Mensagem
por Morbus » domingo 08 out 2006, 17:31
Crónicas
8 de Outubro de 2006, 18:32
Não frequentei a pré-primaria, e não penso que isso me tenha prejudicado. De facto, isso permitiu que eu tivesse um acompanhamento maior por parte dos meus pais, e não só aprendi certas coisas mais cedo, como também fui (des)contaminado pela sociedade em geral mais tarde.
Quanto entrei para a primária não tive problemas nenhuns. Sempre fui um tipo solitário, algo distante mas bastante extrovertido quando chegava a hora. Desde pequeno que o tinha sido e não foi por entrar para a escola que mudei. Olhava para os outros como amigos, como iguais, mas sempre considerei que, tal como eu, cada um deles tinha a sua própria vida, os seus próprios objectivos e a sua própria maneira de fazer as coisas.
Na primária tinha amigos, bastantes, não porque precisasse muito deles (nunca tive o "melhor amigo" ou algo parecido, sempre me safei por mim próprio), mas antes porque nunca gostei de me dar mal com ninguém. Talvez por isso, ainda me lembro, no terceiro ano, quando um colega meu se decidiu a implicar comigo, eu não tenha reagido ao princípio. Considerava-me fraco, aliás, sempre me considerei fraco até à pouco tempo. Não conseguia reagir e ser forte face a esse meu colega, e acabava por levar pancada. Até que um dia, no terceiro ano, o decidi enfrentar, e desanquei-o literalmente. A partir desse dia esse meu colega passou a respeitar-me e ficamos amigos, até hoje.
Quando entrei para o quinto ano, e mudei de uma escola pequena para uma muito muito maior, as coisas mudaram para mim. Sempre tinha sido bom aluno, e isso não mudou, mas continuava a ser aquele tipo solitário que fazia as coisas por si e não precisava dos outros. Tinha poucos amigos, mas o amigos que tinha era amigos a sério. Dava-me pouco com os mais "populares" e talvez por isso é que acabava por ser o alvo deles muitas vezes, acabando, outra vez, por ser chateado por eles.
Acho que um aspecto que sempre reflectiu bem a minha maneira de ser foi o facto de eu não dar importância nenhuma à escola e quase não a considerar parte da minha vida. Por mais coisas que se passassem na escola, era muito difícil que eu chegasse a casa e dissesse algo à minha mãe, não porque quizesse esconder, longe disso, mas porque simplesmente não sentia nenhuma necessidade. Mais tarde entendi que a "minha vida" nunca fez muito parte do "meu mundo". Apesar de tudo, eu era o lonely guy.
A escola passava e a situação não mudava: poucos mas bons amigos, chateado e implicado por muitos, e acabava por ser uma espécie de outcast, embora fosse bom nas aulas. Mas isso nunca me incomodou.
Quando entrei para o 10 ano e a minha turma mudou radicalmente, tive a opurtunidade de começar do princípio e ver como pessoas que não me conheciam de lado nenhum reagiriam a mim. Tudo parecia ir mais ou menos, embora eu me distanciasse muito, até que, não muito depois das aulas começarem, numa aula de filosofia, eu ter cometido um erro grave eu dizer publicamente (e a sério) que me considerava um génio... Não que isso tenha afectado muito a opinião dos outros sobre mim (sempre tive e continuo a ter uma espécie de aura quando quero), mas todos me começaram a tratar por "geninho".
Isso não me incomodou muito, e, aliás, como sempre me distanciei bastante, essa alcunha assumiu sempre, e até agora, um carácter familiar e de respeito... Até que um dia, já no fim do décimo ano, a maioria da turma se dirigiu, num intervalo, ao banco em que eu estava sentado. Perguntaram-me porque não me dava com o pessoal e porque não andava com eles. Não tive resposta, lembro-me bem, mas lembro-me que eles ficaram por ali. A partir desse dia deixei de me distanciar propositadamente, e passei a acamaradar com eles mais vezes. Posso dizer, no entanto, que nunca puxei por essas relações que passei a ter com eles. Se sou amigo deles, a culpa é deles, e devo agradecer a eles por isso. Mesmo hoje, que já ando na faculdade, continuo a ter fortes relações com a maioria deles.
Também nunca tinha tido uma namorada, e isso era principalmente devido a eu querer sempre fazer tudo por mim. Não que não houvesse raparigas com quem eu simpatizasse particularmente, mas simplesmente nunca fui pessoa de passar muito tempo com os amigos, porque simplesmente não tinha necessidade por aí além. Sempre considerei, e considero, que precisar de amigos é uma fraqueza, e apesar de ser um mal necessário, é um ponto importante na minha ideologia.
Nesses mesmos anos, do ensino secundário, comecei a realmente aperceber-me do como eu realmente sou. E apercebi-me pela reacção dos outros à minha pessoa, e pelas minhas reacções às reacções deles. Muitos também diziam o que pensavam e isso espantava-me. Sempre fui um tipo com ideais bem definidos, mas sempre disposto a questiona-los se assim fosse necessário. Nunca fujia deles (dos ideais) e se fujia era porque os tinha mudado. Além disso, sempre tive um espírito crítico activo e sou muito dado à liderança. Lembro-me assim, agora, das várias vezes em que tomei a liderança de projectos quando mais ninguém estava disposto a tomar. E noto isso dia a dia, nas reacções dos outros a mim.
Ao fim e ao cabo, no secundário, nunca deixei de ser o tipo solitário que sempre fui, mas passei a ter mais amigos, não porque eu quizesse, mas porque eles queriam. I guess that's a good thing ^_^
Quando entrei para a faculdade conheci uma rapariga. Bem, acho que isto acontece a todos, ou à grandessíssima maioria, mas o mais difícil é conhecer a rapariga certa. Não sei se era a certa, mas o que é certo é que só começamos a namorar porque eramos muito semelhantes nas nossas personalidades: pessoas solitárias, que mantinham os seus ideias acima de todas as coisas. No final, aquilo que nos juntou acabou por ser aquilo que nos separou, mas isso já é outra história.
No entanto, durante todo este tempo que tenho estado na faculdade, ainda não consegui sentir realmente que/se isto é a minha vida, e, no fim de contas, aquela sensação de há muito que a "minha vida" não é o "meu mundo" continua, e eu sou e continuo a ser o tipo solitário que sempre fui.
Outro dia fiquei espantado. Sei, tenho a certeza que nunca, jamais, disse que eu sei tudo, e uma das coisas que mais detesto é pensar que sou dono da verdade. Esse é o caminho mais certo para a ignorância. Mas fiquei espantado quando, numa conversa, um colega meu disse que eu é que era o "Mr. Sabe Tudo", e quando eu lhe perguntei porquê, ele disse que eu é que pensava que sabia tudo... Fiquei a pensar nisso durante algum tempo e cheguei à conclusão hipotética de que ele tem complexos por eu ter uma atitude de lider em muitos casos e de ser firme naquilo que penso e que sei. Ao fim e ao cabo, para por isto simples, penso que ele tem é inveja da minha maneira de ser. Não sei... Sei que aquilo que eu lhe disse na altura me deixou a pensar também a mim: "O que interessa numa relação social entre duas pessoas não é uma saber mais que a outra. O que interessa é uma fazer com que a outra pense que a primeira sabe mais." Eu acho que isto é verdade, mas o que interessa aqui é a razão porque disse isto...
Acho que nunca deixei de ser o tipo solitário que sempre fui, desde pequeno, e acho que nunca perdi o espirito de liderança, tal como quando, no primeiro ano, ensinava as contas aos meninos do quarto ano...
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