O fim dos "Jogos para Crianças"

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ICE
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O fim dos "Jogos para Crianças"

Mensagem por ICE » sábado 18 fev 2006, 14:40

Boas gente!

Já lá vai muito tempo desde que comprei a ultima Mega Score, pra lá de um ano, pois não tive oportunidade, mas agora que voltei ao meu doce lar fiz questão de comprar a ultima Mega Score que encontrei. A deste mês de Fevereiro e fiquei muito agradado pela ligeira mudança de visual e pelas novas secções principalmente a das análises dos leitores que torna esta revista cada vez mais próxima do seu fiel público. Parabens!!!

Contudo não foi isso que mais me surpreendeu, nem o que me leva a escrever aqui. O motivo pode parecer "esquizo", mas o facto é que me fez bradar aos céus e dizer FINALMENTE :D

Acabava eu de ler a análise ao novo CM para a PSP e quando viro a página qual não foi o meu espanto quando me deparo com a publicidade à Wilkinson Quattro! Pois, então, publicidade a Mega Score, como qualquer outra publicação, sempre teve, mas esta tem especial relevancia porque acaba de vez com a velha máxima: "Os jogos são para crianças". O facto da Wilkinson ter colocado publicidade à sua nova máquina de barbear demonstra que os jogadores de hoje englobam pessoas de todas as Idades. Os jogos deixaram de "ser pra crianças" e passaram a ter a nova denominação "dos 8 aos 80" e começam a destacar-se cada vez mais como um entretenimento mainstream! Obviamente que não é de relegar o facto que os jogadores da nossa geração são hoje adultos, as crianças continuam a jogar mas os grandes consumidores hoje são mesmo homens de barba rija, o que aliado à mudança de mentalidades que esta geração está a impor eleva os jogos a um novo patamar de "Passatempo" e "entretenimento".

Agora só falta mesmo encontrar um dia publicidade a pensos Evax ou a qualquer produto de beleza da L'Oreal! :D Pois isso significaria que outra barreira para o destacar dos Videojogos tinha caido por terra, a adesão em massa das mulheres a esta forma de entretenimento e com elas, de certeza, surgiriam novas formas de pensar os Videojogos quiça novos géneros, ainda não pensados ou não explorados. Podiamos até ter mudanças significativas em jogos considerados de Machos, como os FPS que trariam uma lufada de ar fresco a este mundo.

Contudo, o mais importante, a meu ver, seria o facto de que a adesão do sexo feminino poria os jogos no mesmo patamar de outras formas de entretenimento, como a musica e o cinema e ajudaria a melhorar significativamente, tanto a nível de conteudos como economicamente esta forma de arte!

Agora que voltei a casa prometo que serei um assiduo participante desta grande comunidade. palavra de Gamer :)
Última edição por ICE em domingo 19 fev 2006, 13:27, editado 1 vez no total.
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Mensagem por pedropaulo » sábado 18 fev 2006, 18:14

Bem vindo ao forum.
Editei o titulo do topico porque não se enquadra no resto da mensagem.

Mas levantas questões interessantes, destaco a publicidade nos jogos.
Serve para conferir realismo ou é só mais uma maneira de ganhar dinheiro?
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Mensagem por ICE » domingo 19 fev 2006, 13:25

Agradeço pedro mas acho que não escolheste bem o nome do tópico.

Eu não falo sobre publicidade. Eu usei a publicidade presente na revista para constatar que este meio de entertenimento está a amadurecer!

Os tópicos que eu trouxe a discussão foram estes:
- O facto de a industria de videojogos e os seus consumidores estarem a amadurecer!
- O facto que os Videojogos começam a ser um entretenimento para todas as idades.
- A falta de interesse do sexo femenino neste mundo e consequentemente como poderá a industria apelar-lhes
- Que beneficios ou desvantagens traria uma adesão em massa das mulheres a esta forma de entretenimento.

Como ves Pedro o meu tópico é sobre tudo menos publicidade. contudo agradeço-te na mesma porque sem duvida que está melhor escolhido que o meu!
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Mensagem por ICE » domingo 19 fev 2006, 13:29

Eu tomei a liberdade de mudar o titulo para algo que me parece mais correcto em relação ao que expus. Espero que concordes! :roll:
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Mensagem por Morbus » domingo 19 fev 2006, 14:00

ICE Escreveu:Como ves Pedro o meu tópico é sobre tudo menos publicidade. contudo agradeço-te na mesma porque sem duvida que está melhor escolhido que o meu!
Ele não se chama Pedro :wink: o nick é pedropaulo mas o nome dele não :P

Anyway, acho que é uma boa questão. Ninguém ia imaginar fazer publicidade a máquinas de bardear numa revista de jogos na altura em que ainda se andava no Mario. De qualquer forma, a questão torna-se ainda mais importante quando se realça que a Wilkinson teve que mostrar interesse em colocar publicidade e pagar por ela numa revista de jogos. É sinal que a própria mentalidade dos empresários está a mudar.

Eu tenho a impressão que a Wilkinson não é portuguesa......... :twisted:

Por outro lado, podemos ver que a média dos users cá do fórum já faz a barda (ou não :lol: ) há alguns anos, ou seja, é uma média de idades relativamente alta. No entanto, é um ideia comum (eu sei isso por experiência própria) que os jogos são para putos... Tsc tsc conservadorismo...
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Mensagem por pedropaulo » domingo 19 fev 2006, 18:10

ICE Escreveu:Eu tomei a liberdade de mudar o titulo para algo que me parece mais correcto em relação ao que expus. Espero que concordes! :roll:
Claro que concordo. Aliás nem deveria ter mudado o titulo mas pareceu-me ser a melhor opção na altura.
Tudo resolvido. :D
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Mensagem por Hunter » segunda 20 fev 2006, 13:11

de facto este tema pode dar "pano para muitas mangas".
ja à muito tempo que os videojogos deixaram de ser um prazer exclusivo das crianças(embora eu me questione se alguma vez foi,pois era frequente ver os pais de vez em quando a jogar um sonic ou mario :P),mas a partir do momento em que começaram a tentar novas tematicas,aí sim,foi definitivamente o momento de viragem.
hoje em dia se repararem bem,quando um jogo tem uma tematica mais simples ou infantil,raramente tem bom acolhimento...
é caso para dizer que as ideias mudaram,e com elas os videojogos tambem
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Mensagem por Morbus » segunda 20 fev 2006, 13:30

Eu ainda sou do tempo em que o melhor jogo era o Mario 64. Ainda me lembro de ver no Templo dos Jogos, na altura em que dava na SIC, a dar-se a nota de 100% a esse jogo. Será que agora se dava, pelo menos, 80%, mesmo com gráficos de agora? :-k mmm não sei...

Por outro lado, se repararem, o factor fundamental para o aumento da idade alvo dos jogos acontecer, é o facto de que aqueles jogos realmente bons que marca e que nos deixam algo cá dentro, que nos modificam e nos deixam ser aquilo que somos depois de os jogarmos, são, na sua maioria, para maiores de 16 ou de 18, ou, pelo menos de 12. Já la vai o tempo do Mario 64 ser o melhor, embora haja PGR3, TOCA Race Driver 3, GT4, PES5... Excelente jogos, sem dúvidas, mas não esses os jogos que nos marcam... E isto porquê? A meu ver é por causa da compontente narrativa e emotiva que é muito presente nos jogos. Isso altera não só a profundidade da experiencia como a experiencia em si, dando um valor e uma complexidade ao jogo, que é de louvar. Mesmo jogos mais restritos e mais simplistas como CoD2 têem essa componente narrativa e emotiva, que, a meu ver, embora nunca o tenha jogado, é aquilo que o torna no jogo que é...

Resumindo, a "culpa" dos jogos estarem a evoluir de idade alvo é da compontente emotiva cada vez mais presente. :D
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Mensagem por ICE » segunda 20 fev 2006, 14:23

Morbus Escreveu:
Resumindo, a "culpa" dos jogos estarem a evoluir de idade alvo é da compontente emotiva cada vez mais presente. :D
Sem duvida alguma Morbus, mas repara os jogos têm dado mais enfase a essa parte emotiva e tentado criar enredos cada vez mais complexos, não porque as editoras se preocupem mas porque os jogadores assim o exigem!

Falaste no Mario64, é um bom exemplo disso, eu na altura que o jogava, provavelmente será também o teu caso, estava-me nas tintas para a sua estória, tudo o que me importava era saber como chegar do ponto A ao B no mais curto espaço de tempo. Hoje, tal como referiste, este jogo pouco ou nada me diria. Os tempos mudaram, as preferências e conceitos de um Videojogo também, não por parte das editoras mas dos jogadores que estão cada vez mais exigentes.

As editoras e produtoras farão sempre aquilo que vende mais e neste momento o que vende mais são os jogos bem construidos a nível gráfico, sonoro, jogabilidade, originalidade e talvez o mais importante enredo.
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Mensagem por Maedhros » segunda 20 fev 2006, 14:47

ICE Escreveu:
Morbus Escreveu:Resumindo, a "culpa" dos jogos estarem a evoluir de idade alvo é da compontente emotiva cada vez mais presente. :D
Sem duvida alguma Morbus, mas repara os jogos têm dado mais enfase a essa parte emotiva e tentado criar enredos cada vez mais complexos, não porque as editoras se preocupem mas porque os jogadores assim o exigem!

Falaste no Mario64, é um bom exemplo disso, eu na altura que o jogava, provavelmente será também o teu caso, estava-me nas tintas para a sua estória, tudo o que me importava era saber como chegar do ponto A ao B no mais curto espaço de tempo. Hoje, tal como referiste, este jogo pouco ou nada me diria. Os tempos mudaram, as preferências e conceitos de um Videojogo também, não por parte das editoras mas dos jogadores que estão cada vez mais exigentes.

As editoras e produtoras farão sempre aquilo que vende mais e neste momento o que vende mais são os jogos bem construidos a nível gráfico, sonoro, jogabilidade, originalidade e talvez o mais importante enredo.
Vives numa economia de mercado, logo, as empresas (produtoras, distribuidoras, ect) só oferecem aquilo que os jogadores compram, e só vendem o que o jogador "quer". É assim, com qualquer produto, artístico ou não. Portanto, não percebo o teu espanto ao afirmares: "não porque as editoras se preocupem mas porque os jogadores assim o exigem!". A tua afirmação, é uma constatação óbvia. As empresas preocupam-se com o lucro, e ele vem dos clientes. Daí que, se eles querem experiências mais complexas e profundas, elas oferecem.

O grande mal, é que, mesmo hoje em dia, o número de jogadores que tem uma idade mais adulta, ainda não atingiu uma massa crítica, de forma a tornarem-se o principal mercado das produtoras. Em geral, para alguém ser adepto de alguma forma de entretenimento (como os jogos), é porque cresceu com ela. Como o mercado dos jogos foi tão recentemente massificado (os 10 anos que se passaram desde o lançamento da psx, nem uma geração formam), as demografias ainda são muito balançeadas para as gerações mais novas (sobretudo adolescentes e jovens) e, logo, o conteúdo é sobretudo feito a pensar nelas.

Como tal, é de esperar, que à medida que o mercado envelheça, também os jogos envelheçam, tornando-se mais maduros e complexos. Obviamente, que para isto ocorrer, os gamers não se podem limitar a envelhecer, têm de exigir experiências mais profundas e mais viradas para novas formas videojogáveis. Infelizmente, isso parece-me que não está a decorrer tão rapidamente como seria desejável, por culpa de um público pouco crítico, que prefere aderir a correntes mais básicas e simplistas em termos estético-narrativos, em vez de investir em experiências novas e artisticamente provocadoras, que acabam por ficar esquecidas nas prateleiras.

A arte dos jogos só evoluirá... quando o seu público evoluir. Se desejam que isso aconteça, só têm de escolher bem a mensagem que querem mandar às empresas quando compram jogos.
"Olive: Grandpa, am I pretty?
Grandpa: You are the most beautiful girl in the world.
Olive: You're just saying that.
Grandpa: No! I'm madly in love with you and it's not because of your brains or your personality. " in Little Miss Sunshine

A ver: "Little Miss Sunshine" de Jonathan Dayton e Valerie Faris
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Mensagem por Morbus » segunda 20 fev 2006, 16:28

Eu nunca joguei Mario 64 :oops:

Quanto ao que o Maedhros disse, concordo plenamente. No entanto, o problema é que ainda estamos na joventude da tecnologia dos jogos, pelo que estes baseam-se basicamente em porrada, porrada e mais porrada, e depois uns aqui e outros aculá que não são. The Movies, The Sims, Guitar Hero, e poucos outros que eu não me lembro. E este facto de estar tudo virado para a violência (não tenho absolutamente nada contra, não sou influenciável) afasta muito do público. Com uma situação internacional instável e preocupante, e ainda para mais cá em Portugal que o único problema é o dinheiro e anda toda a gente a pensar nele, não há muita margem de manbra para se evoluir criativamente. Felizmente a indústria dos jogos, nos países principais, continua a ter apoio e a assumir, cada vez mais, um papel importante na casa de cada um. Isto vai com o tempo, não é preciso ter pressa...

Outro problema são as quantidades exurbitantes de dinheiro que se investe em títulos parados e que não são assim muito creativos (quer-se dizer, não é...), o que deixa a grande maioria dos jogadores como uma massa bruta e, como dizes, não crítica, e que, por outro lado, lhes "tira" o dinheiro que poderia ser gasto noutros títulos mais "diferentes" e originais. Claro que isto envolve muita subjectividade e gosto pessoal, mas, a meu ver, tendo em conta que se considera a saga PES tão boa como a KOTOR, vamos a ver e temos um monte de PES's e dois KOTOR's. E eu considero os KOTOR's muito melhores que os PES's, precisamente pelo estilo, pelo género e pela originalidade e boa execução. Mas o que é certo (acho que) é que PES vende mais num título da série que os dois KOTOR's venderam juntos (digo eu, mas se não é, as diferenças são grandes). E com a grande maioria a gastar dinheiro nos mesmo títulos todos os anos é natural que os jogos menos conhecidos e menos mainstream tenham menos vendas, porque o dinheiro não chega para tudo.

Agora se disser que há muitos jogos bons que eu gostava de jogar mas que não joguei, e se disser que não compro quase nada de mainstream... A oferta é grande, tanto nos mainstream como nos sidestream, o problema é mesmo que os mainstream abafam os sidestream, literalmente roubando-lhes os clientes... :(
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Mensagem por Maedhros » segunda 20 fev 2006, 18:36

Morbus Escreveu:Eu nunca joguei Mario 64 :oops:

Quanto ao que o Maedhros disse, concordo plenamente. No entanto, o problema é que ainda estamos na joventude da tecnologia dos jogos, pelo que estes baseam-se basicamente em porrada, porrada e mais porrada, e depois uns aqui e outros aculá que não são. The Movies, The Sims, Guitar Hero, e poucos outros que eu não me lembro. E este facto de estar tudo virado para a violência (não tenho absolutamente nada contra, não sou influenciável) afasta muito do público. Com uma situação internacional instável e preocupante, e ainda para mais cá em Portugal que o único problema é o dinheiro e anda toda a gente a pensar nele, não há muita margem de manbra para se evoluir criativamente. Felizmente a indústria dos jogos, nos países principais, continua a ter apoio e a assumir, cada vez mais, um papel importante na casa de cada um. Isto vai com o tempo, não é preciso ter pressa...

Outro problema são as quantidades exurbitantes de dinheiro que se investe em títulos parados e que não são assim muito creativos (quer-se dizer, não é...), o que deixa a grande maioria dos jogadores como uma massa bruta e, como dizes, não crítica, e que, por outro lado, lhes "tira" o dinheiro que poderia ser gasto noutros títulos mais "diferentes" e originais. Claro que isto envolve muita subjectividade e gosto pessoal, mas, a meu ver, tendo em conta que se considera a saga PES tão boa como a KOTOR, vamos a ver e temos um monte de PES's e dois KOTOR's. E eu considero os KOTOR's muito melhores que os PES's, precisamente pelo estilo, pelo género e pela originalidade e boa execução. Mas o que é certo (acho que) é que PES vende mais num título da série que os dois KOTOR's venderam juntos (digo eu, mas se não é, as diferenças são grandes). E com a grande maioria a gastar dinheiro nos mesmo títulos todos os anos é natural que os jogos menos conhecidos e menos mainstream tenham menos vendas, porque o dinheiro não chega para tudo.

Agora se disser que há muitos jogos bons que eu gostava de jogar mas que não joguei, e se disser que não compro quase nada de mainstream... A oferta é grande, tanto nos mainstream como nos sidestream, o problema é mesmo que os mainstream abafam os sidestream, literalmente roubando-lhes os clientes... :(
Pois o problema é que não existe um "sidestream" saudável nos jogos. No cinema, ou na música, não é necessário para o sucesso relativo de um autor, infiltrar-se no mainstream. Nos jogos, devido aos motivos que já aqui enumerei (e outros noutros posts), o sucesso para um jogo, implica sempre uma aproximação ao maistream. E isso condena, em geral, os títulos mais arrojados que fujam à norma, deixando pouco espaço para a evolução.

Não existem ainda pequenos (grandes) nichos de jogadores, focados para géneros mais particulares, que permitam a subsistência de títulos menos "comerciais", como acontece no caso dos filmes independentes de Hollywood. Em parte, porque o modelo comercial dos videojogos, ainda é muito penalizador para jogos "low-profile" e claro, porque a audiência para que se dirigem os jogos, ainda ocupa aquela faixa etária mais nova, a quem a acção é mais importante que a narrativa.

Com o tempo, que levará a um amadurecimento inexorável da crítica e do público, os jogos abrirão certamente novas portas em campos estilísticos, formais e de conteúdos, até agora esquecidos por falta de mercados alternativos para explorar essas vias.
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Mensagem por Cyrax » segunda 20 fev 2006, 20:32

A realidade é, como ja foi dito, que as editoras so vendem o que os jogadores querem, nomeadamente a violência, o que consideramos logo como jogos maduros, não para miudos... wrong... Os miudos querem é essa mesma violência, e não é por ter um sinalzinho a avisar que é para maiores de 18 que isto altera-se, daí que os jogos continua a ser para miudos como para adultos, sendo apenas a violência a aumentar, o que não é bom sinal, pois eu até gostava de jogos de "miudos"...
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Mensagem por ICE » segunda 20 fev 2006, 20:58

Cyrax Escreveu:A realidade é, como ja foi dito, que as editoras so vendem o que os jogadores querem, nomeadamente a violência, o que consideramos logo como jogos maduros, não para miudos... wrong... Os miudos querem é essa mesma violência, e não é por ter um sinalzinho a avisar que é para maiores de 18 que isto altera-se, daí que os jogos continua a ser para miudos como para adultos, sendo apenas a violência a aumentar, o que não é bom sinal, pois eu até gostava de jogos de "miudos"...
Eu não disse que os jogos não eram pra miudos! O que eu disse é que este meio de entretenimento está a amadurecer, lentamente ou não, o facto é que este amadurecimento existe e faz-se notar, entre outras coisas, como referi, na publicidade.

Obviamente que os Jogos continuam a ser para miudos, mas hoje também o são para adolescentes, para adultos e para a terceira idade.
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Mensagem por Maedhros » segunda 20 fev 2006, 21:23

ICE Escreveu: Obviamente que os Jogos continuam a ser para miudos, mas hoje também o são para adolescentes, para adultos e para a terceira idade.
Discordo em absoluto com atua última afirmação. O número de jogos cujo mercado alvo são os adultos, neste momento é muito reduzido. Todos os anos, o conjunto de títulos para adultos com distribuições comerciais, reduz-se a um número inferior aos dedos de uma mão.

O que existe, em geral, são jogos, que podem ser jogados por jovens E adultos, ou seja, jogos para jovens, mas suficientemente complexos para que um adulto não se sinta estupidificado. Não jogos para adultos. Mesmo ao longo da minha (curta) vida, joguei muito poucos jogos que mereciam essa categorização.

Não se esqueçam, que para um jogo ser para adultos, tem de ter temáticas adultas, tratadas de uma forma complexa e aprofundada (coisa rara nos jogos), e que apelem à estética, emoção e lógica de um público mais velho. Não basta ter mil explosões, cinquenta litros de sangue e duas ou três cenas de sexo... isso é um jogo para crianças que querem ser adultos. Infelizmente, esta distinção raramente é feita. Até David Jaffe, por quem tenho alguma admiração profissional, caiu neste erro, ao denominar a sua criação "God of War", como um jogo para adultos, quando qualquer adolescente consegue jogar e apreender o significado de todo o jogo. De facto, existem temáticas adultas no jogo, mas daí a dizer que é um jogo PARA adultos, vai uma grande distância.

O mito, de que os jogos já são feitos para adultos, não passa disso mesmo: de um mito. Há ainda muito poucas tentaivas nesse sentido, e tristemente, não costumam ter sucesso. Ísto está a mudar lentamente, e é bom que assim seja, mas ainda está muito longe de ser uma forma de arte madura e consistente.
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