Hunter, tens que entender que, por assim dizer, "Final Fantasies há muitos" e "Fallout só há um". Não é bem assim... Deixa-me tentar explicar:Hunter Escreveu:A questao nao de ser fan-boy, a questao é que aquilo que me acusas ( ter jogado pouco Fallout para perceber a qualidade deste), é o mesmo que eu te acuso em relaçao à saga Final Fantasy ( o Tactics que jogaste é um caso aparte na saga)...
- O conceito de Final Fantasy é um conceito muito conhecido, banal até. É um conceito bastante simples, presente em praticamente todos os RPG's de estratégia, e também nos RPG's de acção. O que se distingue me Final Fantasy, e tu sabes isso melhor que eu, com certeza, é a qualidade geral da história, e provavelmente também a qualidade do gameplay e dos combates e evoluções das personagens em termos numéricos (id est, stats, vida, skills, essas coisas todas). É um conceito que é fácil de entender, e, para além do mais, há muitos jogos com o mesmo conceito, ou conceito semelhante. Estou errado ou estou certo? A única coisa que difere desses jogos em Final Fantasy, é a qualidade da história, e é precisamente por isso que Final Fantasy é famoso.
- O conceito de Fallout é muito diferente do de Final Fantasy. É um conceito muito mais complexo, que requer conhecimentos para ser criticado (quer para o bem, quer para o mal). Enquanto o conceito, as qualidades, os fortes de Final Fantasy não andam muito longe dos fortes do cinema... é verdade: Final Fantasy é uma história boa, linear e envolvente. Fallout tem um conceito MUITO mais desenvolvido, muito diferente dos conceitos de qualquer outro media. Fallout é um dos epílogos da palavra "jogo". É a interactividade (jogos = interactividade, como é LÓGICO) levada a um nível muito à frente do que vemos nos jogos de acção, nos jogos de aventura, e nos RPG's orientias (dois quais já joguei alguns).
Foi por isso que te perguntei por um RPG, um jogo apenas que desse mais liberdade que Fallout. E tu, desgraçadamente (desculpa Hunter, é mesmo assim), dizes-me KotOR? Por amor de deus. E para que não me acuses de fanboyismo ou parcialidade, vou decompor os conceitos e EXPLICAR-TE o óbvio, o porquê de fallout dar mais liberdade que KotOR.
- Em KotOR o combate é muito limitador. Basicamente limitas-te a dizer quais os inimigos que queres matar primeiro, depois o jogo joga-se por si. Em Fallout, apesar do sistema de combat estar longe de ser perfeito, tu, não só controlas TODAS E CADA acção do teu personagem, como podes dizer a que parte do corpo queres apontar, e o jogo comporta-se conforme isso.
- Em Fallout o universo é praticamente todo interactivo. Não só tens uma descrição para todos os objectos e coisas do mundo do jogo (TUDO, e essa descrição existe por uma questão de design, não é por ser melhor ou pior), como podes interagir com muitas dessas coisas. Plantar uma bomba numa porta, dar-lhe com um pé de cabra, uma caçadeirada, podes usar objectos em objectos e criaturas (por uma corda num poço para o descer, ou dar uma seringada de veneno numa vaca), podes até accionar uma bomba e colocá-la disfarçadamente no bolso de um personagem, ir embora, como quem não quer a coisa, e ver o gajo a impludir "surpreendentemente". Onde é que vês isto em KotOR?
- O processo de criação de personagem é MUITO mais complexo e profundo em Fallout que em KotOR. Basta ter MAIS skills, que servem para MAIS coisas (para o discurso, nos diálogos, para arranjar aparelhos, para sobreviveres no deserto, e coisas assim).
- O processo de desenvolvimento da personagem em KotOR é muito mais simplista e limitador. Basicamente tens a luz e a escuridão. Onde está a ambiguidade moral? É uma luta entre o bem, o mal e o intermédio... Muito irrealista, muito oco, muito superficial e mau. Em Fallout tens um processo bem conhecido e que funciona muito bem: reputação geral (por pontos, positivos e negativos) e reputação local (para cada cidade a que vais, por rankings). Depois tens também estatutos especiais, como o childkiller, por exemplo, quando matas crianças. Depois arriscaste a ninguém sequer falar para ti, desde que tenha ouvido a notícia.
- O mundo de KotOR é muito linear. Claro que podes escolher para que planeta ir primeiro, um pouco ao estilo de Fallout, onde escolhes para que cidade ir primeior, mas o é interessante é como, em KotOR, não podes matar o boss final logo de gaz, mal sais do primeiro planeta, em Fallout podes (só precisas é de saber onde ele está). Além disso, a história principal de KotOR é ultra-hyper-super linear. Não podes impedir que a Bastilla se "suicide", por exemplo (não é um spoiler). Nem a podes matar sequer!!! Em Fallout essa questão nem se põe. Podes fazer TUDO o que quiseres, sem nunca comprometer o desenrolar natural do jogo. Isto porquê? Porque tu é que defines para onde o jogo vai.
- Não vou discutir sobre a variedade de maneiras como podes fazer as sidequests, porque não me lembro bem como era em KotOR, mas tenho a ideia que era ela por ela, nesse aspecto, embora, ao contrário de em Fallout, não houvessem grandes consequências conforme o que fizesses...
- Quantos finais tem KotOR? 3? 2? Ora bem, Fallout deve ter ums 40 ou mais. Isto porquê? Porque o final do jogo é contado de uma maneira muito boa e inovadora: por partes. Se o tivesses jogado sabias do que fala, assim vais ter que acreditar em mim: o tipo de final de Fallout é o melhor para RPG's em que se privilegia o role-play.
Percebes agora porque é que KotOR não dá tanta liberdade como fallout? Vá, agora que percebes (espero, a não ser que saibas mais alguma coisa que eu sobre os dois jogos, claro está), diz-me um RPG que dê mais liberdade que Fallout, para me provares que Fallout não é o estado de arte no seu género. E não penses que eu não quero que tu encontres um. Eu QUERO que é para eu jogar.
E, já agora, como tu disseste, se não sabes distinguir conceitos fundamentais de role-play/jogos/teatro/cinema como plot, setting e storytelling, como é que queres ter argumentos para dizer que Final Fantasy é t3h bestest RPG?