PSlave Escreveu:As perguntas que eu faço, no meio de todas estas opiniões são: porquê ter personagens fotorealistas se não conseguem fazer-me acreditar, pelo seu comportamento, que estão, de facto, vivas? Porquê ter ambientes fotorealistas quando não contribuem em nada para a história? Porquê ter gráficos de última geração se basta andar em frente e disparar em tudo o que se mexa, sejam modelos de alta definição ou 1 cubo?
Não me interpretem mal, eu gosto de ver gráficos espetaculares (fotorealistas ou não), efeitos de cortar a respiração e de tudo o que a evolução tecnológica permite ver hoje em dia nos videojogos!
Mas prefiro muito mais jogos com uma grande história que me prenda ao écran (como um bom filme o faz), uma excelente jogabilidade e gráficos medianos!
Não é por acaso que os grandes clássicos - aqueles que sempre serão recordados - foram lançados há cada vez mais anos (existem excepções, claro)! Hoje em dia fala-se do jogo do ano durante 6 meses e depois acabou, ninguém mais se lembra dele! Mas se vos falar em 3 ou 4 nomes de jogos que foram lançados há 20 anos, se calhar todos se lembram...
Mas isto sou eu, que ainda jogo back 2 skool no meu emulador de spectrum!
Penso que, ficar deslumbrado com Gears of War ou, por exemplo, Doom 3, é como ficar deslumbrado com uma "Baywatch girl", tudo parece fabuloso numa primeira análise, e mesmo numa última, uma vez que poderíamos viver uma vida inteira de felicidade com uma "Baywatch girl"... só que seria uma vida vazia, baseada na superficialidade e na exploração do que mais básico um ser humano tem. Os jogos de vídeo, pela evolução progressivamente acelerada da tecnologia, deveriam ser encarados como "simuladores de vida", nesta expressão não os pretendo remeter para a óbvia comparação com "The Sims", mas antes com a "simulação de realidades virtuais consistentes e credíveis". Dizer que a credibilidade de uma "realidade virtual" está fundamentalmente baseada nos gráficos é a mesma coisa que dizer que escolhem uma namorada/namorado baseados no seu aspecto exterior - não digo que isso não seja possível, apenas é bastante básico e redutor das vossas capacidades e potencial enquanto ser humano! Da mesma forma que o que define um ser humano não é apenas (nem pouco mais ou menos...) o seu aspecto exterior, o mesmo se passa para os videojogos e, mais amplamente, para a arte em geral! Há uns tempos lembro-me de ter lido na Mega Score um post acerca da "idade dos videojogos", em que alguém (peço desculpa por não me lembrar de quem, mas as ideias são universais) dizia que os jogos sempre e ainda se encontravam numa única corrente artística: o realismo. Eu não concordo com essa pessoa pelo simples facto que realismo não se refer meramente à imagem! Eu diria antes que nos encontramos numa época de classicismo... o que importa, para a época corrente, é que os jogos tenham um "aspecto realista", e tal apenas é tentado pelo grafismo, com a excepção de alguns resistentes como Will Right, Warren Spector, Peter Molyneux, os tipos da Nintendo, entre outros, que apostam, para além de ideias inovadoras, na criação de universos que procuram imitar a realidade (tal como a conhecemos), não ficando condicionados apenas à beleza gráfica que é, sem dúvida, o mais importante para vender os jogos às massas mal-informadas, as mesmas que compram o "super-shampô que faz o cabelo igual ao daquela pessoa-de-tal" e sonhavam casar-se com a Angelina Jolie ou o Brad Pitt!
Continuo a achar que o universo dos videojogos é constantemente colocado numa posição redutora... existe uma ideia geral de que os jogos são para pessoas específicas numa faixa etária especifica, isso faz com que ainda não esteja ao nível (a anos-luz de distância...) do cinema, por exemplo, senão vejamos, um filme quando é avaliado, são tidos em conta inúmeros factores que ultrapassam por completo os parâmetros técnicos (bem como de qualidade visual) de que os videojogos são vítimas! Um videojogo deverá, primeiro que tudo, ser jogável, mas isso é a condição básica para ser considerado jogo, os que não são jogáveis, ou mal-jogáveis, nem sequer deveriam ser chamados de jogos, tal como os filmes que não se conseguem ver porque a imagem não está lá - "Branca de Neve" de João César Monteiro é uma peça de arte contemporânea, rompe barreiras, está inscrita no cinema mas será verdadeiramente cinema? Isso já são discussões do campo da arte, e a verdade é que os videojogos ainda não são considerados arte, com muita pena minha, na época em que o forem, afirmar que "a qualidade gráfica é o mais importante" será uma afirmação que nem será tomada em conta, porque a ARTE NÃO TEM QUE SER BELA.
Lembram-se de um filme chamado "Waterworld"?, é simplesmente nojento, mas na época em que saiu foi o filme mais caro da história - e, por isso mesmo, "visualmente estimulante". Pois bem, alguém se lembra ainda do filme? Porventura sim, apenas por ter sido o mais caro fiasco da história... agora passa no canal Hollywood...
Concordo plenamente contigo, joguem jogos antigos e percebam que os jogos são para jogar, primeiro que tudo, e no tempo presente servem para sair da realidade (existenz). Os que o fazem melhor são as melhores experiências virtuais: lembro-me de como a Alyx me olhava depois de eu a salvar das ordas de zombie-mutantes e de pensar se não estaria a trair a minha namorada com pensamentos de protecção por aquela "pessoa"...