Jogos: Reais ou Virtuais?

[Morbus]

E aqui vai uma carta que enviei o mês passado e que contava que saisse na revista. Não sei se foi publicada, porque ainda não a comprei, mas, de qualquer forma, serve como bump, e jogo pelo seguro.

"Os videojogos são uma actividade escapista e vocês estão a ser explorados (...) não é saudável (...) é uma actividade masturbatória e seria melhor que (...) saíssem para a rua". Desculpa-me Nuno Grande por te ter roubado o mote (/in /Mega Score nº 132) mas esta frase dá-me muito em que pensar. Antes de mais, e para eliminar eventuais dúvidas, os videojogos são, em termos conceptuais e artísticos, se não superiores, exactamente iguais ao cinema e à literatura. É incorrecto atacar uma forma de contar histórias sem atacar as outros. Não digo que não sejam uma actividade escapista, provavelmente são-no, mas o cinema e a literatura também o são, e já o são há muito mais tempo. Mas digo, no entanto, que são actividades "escapistas" como esta que nos deixam entender melhor (e muito melhor) a realidade da qual "escapamos". Muitos queixam-se (e tem-se debatido isto no fórum da revista) de que os jogos não passam de um escape à realidade e de que as pessoas vivem alienadas por universos virtuais. Pois eu queixo-me precisamente do oposto. As pessoas vivem obcecadas por algo que pensam ser a realidade, sem se preocuparem em constatar de facto se essa realidade é mesmo real, isto é, não se preocupam em conhecer mais, e estagnam, deixando para trás a questão se os jogos (e outras actividades "escapistas") são ou não realidade também eles. Uns vivem obecados por realidades (sim, porque WoW é uma realidade) alternativas que sabem de antemão serem realidades criadas e laboratoriais. Outros vivem obcecados por uma realidade falseada e moldada para e pelos olhos deles, pensando-se donos da verdade, quando no fundo até têm menos que aqueles que se obcecam com realidades alternativas... Quanto ao facto de os jogadores estarem a ser explorados... Sim, há casos em que sim, claro, e há casos em que não, definitivamente. É certo que há por aí muito editor que só olha ao dinheiro e a mais nada, mas gosto de pensar (e sei) que há também muito editor que gosta realmente daquilo que lhe dá dinheiro, e trabalho também para fazer bons jogos. Acho que está a ser muito mais explorado aquele que não perde um episódio de uma determinada novela (que, por ser novela, é necessariamente feita para agarrar o espectador, fruto de uma trama deturpada intencionalmente para o efeito) que aquele que joga Star Wars - Knights of the Old Republic por gosto, e por uma história completa e elaborada, que ele próprio pode seguir ao seu ritmo, como quiser, e não ao ritmo de um qualquer canal de televisão, ainda para mais alterado pelos fluxos publicitários. Quanto a não ser saudável, não o será não... Mas num mundo em que há tanta coisa que não é saudável e que continuamos a fazer, será que esse é mesmo um argumento de peso? E uma actividade masturbatória? Sim, é claro que há muitos jogos que não passam disso mesmo: masturbação mental. Mas o mal de uns não é o mal de todos, felizmente, e assim como há "The Godfather" e "The Crow" no cinema, a par de tantos filmes medíocres e assumidamente masturbatórios (não falo de filmes pornográficos), também há títulos como "Fallout", "Knights of the Old Republic", "Baldur's Gate" ou "Arcanum" no mundo dos jogos, a par, obviamente, de tantos jogos também masturbatórios, que são feitos para o consumo em massa, pelo consumo em massa. Acusar os jogos de isto e daquilo com base em apenas alguns exemplos e não com base no conceito do que é afinal um jogo, não só demonstra um profundo desconhecimento da "realidade" que indivíduos como Jack Thompson defende, como retira qualquer direito de argumentação contra ou a favor dos jogos. No final, não se trata de uma questão de ter ou não ter razão no meio disto tudo, senhor Jack (nome, em inglês, da bola branca no Snooker. Coincidência?). Trata-se de ter destaque e fazer por ele, e o seu destaque em particular não lhe traz lucro nenhum, nem a si nem à causa que defende, bem pelo contrário... Se alguém se masturba mentalmente, não serão os jogadores, mas antes o senhor, ao pensar que é dono da verdade e que possui o direito de julgar aquilo que os outros devem ou não fazer, e a forma como os outros devem ou não viver.

[Maedhros]

E aqui vai uma carta que enviei o mês passado e que contava que saisse na revista. Não sei se foi publicada, porque ainda não a comprei, mas, de qualquer forma, serve como bump, e jogo pelo seguro.

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Sim senhora, boa carta Morbus
Para quando uma crónica numa revista de jogos?

[Morbus]

E aqui vai uma carta que enviei o mês passado e que contava que saisse na revista. Não sei se foi publicada, porque ainda não a comprei, mas, de qualquer forma, serve como bump, e jogo pelo seguro.

...

Sim senhora, boa carta Morbus
Para quando uma crónica numa revista de jogos?

Até que não me importava

[Maedhros]

Até que não me importava

O poderosíssimo NCalvin poderia dar uma mãozinha

[Morbus]

No seguimento de um tópico que li nos fóruns da comunidade elderscrolls, venho aqui perguntar uma coisa muito simples: há algum objectivo, há alguma razão para jogar um jogo? Quero dizer, para além de nos divertirmos? Ganhamos alguma coisa em jogar um jogo? (claro que a resposta varia de pessoa para pessoa, e já foi abordada várias vezes neste mesmo tópico, mas é essa mesma variedade que é interessante e que gera discução)

Esta questão surgiu-me (não que eu me sinta intrigado por ela porque tenho a minha resposta bem elaborada e é formulada com base em muita coisa, desde há muito tempo) quando estava a ler o tópico Anyone else here quite WoW?. Eu acho sinceramente que WoW é uma valente seca, e neste caso em específico acho que iria ganhar muito pouco ao joga-lo. Mas essa discussão à parte (e não é isso que é para discutir aqui), leiam os posts da primeira página e digam alguma coisa, aqueles posts relativos ao objectivo de jogar...