Jogos: Reais ou Virtuais?

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Newtomic
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Mensagem por Newtomic » segunda 07 ago 2006, 15:54

Morbus Escreveu:E aqui é o que está a acontecer, tu não estás a refutar a base da minha opinião, ainda nem sequer a referiste... Poço daí depreender que não estás a entender? Só que o mesmo pode acontecer ao inverso. Estarei eu a refutar a base da tua opinião?
Tu é k não estás a entender algo bastante importante:
-1º- Eu já compreendi a tua teoria.
-2º- Eu não estou a tentar refutar a base da tua teoria.
-3º- Tenho apenas uma teoria/opinião diferente.
-4º- Esta minha teoria não tem de estar necessáriamente errada nem a tua, tu é k não consegues perceber isso.
-5º- A tua teoria para ti pode ser a + completa e correcta, mas deves/deverias entender k não é a tua teoria a "verdade" absoluta, pois essa verdade sabes, ou plo menos penso k sabes, tão bem quanto eu k não existe.
-6º- Se conseguires perceber k o meu objectivo não é atacar a tua teoria, mas sim dar a minha opinião vai conseguir perceber k não me interessa minimamente atacar a tua teoria, porke isto é um assunto em k várias pessoas podem ter várias opiniões/teorias diferentes e todas elas podem estart erradas/certas, dai k a mim pouco me importa se a tua está correcta ou não, eu já a compreendi e apenas não concordo com ela na sua totalidade, mas não digo k ele esteja errada, e o k estive a tentar fazer foi apenas e só a tentar mostar a minha opinião + detalhadamente e nos sitios onde julgo k as nossas opiniões divergem, já k a base como tu dizes não devem estar muito "longe" uma da outra, apenas são 2 opiniões distintas e nada + do k isso, ambas correctas e ambas erradas e tu tens de perceber isso porke nem tu nem ninguem nesta matéria é dono/dona e senhor/senhora da verdade! Entendes?!!! :)
Morbus Escreveu:Lol, eu sei isso, só que eu normalmente utilizo idêntico para coisas que são distintas mas iguais em aparência, daí dar-lhe um significado diferente. Mas aqui é que os significados, mais do que iguais, são os mesmos daí eu não me ageitar com o "idênticos" percebes? [:p]
Como queiras, por mim sem problemas, alem disso tu dizes k os sentimentos k se sentem quando estamos a jogar são IGUAIS aos k sentimos quando as "mesmas" coisas despoletam os "mesmos" sentimentos, eu por experiencia própria sei k eles são parecidos/idênticos, não são 100% iguais, e é ai k ainda não percebeste!
Morbus Escreveu:Exactamente, é sobre isso mesmo que eu fiz o tópico. As pessoas não assumem os jogos como uma realidade una e individual mas antes como uma cópia barata da realidade. É sobre isso mesmo que eu estou a falar e é por causa disso mesmo que eu digo que as pessoas não respeitam os jogos, não respeitam aquilo que fazem e não se respeitam a si mesmas. Mas claro, é a minha opinião, sei isso desde o princípio, e pensava que isso era inerente a qualquer opinião...
Deverias ser menos radical, uma pessoa só por não considerar os jogos como algo REAL no seu TODO, não significa k não tenha respeito por os jogos e por si mesma. Tu é k achas isso.
Morbus Escreveu:Tudo isto já foi discutido, eu já refutei e estás a repetir-te. Não vale a pena dares os mesmo argumentos quando eu já contra argumentei e dei a minha opinião :| Já sei que pensas assim... E acho sinceramente que não estás a entender o meu ponto de vista porque caso contrário já o terias atacado ou admitido que estava certo, em vez de bateres na mesma tecla, não?
Rapaz compreende uma coisa tu não estás certo, nem eu estou certo, são apenas e só 2 opiniões com tópicos idênticos e outros não tão idênticos e outros até diferentes, mas ambas são correctas e erradas e é isso é k tens dificuldade em compreender/aceitar, porke por muito k te custe tu não és o "The One" se é k me entendes, niguém é! Ou seja não tentes k os outros pensem como tu e k admitam k tu é k estás correcto porke isso é errado! ;)
Morbus Escreveu:Exacto, tu falhas ao entender onde está a transposição que fazes, por isso é que não entendes o meu argumento... :roll: "eu não comparei o Oblivion com a "Outer World""
Como queiras... 8)
Morbus Escreveu:É aquilo de ires ficar off durante um mes né? Deixa lá, quando chegares continuas ;)
Hoje não sei, mas provavelmente é a ultima x k estou aki no tópico, tenho de me ir despachar... Fazer a barba com 2cm e cortar o cabelo com meio metro hehe... Passe o exagero é quase. :lol:
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Morbus
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Mensagem por Morbus » segunda 07 ago 2006, 16:22

Newtomic Escreveu:-4º- Esta minha teoria não tem de estar necessáriamente errada nem a tua, tu é k não consegues perceber isso.
Eu disse que eram pontos de vista diferentes não disse? :-s
Newtomic Escreveu:-5º- A tua teoria para ti pode ser a + completa e correcta, mas deves/deverias entender k não é a tua teoria a "verdade" absoluta, pois essa verdade sabes, ou plo menos penso k sabes, tão bem quanto eu k não existe.
A verdade absoluta sim, existe, mas eu, nem ninguém a tenho. Ela é deus, e eu procuro-a, embora saibe que nunca a atingirei. E não não penso que a tenho, penso sim que estou correcto, caso contrário não defenderia o meu ponto de vista. E estou pronto a colocar o meu ponto de vista em causa, se tu me mostrares argumentos que a ponham em causa. Mas ainda não mostraste se é isso que queres que eu diga...
Newtomic Escreveu:-6º- Se conseguires perceber k o meu objectivo não é atacar a tua teoria, mas sim dar a minha opinião vai conseguir perceber k não me interessa minimamente atacar a tua teoria, (...)
Não é uma questão de atacar, é uma questão de contrapor e tu contrapões, sim, a minha teoria. É o que temos estado a fazer: a argumentar para ver se descobrimos afinal o que é que é correcto (pelo menos é o que eu estou a tentar fazer: aprender e melhorar ou corrigir a minha opinião).
Newtomic Escreveu:(...) o k estive a tentar fazer foi apenas e só a tentar mostar a minha opinião + detalhadamente e nos sitios onde julgo k as nossas opiniões divergem, já k a base como tu dizes não devem estar muito "longe" uma da outra, apenas são 2 opiniões distintas e nada + do k isso, ambas correctas e ambas erradas e tu tens de perceber isso porke nem tu nem ninguem nesta matéria é dono/dona e senhor/senhora da verdade! Entendes?!!! :)
E acho que não é uma questão de estar correcto ou errado. Quando eu não gosto do meu visinho, por exemplo, estou correcto? Ou estou errado. Aqui é a mesma coisa (não equivalente no objectivo mas na ecênsia), tu ves as coisas de uma maneira, eu de outra, sim. A MINHA opinião é de que, como já referi antes, as pessoas não respeitam os jogos, não os vêem como uma coisa em si mas apenas como uma imitação barata da realidade. É isso que estou a dizer, e é por causa disso que as pessoas diferenciam os jogos da vida real, quando as duas coisas não estão na mesma escala de análise, é como compara batatas com a vida real, percebes o que quero dizer?
Newtomic Escreveu:Como queiras, por mim sem problemas, alem disso tu dizes k os sentimentos k se sentem quando estamos a jogar são IGUAIS aos k sentimos quando as "mesmas" coisas despoletam os "mesmos" sentimentos, eu por experiencia própria sei k eles são parecidos/idênticos, não são 100% iguais, e é ai k ainda não percebeste!
Não, perdeste o fio à meada. Esta questão do iguais e assim surgiu por causa do funeral e, como disse, um funeral no WoW despoleta os mesmos sentimentos que um funeral no outer world. Agora um jogo não despoleta os mesmos sentimentos que as mesmas coisas no outer world porque simplesmente NÃO SÃO as mesmas coisas, são coisas DISTINTAS, uma corrida de de RBR não é a mesma coisa que uma corrida de rally no outer world, é algo DISTINTO, NÃO COMPARÁVEL, e tu só comparas as duas coisas, como estou farto de dizer, porque elas têm semelhanças (lembraste do meu exemplo do xadrez?).
Newtomic Escreveu:Deverias ser menos radical, uma pessoa só por não considerar os jogos como algo REAL no seu TODO, não significa k não tenha respeito por os jogos e por si mesma. Tu é k achas isso.
Tens razão, eu é que acho isso... Mas é mesmo, eu acho isso :-k Mas não consigo achar outra coisa... Sinceramente, acho mesmo isso e prontos :(
Newtomic Escreveu:Rapaz compreende uma coisa tu não estás certo, nem eu estou certo, são apenas e só 2 opiniões com tópicos idênticos e outros não tão idênticos e outros até diferentes, mas ambas são correctas e erradas e é isso é k tens dificuldade em compreender/aceitar, porke por muito k te custe tu não és o "The One" se é k me entendes, niguém é! Ou seja não tentes k os outros pensem como tu e k admitam k tu é k estás correcto porke isso é errado! ;)
Prontos prontos não se fala mais nisso :? Se achas que é opiniões tudo bem. Eu também acho! Mas que eu acho que estou certo acho, caso contrário, como disse, não defenderia a minha teoria.
Newtomic Escreveu:
Morbus Escreveu:Exacto, tu falhas ao entender onde está a transposição que fazes, por isso é que não entendes o meu argumento... :roll: "eu não comparei o Oblivion com a "Outer World""
Como queiras... 8)
Absolutely [:p]
Newtomic Escreveu:
Morbus Escreveu:É aquilo de ires ficar off durante um mes né? Deixa lá, quando chegares continuas ;)
Hoje não sei, mas provavelmente é a ultima x k estou aki no tópico, tenho de me ir despachar... Fazer a barba com 2cm e cortar o cabelo com meio metro hehe... Passe o exagero é quase. :lol:
Boas férias então. Gostava que o Nelson lesse isto e postasse a opinião dele, mas parece que a maior parte das opiniões dele, ou valem dinheiro (leia-se são colocadas na Mega Score) ou vão para o ultimonivel :(
Há falta de água no mundo? A guerra alastrou a todo o globo? Tenho uma unha encravada? Só há uma solução: FORMAT C: - by SoRHunter
Eu digo mal de jogos que nunca joguei e dos quais não conheço nada. - foi o Bu77erCup242 que me disse
Para que raio queres tu uma namorada linda e inteligente? O que interessa é ter EDRAM... - by Chris

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Mensagem por Warhead » segunda 07 ago 2006, 17:49

Bu77erCup242 Escreveu:Desculpa pequena provocaçao Newtomic mas neste caso ate te comprendia se pensasses isso pq ja me estava a repetir...mas por vezes e fustrate quando parace que outras pessoas nao entendem o que estou a dizer.
Ja agora Warhead costumas ver o Daily Show ? Ouve um programa em que onde "brincaram" com as comparaçoes execivas que sao feitas com o Hittler
Nope, mas vejo e leio montes de artigos sobre Pateta e o seu governo, quando faco comparacoes, sei no que estou a dizer.

Alias, Pateta foi uma pessoa normal, apenas teve de ir por certos meios mais "radicais".

Mas ninguem pode negar que ele tirou a Alemanha de uma situacao economica e social muita ma devido a segunda guerra mundial, so que depois a uma certa altura ficou fanatico e de estragou parte do seu "imperio".

E se vierem dizer que so conseguiu transformar a Alemanha numa potencia por causa dos judeus, estam enganados, e claro que deu uma grande ajuda, mas nao se faz tanques nem armas com joias.

E no final o povo alemao sofreu muito. (Claro que nao tanto com os judeus, que foram muito sacrificados e posso dizer que a minha liberdade deve-se a todos os homens e mulheres que morreram, e por isso que todos os dias luto por aquilo que acredito, em vez de viver numa mentira social)

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Mensagem por Bu77erCup242 » terça 08 ago 2006, 17:45

Suponho que querias dizer primeira guerra mundial...quanto aos resto. No coments...mas acho hilariante
Mandem mp se-me quiserem adicionar na vossa Wii ou PS3 :anxious:
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Mensagem por Winjer » terça 08 ago 2006, 18:15

Warhead Escreveu:
Bu77erCup242 Escreveu:Desculpa pequena provocaçao Newtomic mas neste caso ate te comprendia se pensasses isso pq ja me estava a repetir...mas por vezes e fustrate quando parace que outras pessoas nao entendem o que estou a dizer.
Ja agora Warhead costumas ver o Daily Show ? Ouve um programa em que onde "brincaram" com as comparaçoes execivas que sao feitas com o Hittler
Nope, mas vejo e leio montes de artigos sobre Pateta e o seu governo, quando faco comparacoes, sei no que estou a dizer.

Alias, Pateta foi uma pessoa normal, apenas teve de ir por certos meios mais "radicais".

Mas ninguem pode negar que ele tirou a Alemanha de uma situacao economica e social muita ma devido a segunda guerra mundial, so que depois a uma certa altura ficou fanatico e de estragou parte do seu "imperio".

E se vierem dizer que so conseguiu transformar a Alemanha numa potencia por causa dos judeus, estam enganados, e claro que deu uma grande ajuda, mas nao se faz tanques nem armas com joias.

E no final o povo alemao sofreu muito. (Claro que nao tanto com os judeus, que foram muito sacrificados e posso dizer que a minha liberdade deve-se a todos os homens e mulheres que morreram, e por isso que todos os dias luto por aquilo que acredito, em vez de viver numa mentira social)

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Desde o inicio que Pateta se mostrava apologista de um regime de dictatorial e com toques fortes de racismo e xenofobismo. Desde que apareceu na politica alemã que os restantes partidos, incluindo os de centro, o olhavam como algo perigoso, mas sem conseguirem medir o nivel desse perigo até ser tarde demais.
Mesmo antes de o Partido Nacional-Socialista Alemão chegar ao poder já se envolvia em batalhas campais no meio de cidades com os comunistas. Batalhas que quase fazem os Hooligans parecer meninas de coro.

Desculpem este offtopic
A Jogar: Final Fantasy XII; Counter Strike Source; God of War 2
A ler: The Saphire Rose
A ver: Bleach; Naruto Shippuuden; Lost; Myth Busters
A ouvir: Dimmu Borgir - In Sorte Diaboli
A traduzir: Kimi ga Nozumo Eien
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Maedhros
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Maedhros » sexta 11 ago 2006, 15:41

Morbus Escreveu:Mas o que mais me incomodou nesta história toda foi a forma como as pessoas se referiam à “vida real” em oposição ao “jogo” e/ou ao “virtual”. Como devem ter reparado se leram os meus comentários no blog (Morbus), eu refiro-me sempre à chamada por muitos “vida real” como “outter life”, ou seja, a “vida real exterior”, dando então espaço para a existência concreta de uma “vida real interior”, confinada, então, aos universos paralelos dos jogos.

No fundo o que eu estranho é a falta de respeito que as pessoas têm por aquilo que fazem (os jogos, ao jogar), e, consequentemente, a falta de respeito que as pessoas têm por si próprias. Porque continuam as pessoas a dizer que os jogos não são vida real? Porque continuam as pessoas a assumir que a vida real não é os jogos também? E quem diz os jogos diz os fóruns, os blogs e a Internet em geral. Ouve-se muitas vezes a expressão “Get a life” (arranja uma vida) em relação a pessoas que passam grande parte do seu tempo online. Porque é que as pessoas não entendem/assumem/aceitam que o tempo que passamos online ou simplesmente a jogar não é também ele vida real? Eu acho isso uma falta de respeito enorme por aquilo que fazemos e por nós próprios. Quanto a mim, eu considero os jogos como parte integrante da minha vida, assim como considero o tempo que passo a ouvir música, a estudar, a fazer desporto, a ver filmes a ler ou a conversar com os amigos.
Caríssimo Morbus, a forma como defendes a equivalência conceptual entre duas realidades distintas: a "virtual" e a "real" (cujos nomes pouco interessam para o caso, visto todos saberem o que representam...), mostra sobretudo o degrau da tua imersão neste vasto mundo cibernético, que tu (como muitos de nós) abraçaste.

Essa imersão em si, não tem nada de mal, como um hobby, profissão ou mesmo "way of life", porque não é por convivermos com este "admirável mundo novo", que nos tornamos menos humanos ou mesmo pessoas inferiores. Que o digam os ilustres membros destes fóruns. Mas isso não quer dizer que esta realidade seja "equivalente", "similar" ou mesmo próxima da realidade que tu denominas como "outter life" (título, que a meu ver, mostra bem como tu encaras certas facetas do mundo social, como se se tratasse de algo exterior, alienígena ou estranho ao teu mundo particular e pessoal, o tal "mundo interior", onde os jogos são uma faceta importante). Existe uma grande distância entre estes dois universos e a sua relação não é tão simples quanto possa parecer.

Mas porquê essa não igualdade? Como tu afirmas e bem, os sentimentos transmitidos num funeral "virtual" ou "real" têm as mesmas dimensões, apesar de expressos em formatos diferentes. No mundo real, transmitimos os sentimentos de uma determinada forma: o uso de vestes soturnas em respeito à sobriedade do momento, as expressões corporais para transmitir o sofrimento que sentimos, a nossa voz para transmitir os pêsames aos familiares, as nossas lágrimas nos libertarmos do peso da tristeza, etc. No WoW, teremos formas diferentes, seja através de emotes, fatos virtuais ou falas no teclado/headset.

Em primeira vista, ambos abordam as mesmas dimensões do pesar, através de interfaces diferentes. Então, existiria uma equivalência conceptual entre as duas, como tu defendes. Pois bem, a meu ver (e como tudo, isto é uma opinião minha), ao alterarmos o interface social usado para um evento desta natureza, alteramos irrevogavelmente a natureza do mesmo. Estamos, em boa verdade, a alterar a forma como interagimos com os nossos parceiros, colegas e amigos, e no processo, a mudar a forma como os percepcionamos e a de como somos percepcionados.

Nesse processo, a realidade a que temos acesso muta e o "eu" altera-se com ela a dois níveis: interior (porque os nossos processos mentais são adaptados a essa nova realidade) e exterior (pois o "eu" a que o meio que nos rodeia tem acesso é de uma natureza diferente da que poderia existir num funeral real).

Daí a diferença marginal entre o evento no mundo "real" e num "virtual". A forma como interagimos com cada um deles é radicalmente diferente, moldando assim o "eu" e consequentemente as nossas acções. A prova máxima desse facto é o ataque ao funeral, um acto marginal e de uma brutalidade inconsciente, que dificilmente os intervenientes seriam capazes de executar no mundo real, visto nesse as consequências de tal acto serem diferentes. Ou seja, a existência de regras diferentes no mundo real e do WoW, foi suficiente para alterar o comportamento desses jogadores, tal como alterou certamente os dos que atenderam ao funeral.

O problema desta alteração comportamental nestes universos virtuais, é a sua distanciação do mundo "real", aquele onde usamos os nossos corpos para interagir, em vez de um teclado, rato, comando e monitor. Essa distanciação, não é má, pelo contrário, é positiva na medida em que permite a exploração de novas dimensões sensoriais, mas apenas desde que seja controlada e doseada, pois em excesso altera irrevogavelmente as nossas formas de interacção social, provocando uma grave alienação do mundo que nos rodeia fisicamente, e que como tal, adquire uma importância muito superior a um que apenas nos rodeie virtualmente.

Basta olhar para as nossas gerações e comparar os nossos hábitos sociais com os das anteriores, e a forma como isso altera a nossa forma de ser em geral. O facto de estarmos habituados a comunicar através desta parafernália de mecanismos tecnológicos, leva a que, a pouco e pouco percamos ferramentas cognitivas e sociais que nos limitam a diversos níveis, e podem no limite levar a um estado de catarse psico-física no mundo real.

Será que é isso que queremos? Porque é a isso que universos como o do WoW levam: a uma vida alternativa em espaços virtuais, onde relegamos a nossa existência física para segundo lugar, quando a relação deveria ser ao contrário, visto que não podemos sobreviver sem comida, bebida e afectos reais, enquanto que os virtuais são desnecessários.

As consequências de tais vidas é demais aparente a quem quer que conheça verdadeiros "junkies" desta nova droga (que já não são tão poucos quanto isso). Não nos esqueçamos que estes mundos virtuais, são apenas isso: virtuais, e que não podemos existir neles sem existir primeiro no nosso, e... a coexistência pode ser mais complicada do que parece.

Por isso a tal expressão "get a life", porque uma vida no WoW não é uma vida por si, é apenas uma imitação, uma concha e uma escapatória ao mundo real (aquele em que temos de inevitavelmente viver, pois é nele que fisicamente existimos), onde as regras, processos e interacções são infintamente mais complexas e avassaladoras... e sem dúvida alguma, muito diferentes! Como tal os jogos devem continuar a ser um complemento ou uma expansão do mundo real, e nunca uma substituição (acabando assim com qualquer pretensão de equivalência).

P.S. sorry pelo testamento :oops: mas isto é muito complexo, e há muito a dizer... \:D/
"Olive: Grandpa, am I pretty?
Grandpa: You are the most beautiful girl in the world.
Olive: You're just saying that.
Grandpa: No! I'm madly in love with you and it's not because of your brains or your personality. " in Little Miss Sunshine

A ver: "Little Miss Sunshine" de Jonathan Dayton e Valerie Faris
A jogar: "Xenosaga Episode III - Also Sprach Zarathustra", "Dead Rising"
A ler: "Death is a Lonely Business" de Ray Bradbury
A ouvir: Dream Theater - Score
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Mensagem por Death Crow » sexta 11 ago 2006, 16:35

[Offtopic]Tenho pena mas não vou ler 5 páginas de testamentos :) até porque agora não tenho muito tempo mas fico feliz por saber que o Colin Farrel.. err... o Maedhros está de volta.

Bem, quando voltar de férias daqui a 1/2 semanas e tiver umas 15 páginas para ler eu dou a minha opinião![/Offtopic]
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Morbus » sexta 11 ago 2006, 17:42

Heya Maedhros a falar!!! \:D/
Maedhros Escreveu:Caríssimo Morbus, a forma como defendes a equivalência conceptual entre duas realidades distintas: a "virtual" e a "real" (cujos nomes pouco interessam para o caso, visto todos saberem o que representam...), mostra sobretudo o degrau da tua imersão neste vasto mundo cibernético, que tu (como muitos de nós) abraçaste.
Acho que sim, mas acho também que é óbvio. Uma pessoa que não conheça o que é jogos nunca vai pensar como eu, por mais que queira. Tens toda a razão.
Maedhros Escreveu:Essa imersão em si, não tem nada de mal, como um hobby, profissão ou mesmo "way of life", porque não é por convivermos com este "admirável mundo novo", que nos tornamos menos humanos ou mesmo pessoas inferiores. Que o digam os ilustres membros destes fóruns. Mas isso não quer dizer que esta realidade seja "equivalente", "similar" ou mesmo próxima da realidade que tu denominas como "outter life" (título, que a meu ver, mostra bem como tu encaras certas facetas do mundo social, como se se tratasse de algo exterior, alienígena ou estranho ao teu mundo particular e pessoal, o tal "mundo interior", onde os jogos são uma faceta importante). Existe uma grande distância entre estes dois universos e a sua relação não é tão simples quanto possa parecer.
Não penso que sejam semelhantes. São, como disseste, até bastante diferentes (e outro dia estava para dizer o que precisamente acabaste de dizer que eu penso) :D Vejo que entendes o meu ponto de vista, mesmo sem eu o dizer completamente 8) (excelente)
Maedhros Escreveu:Mas porquê essa não igualdade? Como tu afirmas e bem, os sentimentos transmitidos num funeral "virtual" ou "real" têm as mesmas dimensões, apesar de expressos em formatos diferentes. No mundo real, transmitimos os sentimentos de uma determinada forma: o uso de vestes soturnas em respeito à sobriedade do momento, as expressões corporais para transmitir o sofrimento que sentimos, a nossa voz para transmitir os pêsames aos familiares, as nossas lágrimas nos libertarmos do peso da tristeza, etc. No WoW, teremos formas diferentes, seja através de emotes, fatos virtuais ou falas no teclado/headset.
Exactamente, no caso do funeral, são formas diferentes (como dizes) para expressar a mesma coisa. Exactamente.
Maedhros Escreveu:Em primeira vista, ambos abordam as mesmas dimensões do pesar, através de interfaces diferentes. Então, existiria uma equivalência conceptual entre as duas, como tu defendes. Pois bem, a meu ver (e como tudo, isto é uma opinião minha), ao alterarmos o interface social usado para um evento desta natureza, alteramos irrevogavelmente a natureza do mesmo. Estamos, em boa verdade, a alterar a forma como interagimos com os nossos parceiros, colegas e amigos, e no processo, a mudar a forma como os percepcionamos e a de como somos percepcionados.
Claro! Alteramos o ritual, alteramos toda a forma como interagimos uns com os outros, isso é óbvio. Mas como disse ao newtomic, eu vejo um funeral de uma maneira muito diferente de muita gente. Talvez seja por isso que estás a dizer isso... :-k
Maedhros Escreveu:Nesse processo, a realidade a que temos acesso muta e o "eu" altera-se com ela a dois níveis: interior (porque os nossos processos mentais são adaptados a essa nova realidade) e exterior (pois o "eu" a que o meio que nos rodeia tem acesso é de uma natureza diferente da que poderia existir num funeral real).
Essas mutações são levadas a um mínimo no mundo da internet e dos jogos online, a meu ver, o que só é excelente. Um leproso terá poucos amigos na outer life mas num fórum pode ter muitos, por exemplo.
Maedhros Escreveu:Daí a diferença marginal entre o evento no mundo "real" e num "virtual". A forma como interagimos com cada um deles é radicalmente diferente, moldando assim o "eu" e consequentemente as nossas acções. A prova máxima desse facto é o ataque ao funeral, um acto marginal e de uma brutalidade inconsciente, que dificilmente os intervenientes seriam capazes de executar no mundo real, visto nesse as consequências de tal acto serem diferentes. Ou seja, a existência de regras diferentes no mundo real e do WoW, foi suficiente para alterar o comportamento desses jogadores, tal como alterou certamente os dos que atenderam ao funeral.
A questão aqui não foi as regras a que os atacantes estavam submetidos mas sim os conceitos que eles faziam do outer world e do WoW. Para eles, muito provavelmente, fazer um funeral no WoW é basicamente imoral. Para mim, por exemplo, fazer um funeral (onde quer que ele seja) sem entender o que estamos a fazer é que é imoral, mas lá está, cada um tem os seus princípios, e estes são moldades à luz dos nossos (des)conhecimentos. Como disse, uma pessoa que não perceba nada de jogos nunca vai pensar como eu em relação a eles.
Maedhros Escreveu:O problema desta alteração comportamental nestes universos virtuais, é a sua distanciação do mundo "real", aquele onde usamos os nossos corpos para interagir, em vez de um teclado, rato, comando e monitor. Essa distanciação, não é má, pelo contrário, é positiva na medida em que permite a exploração de novas dimensões sensoriais, mas apenas desde que seja controlada e doseada, pois em excesso altera irrevogavelmente as nossas formas de interacção social, provocando uma grave alienação do mundo que nos rodeia fisicamente, e que como tal, adquire uma importância muito superior a um que apenas nos rodeie virtualmente.
O contrário também acontece, não te esqueças, e não é menos mau. Há muita muita gente que está simplesmente alienada pelo "mundo real", e isso é mau, decididamente. Se reparaste, no tópico "Escape à realidade" eu disse que para mim é imoral uma pessoa querer ficar agarrada e refujiar-se na condição humana, servindo-se dela como uma desculpa para não evoluir. E querer ficar alienado a esse mundo em que interajimos com o nosso corpo (o "outter world") é, para mim, tão imoral e mau como ficar agarrado a um mundo paralelo como WoW ou mesmo este fórum.
Maedhros Escreveu:Basta olhar para as nossas gerações e comparar os nossos hábitos sociais com os das anteriores, e a forma como isso altera a nossa forma de ser em geral. (...)
Completamente. E de pensar também. Constacto muito isso, mesmo com o meu pai. O pouco que sei de programação, por exemplo, faz-me olhar as coisas de maneira diferente, e o muito que eu leio de ficção também me ajuda a entender melhor a relatividade do mundo. Uma vez disse ao meu pai que nunca se vai a lado nenhum numa realidade se não conhecermos realidades alternativas. Para isso devemos criar as nossas próprias realidades alternativas (ficção) ou conhecer a dos outros. E acho que é um facto que quem lê muita ficção tem mais capacidade de entender os factores sociais que nos rodeiam. Antigamente, era a própria igreja católica a classificar de satânica qualquer ficção que saisse do nosso mundo (para, como é óbvio, promover o obscurantismo patente e impedir o desenvolvimento e evolução do homem). E a maioria das pessoas, mesmo hoje, é muito influênciada por esse obscurantismo, mesmo sem o saber.
Maedhros Escreveu:(...) O facto de estarmos habituados a comunicar através desta parafernália de mecanismos tecnológicos, leva a que, a pouco e pouco percamos ferramentas cognitivas e sociais que nos limitam a diversos níveis, e podem no limite levar a um estado de catarse psico-física no mundo real.
E, de novo, o contrário também acontece. Já nem falo na incapacidade do meu pai comunicar através do Messenger (é mesmo incapacidade, sim), mas sim no facto de adquirirmos novas ferramentas sociais ao utilizarmos novos meios de comunicação. Claro que perdemos ferramentas se as deixarmos de utilizar. A questão é: será que elas são mesmo ecensiais à nossa existência como Homens?
Maedhros Escreveu:Será que é isso que queremos? Porque é a isso que universos como o do WoW levam: a uma vida alternativa em espaços virtuais, onde relegamos a nossa existência física para segundo lugar, quando a relação deveria ser ao contrário, visto que não podemos sobreviver sem comida, bebida e afectos reais, enquanto que os virtuais são desnecessários.
Isso é muito verdade, mas acho que só esquecemos isso porque queremos, ou por desconhecimento. Não é por eu jogar muito ou passar muito tempo em frente ao computador que me esqueço de comer. Esqueço-me de comer (sim) pela mesmíssima razão que o meu avô (falecido há dois anos, teria agora 93 anos) se esquecia de comer quando estava a esculpir (ele era escultor, santeiro para ser mais preciso), e passava dias inteiros a esculpir sempre, sem parar, de tão concentrado e (sim) alienado que estava. É a mesma razão, e, como vês, não é uma razão inerente aos universos paralelos, só porque usamos outro corpo.
Maedhros Escreveu:As consequências de tais vidas é demais aparente a quem quer que conheça verdadeiros "junkies" desta nova droga (que já não são tão poucos quanto isso). (...)
Há muitos, isso é um facto. Mas, agora que falas, não conheço nenhum junkie dos jogos. Conheço dois junkies, sim, um junkie literal (pois...) e um fotógrafo que vive para a sua cannon (ou lá o que é aquilo, já o vi com uma sony, que devia pesar ai 20 quilos :lol:). É como em tudo, haverá sempre pessoas que gostam mais da coisa que outras.
Maedhros Escreveu:(...) Não nos esqueçamos que estes mundos virtuais, são apenas isso: virtuais, e que não podemos existir neles sem existir primeiro no nosso, e... a coexistência pode ser mais complicada do que parece.
Exacto.
Maedhros Escreveu:Por isso a tal expressão "get a life", porque uma vida no WoW não é uma vida por si, é apenas uma imitação, uma concha e uma escapatória ao mundo real (aquele em que temos de inevitavelmente viver, pois é nele que fisicamente existimos), onde as regras, processos e interacções são infintamente mais complexas e avassaladoras... e sem dúvida alguma, muito diferentes! Como tal os jogos devem continuar a ser um complemento ou uma expansão do mundo real, e nunca uma substituição (acabando assim com qualquer pretensão de equivalência).
Não, nunca uma substituição... completa. Mesmo sem o saber tenho vindo a desenvolver esta questão já há algum tempo. Vai ver os meus três capítulos da história que postei no Crónicas de um jogador e vês uma (como disse) realidade alternativa que criei. :D
Maedhros Escreveu:P.S. sorry pelo testamento :oops: mas isto é muito complexo, e há muito a dizer... \:D/
Claro. Mas não peças desculpa, nós (eu?) é que agradecemos :wink:
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Maedhros » sábado 12 ago 2006, 16:23

Morbus Escreveu:Heya Maedhros a falar!!! \:D/
Milagre!!! :D Good to be back...
Morbus Escreveu:Essas mutações são levadas a um mínimo no mundo da internet e dos jogos online, a meu ver, o que só é excelente. Um leproso terá poucos amigos na outer life mas num fórum pode ter muitos, por exemplo.
Mas o desafio passa por usar esses amigos no mundo "real" (ou seja usar as ferramentas virtuais para no interesse de melhorar a sua vida social), em vez de deixar que essa faceta da sua vida se torne mais importante, levando a que a pessoa ainda se torne menos social.
Morbus Escreveu:A questão aqui não foi as regras a que os atacantes estavam submetidos mas sim os conceitos que eles faziam do outer world e do WoW. Para eles, muito provavelmente, fazer um funeral no WoW é basicamente imoral. Para mim, por exemplo, fazer um funeral (onde quer que ele seja) sem entender o que estamos a fazer é que é imoral, mas lá está, cada um tem os seus princípios, e estes são moldades à luz dos nossos (des)conhecimentos. Como disse, uma pessoa que não perceba nada de jogos nunca vai pensar como eu em relação a eles.
Quando me referi a regras estava a escrever sobre regras morais, códigos de ética. São eles que, em última instância moldaram o comportamento desses jogadores. Era aceitável destruir o funeral, pelo simples facto de que ele era moralmente condenável. As regras do mundo em que estam inseridos eram diferentes e logo o seu comportamento alterou-se.
Morbus Escreveu:O contrário também acontece, não te esqueças, e não é menos mau. Há muita muita gente que está simplesmente alienada pelo "mundo real", e isso é mau, decididamente. Se reparaste, no tópico "Escape à realidade" eu disse que para mim é imoral uma pessoa querer ficar agarrada e refujiar-se na condição humana, servindo-se dela como uma desculpa para não evoluir. E querer ficar alienado a esse mundo em que interajimos com o nosso corpo (o "outter world") é, para mim, tão imoral e mau como ficar agarrado a um mundo paralelo como WoW ou mesmo este fórum.
Sim, há mil e uma maneiras de escapar à realidade.
Morbus Escreveu:E, de novo, o contrário também acontece. Já nem falo na incapacidade do meu pai comunicar através do Messenger (é mesmo incapacidade, sim), mas sim no facto de adquirirmos novas ferramentas sociais ao utilizarmos novos meios de comunicação. Claro que perdemos ferramentas se as deixarmos de utilizar. A questão é: será que elas são mesmo ecensiais à nossa existência como Homens?
Mas aí é que está o perigo, em adquirir novas ferramentas à custa de outras, em vez de assimilar as novas e manter as velhas. E sim, eu acho que são essenciais. Um exemplo que discuti recentemente com educadores prende-se com o facto de, na nossa geração e nas que agora se estão a formar, se ter perdido muito o sentido de crítica (em relação a tudo o que aparece nos media p.e.) e, pior ainda, a aparente falta de capacidade de mobilização e intervenção social, que condena a médio prazo o funcionamento regular da democracia ocidental. As novas gerações estão demasiado habituadas a absorver informação e a a assimilá-la, mas são completamente incapazes de a processarem e de actuarem sobre ela. E isto deve-se, em grande parte à verdadeira inundação de informação a que estamos habituados, que molda o processo cognitivo num processo altamente passivo.

Morbus Escreveu:Isso é muito verdade, mas acho que só esquecemos isso porque queremos, ou por desconhecimento. Não é por eu jogar muito ou passar muito tempo em frente ao computador que me esqueço de comer. Esqueço-me de comer (sim) pela mesmíssima razão que o meu avô (falecido há dois anos, teria agora 93 anos) se esquecia de comer quando estava a esculpir (ele era escultor, santeiro para ser mais preciso), e passava dias inteiros a esculpir sempre, sem parar, de tão concentrado e (sim) alienado que estava. É a mesma razão, e, como vês, não é uma razão inerente aos universos paralelos, só porque usamos outro corpo.
Mudam-se os tempos, mudam-se as alienações. Mas concordas que o perigo de um mundo virtual é bem superior ao de uma obsessão artística, para além de que move muitos mais milhões... e com um um objectivo menos louvável.
Morbus Escreveu:Há muitos, isso é um facto. Mas, agora que falas, não conheço nenhum junkie dos jogos. Conheço dois junkies, sim, um junkie literal (pois...) e um fotógrafo que vive para a sua cannon (ou lá o que é aquilo, já o vi com uma sony, que devia pesar ai 20 quilos :lol:). É como em tudo, haverá sempre pessoas que gostam mais da coisa que outras.
Tens de vir ao meu departamento, para eu te apresentar pessoal que passa uma semana inteira num quarto a jogar WoW só a parar para dormir umas horitas e ir à casa de banho (sim, porque comer, comem-se umas sandochas enquanto se joga!).

Morbus Escreveu:Não, nunca uma substituição... completa. Mesmo sem o saber tenho vindo a desenvolver esta questão já há algum tempo. Vai ver os meus três capítulos da história que postei no Crónicas de um jogador e vês uma (como disse) realidade alternativa que criei. :D
I've read it... :mrgreen:
Morbus Escreveu:Claro. Mas não peças desculpa, nós (eu?) é que agradecemos :wink:

lol, thx mate!! O:)
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Morbus » sábado 12 ago 2006, 19:16

Maedhros Escreveu:Mas o desafio passa por usar esses amigos no mundo "real" (ou seja usar as ferramentas virtuais para no interesse de melhorar a sua vida social), em vez de deixar que essa faceta da sua vida se torne mais importante, levando a que a pessoa ainda se torne menos social.
Ou mais, dependendo da prespectiva... :-k
Maedhros Escreveu:Quando me referi a regras estava a escrever sobre regras morais, códigos de ética. São eles que, em última instância moldaram o comportamento desses jogadores. Era aceitável destruir o funeral, pelo simples facto de que ele era moralmente condenável. As regras do mundo em que estam inseridos eram diferentes e logo o seu comportamento alterou-se.
Eu não acho que seja correcto destruir o que para os outros é importante e simbolicamente ecensial. Para além de isso ser puro egoismo, só mostra uma prepotência exacerbada e estúpida. Que chegassem lá e se pusessem a discutir e ver porque é que pensavam assim e assado, isso sim, é muito bom, agora chegar lá e matar tudo só porque é imoral para eles é estupidez. Se o que eles fizessem não afectasse os outros isso sim, poderiam fazer à vontade, mas de outra forma não.
Maedhros Escreveu:Sim, há mil e uma maneiras de escapar à realidade.
Exacto, e ficar agarrado ao "mundo real" também escapar da realidade.
Maedhros Escreveu:Mas aí é que está o perigo, em adquirir novas ferramentas à custa de outras, em vez de assimilar as novas e manter as velhas. E sim, eu acho que são essenciais. Um exemplo que discuti recentemente com educadores prende-se com o facto de, na nossa geração e nas que agora se estão a formar, se ter perdido muito o sentido de crítica (em relação a tudo o que aparece nos media p.e.) e, pior ainda, a aparente falta de capacidade de mobilização e intervenção social, que condena a médio prazo o funcionamento regular da democracia ocidental. As novas gerações estão demasiado habituadas a absorver informação e a a assimilá-la, mas são completamente incapazes de a processarem e de actuarem sobre ela. E isto deve-se, em grande parte à verdadeira inundação de informação a que estamos habituados, que molda o processo cognitivo num processo altamente passivo.
Estou muito de acordo contigo, mas eu mesmo já perdi algumas ferramentas sociais comuns (acho que sim) e não sou pouco crítico (bem pelo contrário, a meu ver e a ver dos outros)... Isso é um mal comum da nossa sociedade ocidental, mas já foi um mal comum da sociedade também, na era medieval. E nessa altura não havia informação nenhuma. A história é ciclica, maedhros, e por isso é que há fases e fases, e estamos (acredito, principalmente em portugal) numa fase de obscurantismo decadente e medievalesco terrível. Não é por se falar no messenger, é mais pelos morangos com açucar, e também não é só por isso...
Maedhros Escreveu:Mudam-se os tempos, mudam-se as alienações. Mas concordas que o perigo de um mundo virtual é bem superior ao de uma obsessão artística, para além de que move muitos mais milhões... e com um um objectivo menos louvável.
Não é só a arte, é qualquer trabalho desde que a pessoa goste dele. Concordo contigo porque é muito fácil gostar-se de jogos (os jogos são o máximo :D) e é muito fácil para muitos passar-se o dia todo a jogar. A questão está aí. Mas não defendo medidas contra isto, defendo sim que se mudem as mentalidades e que se aumente a consciência de cada um...
Maedhros Escreveu:Tens de vir ao meu departamento, para eu te apresentar pessoal que passa uma semana inteira num quarto a jogar WoW só a parar para dormir umas horitas e ir à casa de banho (sim, porque comer, comem-se umas sandochas enquanto se joga!).
Essa gente recebe dinheiro de onde? :-s (se são ricos é bem feita!!!) Uma pessoa got to make for a living! E a propósito, o meu professor de história e teoria da arqueologia (Vitor Oliveira Jorge, se calhar já ouviram falar, ele é famoso) passa a vida dele TODA a trabalhar para a arqueologia, porque a vida dele é mesmo arqueologia. Ele disse que quando estava no campo a trabalhar sozinho era rara a vez que chegava a casa a horas ou que comia a horas. Cada um com sua alienação, só que a questão aqui é que é fácil para muitos passar o tempo todo a jogar. Eu acho bem que seja fácil, porque só aumenta a nossa possibilidade de escolha.
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Maedhros » sábado 12 ago 2006, 21:45

Morbus Escreveu:Estou muito de acordo contigo, mas eu mesmo já perdi algumas ferramentas sociais comuns (acho que sim) e não sou pouco crítico (bem pelo contrário, a meu ver e a ver dos outros)... Isso é um mal comum da nossa sociedade ocidental, mas já foi um mal comum da sociedade também, na era medieval. E nessa altura não havia informação nenhuma. A história é ciclica, maedhros, e por isso é que há fases e fases, e estamos (acredito, principalmente em portugal) numa fase de obscurantismo decadente e medievalesco terrível. Não é por se falar no messenger, é mais pelos morangos com açucar, e também não é só por isso...
Gostes ou não os morangos com açucar são tal e qual como muitos jogos que por aí andam (alguém vai ficar chateado com esta afirmação :twisted: ) , criando uma realidade alternativa mais agradável e que não tenta em nada puxar pelo intelecto e cultura de quem assiste (será o WoW diferente?). Não nos esqueçamos do que realmente são: produtos de mass media, veículos de marketing cujo objectivo máximo é vender. Welcome to the world of capitalism.

Não tenho nada contra os morangos com açucar, são certamente tão importantes para muitos, como os jogos são para nós, o que me preocupa é que se estão a tornar o padrão cultural das novas gerações. E quem diz os morangos, diz muitos outros programas, jogos, sites e sim, mesmo o messenger pode contribuir para esta alienação da realidade, e para uma crescente despreocupação com aquilo que se passa no mundo real.

Quando os sistemas sócio-económicos em que estamos inseridos colapsarem e necessitarem de reformulações (e há muitos indícios de que isto está para breve), teremos nações de jovens morangos com açucar (ou WoW ou outra coisa qualquer), que nem sequer se aperceberam que o mundo estava a mudar, e que teriam de fazer escolhas sobre o seu destino. A incapacidade (ou falta da necessidade) de intervirmos na nossa sociedade é algo que me preocupa, porque estamos a deixar o futuro em roda livre, sem quaisquer preocupações.

Ao menos no século passado existiam revoluções, mais ou menos bem sucedidas (e intencionadas), o que implica que existia o desejo de mudar. Hoje não vejo nada disso, vejo uma massa uniforme de pessoas apáticas, refugiadas nas suas pequenas vidas e escapatórias, sem questionar nada, nem ninguém. E aí, intervêm os jogos, as televisões, a internet e tudo o resto, que está a meu ver, a ser usada da pior forma. Temos um mundo de informação, e recusamo-nos a usá-lo! Temos um "Admirável Mundo Novo", que está a ruir passo a passo, e tudo o que nos interessa é a nossa próxima dose da droga da nossa predilecção, seja ver os morangos, conversar no messenger sobre quem vimos na discoteca, escrever um sms sobre o resultado do benfica, jogar o WoW, etc. Nada do que eu enumerei tem mal algum, são facetas normais e saudáveis da nossa vida moderna, o problema é que ocupam cada vez mais espaço (tempo) nas nossas vidas, o que não nos deixa pensar, reflectir e actuar.
Morbus Escreveu:Não é só a arte, é qualquer trabalho desde que a pessoa goste dele. Concordo contigo porque é muito fácil gostar-se de jogos (os jogos são o máximo :D) e é muito fácil para muitos passar-se o dia todo a jogar. A questão está aí. Mas não defendo medidas contra isto, defendo sim que se mudem as mentalidades e que se aumente a consciência de cada um...
E isso não é uma forma de lutar contra?
Morbus Escreveu:Essa gente recebe dinheiro de onde? :-s (se são ricos é bem feita!!!) Uma pessoa got to make for a living! E a propósito, o meu professor de história e teoria da arqueologia (Vitor Oliveira Jorge, se calhar já ouviram falar, ele é famoso) passa a vida dele TODA a trabalhar para a arqueologia, porque a vida dele é mesmo arqueologia. Ele disse que quando estava no campo a trabalhar sozinho era rara a vez que chegava a casa a horas ou que comia a horas. Cada um com sua alienação, só que a questão aqui é que é fácil para muitos passar o tempo todo a jogar. Eu acho bem que seja fácil, porque só aumenta a nossa possibilidade de escolha.
Há alienações e alienações... 8)
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Morbus » sábado 12 ago 2006, 22:21

Maedhros Escreveu:Gostes ou não os morangos com açucar são tal e qual como muitos jogos que por aí andam (alguém vai ficar chateado com esta afirmação :twisted: ) , criando uma realidade alternativa mais agradável e que não tenta em nada puxar pelo intelecto e cultura de quem assiste (será o WoW diferente?). Não nos esqueçamos do que realmente são: produtos de mass media, veículos de marketing cujo objectivo máximo é vender. Welcome to the world of capitalism.
Morangos com açucar é uma ficção tolhente que é feita para moldar a cabeça das pessoas. Em certa medida é igual a alguns jogos, mas são pouquíssimos os jogos que são feitos para moldar a cabeça das pessoas (aka jogos moralistas). Além disso, os jogos expressam muitas vezes a realidade pura e crua, enquanto que nas novelas é SEMPRE mundos cor de rosa. Mesmo a escrava isaura sim... São sempre mundos cor de rosa onde o "bem" acaba por vencer, porque senão as velhas não gostavam... Há jogos semelhantes, em certa medida, mas não na sua totalidade.
Maedhros Escreveu:Não tenho nada contra os morangos com açucar, são certamente tão importantes para muitos, como os jogos são para nós, o que me preocupa é que se estão a tornar o padrão cultural das novas gerações. E quem diz os morangos, diz muitos outros programas, jogos, sites e sim, mesmo o messenger pode contribuir para esta alienação da realidade, e para uma crescente despreocupação com aquilo que se passa no mundo real.
Olha! Agora disseste uma coisa que me fez mudar a minha maneira de ver! Não tenho nada contra os morangos! Está mal ter algo contra eles, porque não são eles por si que moldam (á partida) mas sim os espectadores que se deixam moldar. Não! Não tenho nada contra os morangos, tenho é contra quem os vê!!! :twisted:
Maedhros Escreveu:Quando os sistemas sócio-económicos em que estamos inseridos colapsarem e necessitarem de reformulações (e há muitos indícios de que isto está para breve), teremos nações de jovens morangos com açucar (ou WoW ou outra coisa qualquer), que nem sequer se aperceberam que o mundo estava a mudar, e que teriam de fazer escolhas sobre o seu destino. A incapacidade (ou falta da necessidade) de intervirmos na nossa sociedade é algo que me preocupa, porque estamos a deixar o futuro em roda livre, sem quaisquer preocupações.
Não te preocupes. Esta situação não é nova, aconteceu vezes sem conta ao longo da história e muito provavelmente ao longo da pré-história. Se fosse algo inédito, isso sim, seria motivo de preocupação, agora... Tudo se encaminha, não sejamos doomsayers porque doomsayers TODA a vida houve e o doom nunca veio (ou é sempre... :-k )
Maedhros Escreveu:Ao menos no século passado existiam revoluções, mais ou menos bem sucedidas (e intencionadas), o que implica que existia o desejo de mudar. Hoje não vejo nada disso, vejo uma massa uniforme de pessoas apáticas, refugiadas nas suas pequenas vidas e escapatórias, sem questionar nada, nem ninguém. E aí, intervêm os jogos, as televisões, a internet e tudo o resto, que está a meu ver, a ser usada da pior forma. Temos um mundo de informação, e recusamo-nos a usá-lo! Temos um "Admirável Mundo Novo", que está a ruir passo a passo, e tudo o que nos interessa é a nossa próxima dose da droga da nossa predilecção, seja ver os morangos, conversar no messenger sobre quem vimos na discoteca, escrever um sms sobre o resultado do benfica, jogar o WoW, etc. Nada do que eu enumerei tem mal algum, são facetas normais e saudáveis da nossa vida moderna, o problema é que ocupam cada vez mais espaço (tempo) nas nossas vidas, o que não nos deixa pensar, reflectir e actuar.
Entendo bem o que queres dizer. Só me leva a pensar que estamos a ficar, infelizmente, cada vez mais americanizados. Os americanos são assim há muito muito tempo, desde que existem. Podem ter feito coisas muito boas antigamente ou agora, mas nunca deixaram de ser medievalescos (tal como nós, mas de uma maneira diferente). O que é certo é que o desenvolvimento tecnológico pode ajudar mas não é só por ele um indicador de desenvolvimento social. Estamos muito longe ainda de sairmos da pressão da igreja, ainda vai ser preciso passar muitas gerações (claro que, como sabes, a igreja é a grande responsável pelo atraso cultural, tecnológico e cientifico que vivemos, se não sabes lê, mas tu sabes).
Maedhros Escreveu:E isso não é uma forma de lutar contra?
Não. A minha analogia é semelhante áquela das medidas contra a pirataria: penas de prisão ou sencibilização? Eu digo sencibilização.
Maedhros Escreveu:Há alienações e alienações... 8)
Damned... Mas e dinheiro? Como é que eles pagas as contas e as sandes? :|
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Re: Jogos: Reais ou Virtuais?

Mensagem por Maedhros » domingo 13 ago 2006, 0:25

Morbus Escreveu:Morangos com açucar é uma ficção tolhente que é feita para moldar a cabeça das pessoas. Em certa medida é igual a alguns jogos, mas são pouquíssimos os jogos que são feitos para moldar a cabeça das pessoas (aka jogos moralistas). Além disso, os jogos expressam muitas vezes a realidade pura e crua, enquanto que nas novelas é SEMPRE mundos cor de rosa. Mesmo a escrava isaura sim... São sempre mundos cor de rosa onde o "bem" acaba por vencer, porque senão as velhas não gostavam... Há jogos semelhantes, em certa medida, mas não na sua totalidade.
As novelas têm mundos cor de rosa, os jogos têm mundos cor-de-sangue. Quantos jogos não têm mundos cheios de super-heróis capazes de matar tudo e todos e salvar o mundo sozinhos, mundos cheios de mulheres cheias de silicone até aos joelhos, mundos onde tudo acaba bem (mais ou menos um milhão de mortos), mundos onde o bem triunfa sobre o mal? Claro, que como é um meio muito vasto, há de tudo um pouco. Mas esses jogos existem, e são uma grande maioria. E são moralistas, muito moralistas! Talvez não tão básicos como a banhada de clichés e lugares comuns dos morangos, mas mesmo assim moralistas. Os jogos estão a amadurecer, mas ainda têm um longo caminho a percorrer.
Morbus Escreveu:Não te preocupes. Esta situação não é nova, aconteceu vezes sem conta ao longo da história e muito provavelmente ao longo da pré-história. Se fosse algo inédito, isso sim, seria motivo de preocupação, agora... Tudo se encaminha, não sejamos doomsayers porque doomsayers TODA a vida houve e o doom nunca veio (ou é sempre... :-k )
Preocupo-me porque, muito possivelmente, vou viver os erros da minha geração. Não sou fatalista ao ponto de pensar que é o fim do mundo, mas como vou cá estar para sofrer isso na pele... convém preocupar-me!!!
Morbus Escreveu:Entendo bem o que queres dizer. Só me leva a pensar que estamos a ficar, infelizmente, cada vez mais americanizados. Os americanos são assim há muito muito tempo, desde que existem. Podem ter feito coisas muito boas antigamente ou agora, mas nunca deixaram de ser medievalescos (tal como nós, mas de uma maneira diferente). O que é certo é que o desenvolvimento tecnológico pode ajudar mas não é só por ele um indicador de desenvolvimento social. Estamos muito longe ainda de sairmos da pressão da igreja, ainda vai ser preciso passar muitas gerações (claro que, como sabes, a igreja é a grande responsável pelo atraso cultural, tecnológico e cientifico que vivemos, se não sabes lê, mas tu sabes).
Sinceramente já não vejo grande interferência da igreja nesta nova era de obscurantismo iluminado, onde temos toda a informação disponível na palma da nossa mão, e não sabemos o que fazer com ela. Acho que os culpados são a natureza/estupidez humana, o sistema capitalista ultra-liberal sem qualquer contraponto, e claro, o avanço tecnológico e científico sem qualquer tipo reflexão filosófica e humana. Até que ponto tudo aquilo que nos rodeia serve o propósito de uma existência mais feliz e plena?
Morbus Escreveu:Não. A minha analogia é semelhante áquela das medidas contra a pirataria: penas de prisão ou sencibilização? Eu digo sencibilização.
Lutar contra não implica violência. Há várias formas de luta, mesmo que os Americanos e Israelitas não o concebam :twisted: .
Morbus Escreveu:Damned... Mas e dinheiro? Como é que eles pagas as contas e as sandes? :|

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Mensagem por Death Crow » domingo 13 ago 2006, 2:38

Interessante a forma como estão a comparar alguns jogos aos Morangos com Açucar, mais propriamente o WOW. Penso que não será assim tão diferente essa tal alienação que existe relativamente a estes dois produtos. Há jogadores de WOW que se agarram completamente ao jogo (mais uma razão para não o experimentar) e há fans dos MCA que são reproduções da novela. Será saudável ficar completamente à parte do mundo para se integrar num mundo virtual como o de WOW? Eu digo que não por todas as razões que já todos sabem. As necessidades biológicas não são satisfeitas virtualmente o que se pode tornar num grave problema nestes casos.

Outro problema já falado é também o MSN e acrescento as sms's. Pessoalmente não sou amigo das sms's porque há uma grande dificuldade de demonstrar sentimentos o que o MSN já ajuda com os smilies porque isso é que as conversas de café são tão precisas e cada vez há menos. Sim, é preciso que haja uma revolução para que quando for velhinho ainda possa estar a jogar à sueca mais os meus amigos velhos e a beber minis sem ser necessário um computador!

PS.:Escrevi isto mas nem vou ler uma segunda vez o que considero um erro já que o texto deveria ser reformulado! :)
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Mensagem por Bu77erCup242 » domingo 13 ago 2006, 5:14

Acho bastante refrescante ouvi: "produtos de mass media, veículos de marketing cujo objectivo máximo é vender. Welcome to the world of capitalism" mas parace que nos estamos esquecer que quase todos os jogos lançados sao produtos que como unico objectivo trazer lucro a editora. Sera o Spore diferente ou qualquer outro jogo por mais inovador que seja...
Todos os produtos lançados tem com objectivo vender, sera que no cinema nao se passa o mesmo ? Sim o Titanic teve com objectivo levar pessoas ao cinema tal com o Last Days...a diferença esta no publico a que apelam. Existe um produto que satisfaça o teu gosto...seja esse qual for tens e que procurar por ele por isso antes do cliche do "world of capitalism" eu prefiro chamar-lhe o free world. Queres uma comedia romantica comercial ...ha muitas para ver...queres um filme gora basta procurar. Mas nao ha por haver, ha porque no mundo ocidental ja podemos expressar os nossos gostos como quiserer-mos ( sim e relativo mas nao vamos entrar em discuçao entre as liberdades no mundo "capitalista" como lhe chamaram com o resto do planeta ) e todas essa companhias estao dispostas a satisfazer as nossa necessidades em troca dos 20 euros que temos na carteira...

Agora comparar o Warcraft com os Morangos com Acucar....Os Morangos com Acucar e um programa ordinareco enquanto todos os jogos da Blizzard ate ao momento tiveram humor ( com quotes do holy grail entre outras ) e historias da melhor qualidade....

Vi o Libertino do Johnny Deep ha uns dias e lembro-me duma frase do filme "Whem you are young it fun to opose, its fun to be against things" e muita facil criticar o mundo capitalista mas se nao fosse essa onde estavmos agora ? Comprar o wow que fabuloso so pelo seu sucesso com os Morangos com Acucar que sao visto pelo mesmo publico que o Fiel ou Infiel e os malucos do riso...please
Mandem mp se-me quiserem adicionar na vossa Wii ou PS3 :anxious:
"My Mii has a tatoo that says whem Halo 3 is coming out"
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