então, um personagem (O Espectro) transformou um assassino numa vela e acendeu-a, deixando-o queimar lentamente enquanto o homem berrava de dor.

Acho que esta ideia para dar a volta às regras colocadas pelo CCA é bem mais macabra do que simplesmente pegar fogo a alguém.

Avatar do Utilizador
Maedhros
Veteran
Mensagens: 783
Registado: quinta 20 jan 2005, 18:07
Localização: Coimbra

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Maedhros » segunda 12 set 2005, 13:41

Os jogos feitos hoje são complexos demais.
Vejam o san andreas por exemplo o mapa é tão grande que a maior parte dos esforços devem ter sido investidos aí mesmo.
Mas porquê dizer que isso é mau??? Acho que a complexidade é positiva e acaba por ser um reforço na confiança perante um público adulto. Se não forem complexos, os jogos não passarão de passatempos supérfluos e um tanto ou quanto estupidificantes.

E dizer que o mapa do GTA foi o único esforço no jogo é uma afirmação sem sentido. Num jogo com um equilíbrio tão bom entre argumento, jogabilidade, variedade de missões, etc, ect, etc, parece-me óbvio que houve muito esforço em vários campos. Para além disso, esse tal de "mapa enorme" serve para criar uma sensação de imersão do jogador num universo que parece vivo e palpitante, resultando num experiência rica e que a mim, me deixou horas a deambular pelos cenários com o maior dos prazeres.
Os projectos inovadores têm de ser menos complexos e mais baratos, resultando em gráficos menos vistosos quando esse é o factor de venda e estão em competição com os "blockbusters".
Dizer que os projectos inovadores têm se ser mais baratos é compreensível, mas não me parece que "tenham" de o ser. Se forem é sinal que se pode fazer muito de pouco, se não forem melhor!!! Quer dizer que as empresas ainda arriscam capital em desenvolvimento de conceitos inovadores!!
O tempo para inovar acabou... a não ser talvez nos mods, que vão permaneçer sempre no computador.
Os Mods permitem inovação, apenas na medida em que dão oportunidade a pequenas equipas de mostrar o seu talento. Não são, no entanto, a solução, visto que
muitos poucos jogadores têm acesso a mods (que ainda por cima apenas existem para os Pc's). E a falta de visibilidade provoca a falta de expansão e evolução dos novos conceitos, levando-os a desaparecer.

A solução passa mais pelo investimento das grandes empresas no chamado R&D (research and development), que é muito comum no mercado japonês, parecendo passar um pouco ao lado no ocidente. Se as produtoras de jogos investirem mais dinheiro em projectos arrojados, estão a fazer avançar a indústria. Mas para que isso funcione, é preciso apoio da classe jornalística (ao divulgar estes projectos) e dos gamers, ao aderirem a conceitos novos.
Se achas mesmo que o tempo para inovar acabou, então estamos mesmo mal....
E prestem muita atenção ao que está a acontecer nos EUA, relativamante ás campanhas politicas (da futura candidata á presidência) e as suas posições quanto aos jogos.
Faz-me lembrar muito daquilo que li sobre o que causou a criação da Comics Code Authority, que foi uma instituição de censura auto inflingida pelas editoras de comics, que durou até aos anos 90 quando começou a ser abandonada por estrangular a criatividade nos comics (como já foi referido).
Esperemos que não chegue a esse termo, e se chegar, demos graças ao facto de vivermos na Europa e do mercado videojogável não ser só americano...
Mas acho que nunca chegará a esse ponto, pois ao contrário das comics americanas, os videojogos são um mercado que move muitos milhões e está em expansão (tal como o cinema quando aconteceram manifestações idênticas...), e como tal, nem a senhora Hillary Clinton terá poder para ir tão longe a "matar" uma forma de arte e entretenimento tão poderosa como os jogos. Irá certamente tentar, mas nós cá estaremos para que os seus esforços sejam em vão...
"Olive: Grandpa, am I pretty?
Grandpa: You are the most beautiful girl in the world.
Olive: You're just saying that.
Grandpa: No! I'm madly in love with you and it's not because of your brains or your personality. " in Little Miss Sunshine

A ver: "Little Miss Sunshine" de Jonathan Dayton e Valerie Faris
A jogar: "Xenosaga Episode III - Also Sprach Zarathustra", "Dead Rising"
A ler: "Death is a Lonely Business" de Ray Bradbury
A ouvir: Dream Theater - Score
AvErY
Novato||Novata
Mensagens: 19
Registado: quarta 31 dez 2003, 13:28
Localização: PORTUGAL

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por AvErY » segunda 12 set 2005, 13:59

Maedhros - 11/9/2005 10:27 PM

Se o texto que mostras faz sentido e revela alguma verdade, foi escrito por alguém, que na minha modesta opinião, não reflectiu o suficiente sobre a questão que aborda.
Eis alguns pontos que me parece importante referir:

i. Sim, as produtoras de videojogos estão cada vez mais centralizadas em grandes editoras cujos objectivos são o lucro mais "fácil" possível. No entanto, não creio que isso seja impeditivo de jogos originais e revolucionários saírem com relativa frequência em todas as plataformas.
Basta pensar nos ultimos tempos, e em alguns jogos que têm saído de empresas de média e grande dimensão:
(e só para citar os exemplos que me parecem mais gritantes)

Capcom (Killer 7, Resident Evil 4),
Namco (XenoSaga),
Nintendo (Pikmin, Eternal Darkness e todo o conceito Nintendo DS),
Blizzard (World of Warcraft),
Sony (God of War, Ico),
Microsoft (Halo 2),
Take Two (GTA),
Konami (Metal Gear Solid, Pro Evolution Soccer),
..........

É claro que se poderá argumentar que são poucos exemplos, ou que não são a regra geral (que não são). Mas são a prova que a indústria ainda é capaz de produzir grandes jogos com conceitos inovadores, espírito criativo e, em geral com sucesso na crítica e vendas.
Exactamente, o chocante é que esses jogos são excepções e não regras. Isso é que é assustador!
E deste um bom exemplo, o do Ico. Um jogo inovador, genial, mas que talvez tenha ficado muito aquém das expectativas financeiras da Sony. Não te esqueças que uma empresa não é feita para agradar aos críticos, mas sim para vender.
Achas que eles vão continuar a apostar em conceitos desses, que depois não recompensam o investimento?

iii.A massificação dos videojogos não é má, desde que ela seja acompanhada por uma evolução na cultura videojogável, que, pelo menos até agora tem contecido.
Os chamados hard-core gamers têm sido preponderantes nesta questão, fazendo vingar modelos de jogo à partida pouco user-friendly, que mais tarde se tornam sucessos criativos e de vendas.
Concordo, a massificação não é má. Má é a monopolização dos videojogos por três ou quatro grandes editoras que funcionam como cartel.

iv.Hollywood não está de facto na sua época mais aúrea, mas não é por isso que deixa de criar alguns belos filmes (exemplos não faltam).
Para além disso, Hollywood não é a única fonte mundial de cinema!!! Da mesma maneira que a EA não é a única produtora de videojogos!!!
Por acaso, os últimos grandes filmes que vi foram produções europeias e filmes americanos independentes...

v. Com isto tudo, quis apenas mostrar que o cenário não é tão negro quanto isso, e que os jogos são uma forma de arte e entretenimento com futuro.
Mais medo me causam os elevados custos de criação de jogos para a próxima geração de plataformas (que excluirá muitas empresas), que a massificação do mundo videojogável em si.
O cenário ainda não é negro. Mas pode bem tornar-se...
E, mesmo desconhecendo a ocupação e os conhecimentos da pessoa que escreveu o texto lá de cima, é isso que o pessoal da Mega Score tem vindo a escrever nos artigos de opinião dos últimos meses.

A CRIATIVIDADE NÃO MORREU. Está aí para quem a quiser. E também não me parece que esteja a desaparecer...
Deveria haver mais?? Sim!!! Mas para haver mais não é preciso dizer que a culpa é do sistema, mas sim lutar para que ele evolua no sentido certo, promovendo a varidedade, a competividade, e sempre a reinvenção de conceitos. Algo que no fundo, acaba por ser a matriz de um capitalismo saudável e bem regulado por um público e sociedade crítica e culta. Que o seja cada vez mais...
Mas como é que promoves, como actuas, se os consumidores cada vez mais compram sem pensar?
A Mega Score e os críticos são uma gota de água no mundo dos videojogos. Enquanto, como diz o texto, houver jogos maus transformados em sucessos de venda (devido ao nome ou ao marketing), não há grande hipótese...
Imagina que és um dono de uma empresa a viver uma situação de crise, como a actual. Tens duas hipóteses: publicar um jogo baseado numa licensa, que só por isso garante uma certa quantidade de unidades vendidas e um retorno do investimento ou publicar um jogo baseado num conceito inovador, vindo de uma produtora quase desconhecida, que não sabes como se vai comportar nas prateleiras. O que escolhes?
"Guerreiros lutaremos, lutaremos nesta Guerra! Guerreiros lutaremos, pela derradeira vez! Guerreiros lutaremos, pela nossa Terra! Guerreiros lutaremos sob o estandarte Português!"
Avatar do Utilizador
Simple
Veteran
Mensagens: 605
Registado: terça 20 jan 2004, 15:26
Localização: A passar por um router qq lagado
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Simple » segunda 12 set 2005, 14:04

Drax - 10/9/2005 1:46 PM

Pois, geralmente quando as coisas movimentam tanto dinheiro como a industria dos videojogos movimenta actualmente ocorre a tendencia para a massificação.
Mas eu acho que não chegaresmos ao extremo que é holywood.
Felizmente nos videojogos temos a comunidade de Mod, que sempre acaba por criar lufadas de ar fresco nesta saturada industria. Vejam o caso do CS.
Seja como for está nas nossas mãos. Não cair na esparrela daquelas monstruosas campanhas de marketing, como a que a PSP tá a fazer agora em Portugal. Eu não sei se a consola é boa, mas sei que antes de comprar qualquer coisa verifico e pondero todas as outras opções. Infelizmente muita gente não é assim.
Começando pela PSP, é uma campanha bastante bem feita mesmo! Senão vejamos..Foi comprada a custo ou não por montes de pais e filhos,adoptados e pessoas que não sabem quem são os verdadeiros pais,etc.. que se queixam todos os dias na TVi de que não há dinheiro para material escolar, especialmente neste sitio a Beira mar plantado. No entanto desde o dia "D" todo e qualquer filme com a chancela da Sony está nas pubs como em dvd e para PSP levando uma matracada de mais 20 secs de uma gaja a pegar num ramo de flores e 200 gajos vestidos para um casamento aparecidos do nada(penso que seja um respawn do sims 2 pois só aí num jogo ou num provavel spawn aparece um gajo vestido de noivo..comprando a devida expansão "Casamentos,divorcios despedidas de solteiros e afins"claro eheh..)
Já temos gajos a querer comrpar a PSP para ir para o trabalho jogar durante as 4 horas que a bateria aguenta(por contactos que tenho prossuponho que seja no estado, nos multiplos empregos de pessoas que tenho conhecimento as quais ja´estão fartas de jogar em rede age of empires ou outro jogo qq desse estilo, pois lá não gostam mt de fps..) deduso alias que seja mais para quando o computador está marado ou não acede a rede que precisarão da PSP.

Faz-me no entanto confusão e pensando em números o quanto estará a Sony a investir e falo somente no nosso Portugal em publicidade, a que público estarão a tentar chegar, e depois de pensar com os meus botões(que até são bem calados, tornando-se isto num monólogo pensado) chego a conclusão(errada provavelmente) de que estarão pelo preço praticado a tentar roubar mercado aos telemoveis(é só uma especulação e ainda por cima aprovada pelos meus botões..não levem a sério..) e porquê? porque se centra no mesmo preço dos ditos topos de gama em que se promete jogos brutais de 48k..máquinas fotograficas tipo canon os300d.. e com a vantagem de poder mandar as fotos cheias de grão tiradas sem flash num poço escuro para o PC ou imprimidas directamente..
Neste sentido a PSP é logicamente uma melhor opção, mesmo não dando para telefonar, o que aqui é irrelevante pois 80% dos telemoveis que aí andam funcionam como máquinas de fotografar ou pseudo consola de jogos, com pacote de carregamento obrigatorio, no qual telefonar é mesmo o menos importante, desde que a camara de telemovel já faça 1 mp e zoom merd*so de 500x digital de 1 pixel..em que aquele quadrado é a paisagem vista lá do monte ao pé de casa..
Aqui a PSP ganha aos pontos mesmo tendo jogos de PC/ps2,whatever.. "reduzidos" a nível de níveis,etc..e com o mesmo nome, dependendo do preço claro..
Tenho a apreciar também o facto de se venderem os filmes para PSP! o que é engraçado...para quem comprou hoje a PSP e dá quase o mesmo dinheiro por um filme que em DVD normal daria para ver em caselas numa televisão cerca d 60 vezes maior..aqui o factor novidade e facciosismo é preponderante..pois o artefacto que compramos que não dará para telefonar,vai obrigar a comprar uma sacola maior para poder carregar junto com a carteira e os 3 telemoveis, fora os umd's? com os filmes que iremos ver vezes sem conta ou não.., com legendas minusculas, e não esquecendo os óculos graduados, sim aqueles que nunca precisámos mas que dentro de uns mesitos vamos precisar tendo em conta o tamanho das legendas que sairá de uma PSP, ja´agora o aparelho auditivo, pois com modo de som normal gasta mais pilha e iremos lixar tb os ouvidos com tanto uso de headphones..Não esquecer tambám as caroladas em muito sinal no meio do passeio ´so porque estava naquela parte excelente do filme, ou então quando estamos a dar cabo do boss de um dado jogo(jkg)

Há tanto por dizer IMHO que para mim a PSP não é nada mais do que comprar um nokia tal e qual o anterior, mas com uma camera com efeitos malucos que não servem para nada, enquanto o nokia anterior era só um telemovel com camera que não servia para nada mas sem efeitos malucos.. if you know what I mean..

ISto e´sem duvida um produto para as massas..

EM relação as editoras, a minha opinião é de que os franchises são ou não bem vindos, quando bem explorados, temos varios que neste momento ja´chateiam, e outros que pelo menos oferecem um produto que vale a pena comprar,dependendo do gosto claro ou até pelo "que se adora o jogo "e se vai cegamente atrás da sequela só por ser mesmo isso..., uma sequela"
Alguns jgoos como o fifa ou CM ou PES prometem novas fintas, arbitros que não tenham entrado no escandalo do apito dourado ou até os nomes verdadeiros dos jogadores na camisola, caso o comprador tenha uma placa que aguente..senão aquilo aparece tudo desfocado nas costas do jogador, restando o factor psicológico de que os nomes verdadeiros estão lá e as 4 fintas a mais valeram os € gastos.
Embora esteja a brincar um pouco com isto, é dificil IMHo dar um opinião em que não se caia no erro de dizer mal de uma coisa que se compra e se seja um mal dizente, cada jogo é um jogo e há jogos que justificam o factor sequela sem inovarem em quase nada senão pela história ou estória(nunca sei qual é..) outros auto intitulam-se de sequela mas não passam de um motor novo de jogo com melhores gráficos e com mais 2 ou 3 inimigos ou feitos a nivel de fisica e se pagam. No fundo penso que como isto anda sem ambos nao vai lá, o pessoal quer mais realidade mas queixa-se que já não chega ao fim dos jogos porque não lhes deu pica como quando apareceu o primeiro jogo da série que já era um marco graficamente.
Penso que na altura o salto terá sido maior pois deram-se os primeiros passos importantes a nível de IA ou grafismo que realmente fizeram confusão a carola do jogador.
Hoje em dia vão saindo sequelas autênticas com motores novos, que não passam de um jogo que realmente segue o anterior e que fora o motor têm uns poucos tweaks que são demasiado inflaccionados por vezes dando a sensação de um novo jogo, e que ao fim ou mesmo a meio do jogo já não ligamos puto.
È como o Hl2 com a sua arma de gravidade e mais tarde o doom3 com a ideia idêntica numa arma também..que para além de servirem para desviar meia duzia de objectos, serviram só como últmo recurso caso não haja balas, pois a malta gosta de ouvir o barulho das armas, etc..(eu então..não usei praticamente nenhuma..mas posso ser eu)..
No entanto foi imensa a publicidade que se fez a um ragdoll,etc... que o ppl no calor da batalha nem liga, pois quer é fugir/matar/safar-se..funciona também ao contrário no sentido em que tudo junto dá o ambiente "mais real" ou em certos momentos em que nos dá para apreciar o grafismo ou qualidades enunciadas do jogo nos damos ao trabalho de ver se é mesmo o que dizem, mas no fundo no fundo acho que deviam deixar de apregoar tanto coisas que não seriam capazes de realizar..ou seja, é como dizer que a arma xpto com muito mais trabalho e calma faz isto, e aquilo, mas que com uma metralhadora no jogo vamos lá, é como quererem através do grafismo e barulhos captados a partir de armas reais aproximar-nos da realidade e depois criarem uma arma com feitos de uma escala brutal que teria qeu ter o tamanho de um prédio mesmo daqui a 2 séculos(tal e qual a série espaço 1999..em que se pressopunha que já deambulariamos pelo espaço que nem Reis e Senhores...em 1968..) mas que afasta o jogo no sentido contrário..é só podermos carregar X balas de cada arma mas no entanto sermos senhores de uma arma "dona do mundo" que mesmo assim não serve de nada sem as outras..
Muito complicado de explicar o que quero dizer e já estou a ir para além do comment..

Teremos sempre uma ou outra criadora de jogos bons, mas que demorará a trazer os jogos ao grande publico, tudo porque ganharam o seu mérito a trazer produtos inovadores, sempre diferentes portanto, e que nunca poderão defraudar, e teremos as mega editoras que terão algumas muitas equipes de programadores a fazer produtos idênticos para aproveitar o filão.
Resume-se penso eu a este problema.
Teremos então jogos seguidos por "hardcore gamers" nomeadamente os que gostam mais dos jogos de x editora(e não pretendo aqui dizer o que são hardcore gamers, mas um só factor que distingue alguns deles, nomeadamente os que compram um jogo e o exploram ao máximo especialmente em MP) e os outros jogos que também se jogam e até podem ser mais vendidos como caminho facilitado e a espera já de 3 sequelas planeadas.
Xiça.., mt dificl de explicar..

moff for now..dps continuo já me perdi.

[;)]
Última edição por Simple em segunda 12 set 2005, 14:49, editado 1 vez no total.
Avatar do Utilizador
Simple
Veteran
Mensagens: 605
Registado: terça 20 jan 2004, 15:26
Localização: A passar por um router qq lagado
Contacto:

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Simple » segunda 12 set 2005, 14:12

mrBlonde - 12/9/2005 11:12 AM

Os jogos feitos hoje são complexos demais.
Vejam o san andreas por exemplo o mapa é tão grande que a maior parte dos esforços devem ter sido investidos aí mesmo.

Os projectos inovadores têm de ser menos complexos e mais baratos, resultando em gráficos menos vistosos quando esse é o factor de venda e estão em competição com os "blockbusters".
O tempo para inovar acabou... a não ser talvez nos mods, que vão permaneçer sempre no computador.

E prestem muita atenção ao que está a acontecer nos EUA, relativamante ás campanhas politicas (da futura candidata á presidência) e as suas posições quanto aos jogos.
Faz-me lembrar muito daquilo que li sobre o que causou a criação da Comics Code Authority, que foi uma instituição de censura auto inflingida pelas editoras de comics, que durou até aos anos 90 quando começou a ser abandonada por estrangular a criatividade nos comics (como já foi referido).
EM relação aos jogos serem complexos demais, tb concordo em certos aspectos especialmente no facto em que as pessoas querem fazer ou exigem que se faça certas coisas nos jogos..que quase são a vida real...então e agora acho qeu tive uma boa ideia..e se fossem viver a vida real? hum hum? era giro não? Certos jogos no meu modo de ver as coisas...tiram as pessoas da sua vida..para jogar outra vida...só que mais limitada..em que tÊm que ensinar um boneco a ir a casa de banho...e enquanto o ensinam...o bébé da vida real está todo borrado..a espera que se mude a fralda..maa ele pode esperar...dps mete-se um produto qq para não fazer mal...ou pó talco..depois de irem mudar a dita fralda com uma mascara de gás..

A busca de certos parametros nos jogos vai cair no ridiculo...e parecem já ser exigências de quem já quer viver mas não deixam de ser uma novidade..para quem acha estúpido matar bonecos ou destruir carros...
POis deve ser um espectaculo..cozinhar um bolo de pixeis, ou comprar uma cama azul de 1000€em vez de uma amarela de 100€, o que interessa é que hajam opções...ou que nos dêm a entender que há..
Avatar do Utilizador
Cyrax
Master
Mensagens: 5396
Registado: terça 23 mar 2004, 17:30
Localização: Between Heaven and Hell

RE: Uma reflexão sobre o caminho da Indústria dos videojogos

Mensagem por Cyrax » segunda 12 set 2005, 15:06

Citando o post do simple...
Concordo com o penultimo paragrafo, as pequenas inovações são algo que fica bem no papel mas um jogador praticamente ignora essa novidade! A tecnica ragdoll não é assim tão má, não era necessario uma fisica ultra realista mas sim algo que não torne as mortes repetitivas, tal como acontece no video do frame city killer (ainda espero que estivesse numa versão beta)! Os sons da arma não é necessario algo realista mas sim algo que mostre o poder da arma, ou então o semi-silencio para estilo (silenciador)!
Imagem
Imagem
Xbox Live Clan: 4Insignia
Bloqueado