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Serão os jogos mesmo uma forma de arte????

Sim, Molyneux, Wright, Kojima, Meier, Sakaguchi... todos mestres de uma arte!
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Não, os jogos são entretenimento puro!!!
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Talvez quando acabarem com as infinitas sequelas e o fluxo contante de jogos pouco criativos!
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Mensagem por Morbus » domingo 01 jan 2006, 9:59

Maedhros Escreveu:afinal de contas o que é um jogo senão uma narrativa interactiva ??
Um jogo de tétris!!! [:D] Também é jogo e também é arte... Espero que não te esqueças que quando falas de jogos não está a falar só dos que são mais sonantes, à primeira. :wink:
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Mensagem por Maedhros » domingo 01 jan 2006, 17:27

Morbus Escreveu:
Maedhros Escreveu:afinal de contas o que é um jogo senão uma narrativa interactiva ??
Um jogo de tétris!!! [:D] Também é jogo e também é arte... Espero que não te esqueças que quando falas de jogos não está a falar só dos que são mais sonantes, à primeira. :wink:
E quem disse que o tetris também não tem uma narrativa... abstracta, obviamente! O desenrolar do jogo, visto de uma certa perspectiva, é uma narrativa, tal como a música.

Segundo a wikipedia, existe mesmo uma grande discussão sobre até que ponto certas formas de comunicação não serão mesmo narrativas.

Mas isso seria uma longa história...
De qualquer forma, não compreendo como é que o tetris encaixaria na 1a forma de arte que enunciaste, nem qualquer outro jogo, filme, desenho animado, etc...
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Grandpa: You are the most beautiful girl in the world.
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Mensagem por Golden Echo » segunda 02 jan 2006, 8:50

"Talvez quando acabarem com as infinitas sequelas e o fluxo contante de jogos pouco criativos! "

não é preciso acabarem na minha opinião, tal como os quadros, filmes, musica, também há deles que só são feitos para fazer monte. o Steven Seagal faz muitos filmes e até agora não houve 1 único que gostasse.

e 1 coisa que pode fazer os jogos ganhar o prestigio de obras de arte é a critica de certas pessoas, e a presença de jogos com boa história como Kotor e fanhreit, a história deste último superioriza muitos filmes.
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Mensagem por Maedhros » segunda 02 jan 2006, 10:49

scarface Escreveu:"Talvez quando acabarem com as infinitas sequelas e o fluxo contante de jogos pouco criativos! "

não é preciso acabarem na minha opinião, tal como os quadros, filmes, musica, também há deles que só são feitos para fazer monte. o Steven Seagal faz muitos filmes e até agora não houve 1 único que gostasse.

e 1 coisa que pode fazer os jogos ganhar o prestigio de obras de arte é a critica de certas pessoas, e a presença de jogos com boa história como Kotor e fanhreit, a história deste último superioriza muitos filmes.
Concordo... menos com a parte do "Fahrenheit". A história de "Fahrenheit" é prometedora inicialmente, mas para o fim torna-se uma amálgama de mil e um filmes, sem quaisquer pés nem cabeça. Tudo bem que é melhor que os filmes do Seagal... mas esse não seria um bom termo de comparação.

A verdade é que a característica que Fahrenheit tem que o destaca dos outros jogos, é o de ter uma narrativa mais adulta do que é normal, mas, em geral, qualquer filme e livro têm esse pré-requisito! Ao invés dos jogos, cujo público alvo engloba muitas vezes as crianças e os adolescentes, e consequentemente, acabam por ter argumentos que qualquer criança compreende facilmente. É o equivalente ao que aconreceria no cinema se existisse apenas uma grande maioria de blockbusters "pipoca" sem contraposto...

Aliás este foi um dos factos que eu referi na criação de tópico: um argumento que da forma como está nunca vingaria no cinema ou literatura, é idolatrado no mundo dos videojogos... só serve para mostrar que os videojogos, por comparação, raramente têm argumentos adultos, e ainda mais raramente bons argumentos!

Há por aí jogos com argumentos muito mais bem conseguidos (mesmo que não tenham sido tão bem recebidos), e seria interessante que cada um falasse daqueles que considera estarem à altura de outras formas de arte!
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Mensagem por Newtomic » segunda 02 jan 2006, 13:56

À pois claro tenho de agendar a leitura deste tópico, agora no time... :cry:
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Mensagem por Morbus » segunda 02 jan 2006, 14:37

Bem, agora que lí a notícia "Crítico de cinema arrasa videojogos" vou expressar aqui a minha opinião em relação à mesma. Vou enviar também um e-mail à redacção para que, também eles, aibam a minha opinião.

Quando vi a notícia de como um crítico de cinema norte-americano tinha criticado os videojogos como não sendo nem podendo ser uma forma de arte fiquei literalmente possesso. Possesso por haver pessoas que, pura e simplesmente, espalham as suas opinião sem sequer reflectir ou estudar mais aprofundadamente sobre elas. Pois é. O tal senhor Roger Ebert pode ser muito famoso lá para os Estates (eu nunca ouvi falar dele) como um bom (assim o dizem) crítico de cinema, mas isso não lhe dá o direito de falar daquilo que não (me parece) não sabe.
Esta questão toda acerca de os jogos poderem ou não ser considerados uma forma de arte é, como é óbvio, extremamente subjectiva, pois tudo depende daquilo que entendemos por arte. O conceito é extremamente relativo. Passo a explicar. A forma mais antiga de arte que “conhecemos” é a arte rupestre do Paleolítico Superior. Foi iniciada pelo homem pré-histórico da nossa mesma raça (Homo Sapiens) mas foi criada numa altura em que nem sequer havia (pensa-se) o conceito de arte como actividade puramente espiritual, metafísica e, por assim dizer, secundária. De facto, o conceito de arte, como arte pela arte, surge apenas no século XVIII (salvo erro), muito mais muito tarde, mesmo depois dos tão famosos Gregos que, ainda hoje, são uma marco essencial da escultura. Ainda há pouco tempo (há algumas décadas), e mesmo na actualidade, em certas sociedades, o conceito de arte assume um cariz puramente profissional. Ainda se pode encontrar a palavra Arte como sendo um ofício, ou o resultado deste, no Dicionário da Língua Portuguesa, 5ª edição, da Porto Editora – “arte, s. f. aplicação do saber à obtenção de resultados práticos (arte militar, por ex.); conjunto de processos, mais ou menos ordenados, para atingir um fim, o m. q. técnica (…)”. Actualmente, a generalidade dos países de 1º mundo pensa de maneira diferente….
Pois bem, aquilo que eu actualmente considero ser arte é tudo aquilo que é fruto directo da personalidade, imaginação, originalidade e inspiração de algum indivíduo ou grupo de indivíduos, e que é feito no sentido puro e simples de exercício dessas mesmas capacidades, mesmo que associado a outras necessidades. Exemplifico: quando nos vemos numa situação apertada, somos obrigados, muitas vezes, a utilizar a nossa imaginação e inspiração de uma forma mais activa (sempre com a nossa personalidade e originalidade como fundos, claro) mas com o fim de nos desenrascar. Mas isso não é arte. Arte é a arte pela arte, como exercício da nossa imaginação, inspiração e personalidade com o simples objectivo desse mesmo exercício, ou de o mostrar aos outros. Mesmo quando, por exemplo, um designer desenha uma cadeira toda futurística (pois o design é uma arte) associando-a ao simples facto de a cadeira ter uma utilidade prática, o design dessa cadeira foi criado simplesmente para agradar à vista (ou mesmo por puro exercício das capacidades do artista) visto que não há necessidade de designs complexos e inovadores para que uma cadeira tenha utilidade prática.
Vista toda esta complexidade e subjectividade no que toca a definição de Arte, eu só posso concluir que, quando o Sr. Ebert diz que este media (os videojogos) está, e cito, “longe, muito longe de jamais poder ser considerado uma obra de arte”, estamos, com certeza, a falar de coisas diferentes, certamente no que toca a definição de arte, e muito provavelmente no que toca à ideia que temos sobre os videojogos.
A posição que o crítico assume (“pelo que sei, nunca ninguém ousou comparar um jogo aos grandes dramaturgos…”) leva-me a crer que o senhor não joga, nunca jogou, e nem sequer tem intenções de jogar (que me perdoe se estou enganado). Parece-me que só conhece simplesmente aquilo que vê desta indústria, actualmente, ou seja, gráficos bonitos (para os standards actuais) e, como ele diz, “uma experiência visual” “artisticamente interessante”, e que os jogos “podem ser elegantes, subtis sofisticados e visualmente belos”…
Primeiro que tudo, a ideia de que a arte tem que ser algo belo está, actualmente, posta de parte, e só os mais conservadores (não admira que o Sr. seja americano) mantêm essa ideia. Além disso, é tão arte um “Resident Evil 4” como um “Golden Axe”. Se consideramos videojogos, consideramo-los a todos e não excluímos nenhuns. Por isso, se queremos considerar os jogos como uma forma de arte apenas (e sublinho, apenas e só) pelo seu cariz visual, o nosso argumento cai por terra. Por isso não é justificável nem válido que se ataque unicamente este ponto.
Mas Roger Ebert parece saber isso e apresentou também outro argumento (o outro dos dois únicos argumentos que são apresentados na notícia da MegaScore). Além deste dois argumentos (debato a seguir o segundo), “o mais reputado crítico de cinema norte-americano, Roger Ebert” não faz mais que atacar a indústria dos videojogos com simples afirmações injustificadas.
A questão que me parece ser o argumento central da sua opinião é que “os videojogos, pela sua natureza, exigem escolhas ao jogador, que é o oposto da estratégia adoptada nos melhores filmes e obras literárias que requerem um forte controlo autoral”. Agora passo a refutar:
Primeiro ponto: não são só os melhores filmes e obras literárias que adoptam a estratégia de um forte controlo autoral. São mesmo todos os filmes e obras literárias.
Segundo ponto: que os filmes e os livros são obras de “uso” normalmente (que depende, obviamente, do “utilizador”) passivo, é um facto. O problema desta sociedade é também o excesso de passividade por parte da generalidade das pessoas…
Terceiro (e principal) ponto: este senhor parece querer esquecer-se da arquitectura e mesmo da escultura. Desde quando é que uma obra arquitectónica não requer uma interacção do observador com a obra? E mesmo na escultura. Certas obras requerem também que o observador as contemple de uma maneira activa, movimentando-se à volta dela, observando-a de várias perspectivas (essa, a título de curiosidade, foi uma inovação que os Gregos trouxeram). Atacar o facto de os jogos exigirem uma atitude activa por parte do “observador” é algo, no mínimo, estranho, pois, se é esse o caso, deve-se também atacar a arquitectura e a escultura (e talvez também certos quadros e desenhos)! Pois que o faça! Não sei se o consegue fazer de uma forma sustentada, mas que o faça e que seja coerente consigo próprio (não tenho conhecimento que Ebert negue a arquitectura e a escultura como sendo formas de arte).
Quarto ponto: desde quando é que os jogos não requerem um controlo fortemente autoral? Se não o tivessem, ai sim, deixariam de ser arte para passarem a ser, como o senhor diz, “um simples trabalho de artesão”, pois passariam a ter uma perspectiva generalizada em que o(s) autor(es) não teria(m) intervenção pessoal. Esse jogo não chegou e duvido que alguma vez chegue a ser feito. Se pensam que, ao modificar um carro de corridas em Need for Speed – Underground 2 estão a criar algo de novo estão muito possivelmente enganados. O que estão a fazer é algo que os produtores do jogo já tinham pensado que seria possível fazer. Em Fahrenheit, quando se modifica a história toda e se segue um caminho impressionantemente inovador, a história que se desenrola não é nada que os autores do jogo não tenham criado. Pensar que somos livres e que criamos algo de novo nos jogos (seja o jogo que for) é um erro e deve ter-se isso sempre em mente. Obviamente, jogos como The Movies fogem a esta teoria, mas fogem apenas se os considerar-mos como jogos. Para mim The Movies é um jogo, mas é também uma ferramenta, uma ferramenta que nos permite criar algo de facto novo, assim como um Adobe Photoshop o permite também. Portanto, o facto do jogador ter uma posição interventora no usufruto da obra não quer dizer que a obra e a sua integridade esteja sujeita às escolhas do jogador. Será sim a percepção que o jogador tem da obra que está dependente da atitude daquele, tal como a percepção que um observador de escultura moderna tem ao observar um peça depende da sua atitude face à mesma, e da posição e perspectiva que toma para a observar. O facto de o observador ter que alterar a sua postura para “desbloquear” partes até então escondidas de uma obra de arte não tira valor à obra em si, antes acrescentam-lhe.
A notícia termina de uma maneira estranha: “Que um jogo possa ser artisticamente interessante como uma experiência visual, eu aceito. Mais do que isso, não”. Pois senhor Ebert. É a sua opinião e todos devemos respeitá-la (embora também devamos por a sua veracidade em causa). Mas, para defender algo (ou atacar), é necessário fundar as nossas opiniões. Será que esta opinião é fundada? A meu ver, não…
Esta é a minha opinião, e aqui tentei justificá-la.

*desculpem o post longo... 8-[ *
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Mensagem por Maedhros » segunda 02 jan 2006, 15:21

Bom post Morbus :D mas podias ter feito uma edição melhor :wink:

Só algumas questões da minha parte:

1. Acho que as múltiplas definições de arte aqui postadas são o suficiente para nos entendermos, pena o sr. Ebert nem sequer ter jogado jogos suficientes para perceber o que é óbvio.

2. Que "Resident Evil 4" seja tão arte como "Golden Axe", tudo bem, mas tens de admitir que há arte e Arte, sendo que muitas vezes há muita arte que mais valia ser lixo (os filmes do Seagal :twisted: )

3. Acho que tens toda a razão na parte da perspectiva do jogador... mas o que sr. Ebert quer mostrar na questão do autor, não se limita a isso.

Ele quer mostrar que ainda não existe nos videojogos aquilo a que normalmente se refere por arte de autor, i.e. arte cuja técnica, narrativa, estética, objecto, etc. esteja profundamente marcada pelo autor dessa obra, tornando-se ela própria no modelo de uma corrente artística - beethoven na música, saramago na literatura, kubrick no cinema são bons exemplos de arte de autor.

E, apesar de discordar dele, tendo até colocado na votação alguns dos mais conhecidos autores de videojogos, a verdade é que faltam aos videojogos mais autores corajosos e com uma visão própria para criarem jogos de autor, com correntes estético-narrativas e de jogabilidade singulares neste mundo já tão saturado de réplicas (sequelas ou não) e de inspirações hollywoodescas baratas...

E isso também se prende muito com a questão das correntes artísticas, tão limitadas no meio, que até estes poucos autores têm dificuldade em quebrar nos seus jogos.
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Mensagem por Morbus » segunda 02 jan 2006, 15:58

Queres dizer qu os nomes dos autores não se sobressaem? Queres dizer que ele estava a puchar para o facto de os autores não se sobressairem e não criarem nomes nem estilos pessoais nos videojogos?

Se é isso, antão cá vai: :D

Então não têm estilos pessoais? Então toda a gente não sabe o que é um jogo dos Wizards of the Coast, ou um jogo da Blizzard? Ou um jogo de estratégia da EA? Ou então um jogo da Atari? Eles não têm estilos próprios? Eles não criam algo que só eles criam?

Acho que entendi bem a questão. O problema é que estão todos à procura de um nome singular para autor, quando os jogos são feitos por equipas, muitas vezes de milhares de pessoas. Os autores são empresas, equipas e grupos de designers de jogos...

Também não te esqueças nomes poucos sabem porque os staffs são muito grandes e poucos têm paciência para ler nomes que nunca ouviram nem viram, e que nem devem voltar a ver. No entanto, uma boa banda sonora no staff é um bom truque. Eu já vi o staff do Regresso do rei umas 100 vezes... :P
Última edição por Morbus em segunda 02 jan 2006, 16:02, editado 1 vez no total.
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Mensagem por Prime Operative » segunda 02 jan 2006, 16:02

Concordo em certos pontos com o Sr. Ebert...

Hoje em dia, os videojogos em geral não podem ser considerados uma arte, não devido ao que são mas devido à própria indústria.

Quer dizer, se formos a ver bem o mercado, vemos que os videojogos estão "abafados" nas diversas categorias, com raras obras verdadeiramente originais.

Essencialmente, parece-me que ao contrário do que acontece com os filmes (às vezes, isto é), os videojogos são vistos pela maioria das empresas apenas como um negócio e não como uma oportunidade de mostrar ao mundo o que vai dentro da cabeça dos seus criadores.

Ainda assim, parece-me que o crítico falou sem conhecimento de causa. Apesar de serem raros, há aí jogos que mexem com as pessoas. Acho que o FFVII é sobrevalorizado (se bem que na altura não pensava assim), mas obras como Planescape: Torment, MGS3 e Fallout (entre outros) têm algo nelas que vai para além do jogo. E se isso não é arte, bom... Não sei o que será.
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Mensagem por Morbus » segunda 02 jan 2006, 16:08

Prime Operative Escreveu:Concordo em certos pontos com o Sr. Ebert...

Hoje em dia, os videojogos em geral não podem ser considerados uma arte, não devido ao que são mas devido à própria indústria.

Quer dizer, se formos a ver bem o mercado, vemos que os videojogos estão "abafados" nas diversas categorias, com raras obras verdadeiramente originais.

Essencialmente, parece-me que ao contrário do que acontece com os filmes (às vezes, isto é), os videojogos são vistos pela maioria das empresas apenas como um negócio e não como uma oportunidade de mostrar ao mundo o que vai dentro da cabeça dos seus criadores.

Ainda assim, parece-me que o crítico falou sem conhecimento de causa. Apesar de serem raros, há aí jogos que mexem com as pessoas. Acho que o FFVII é sobrevalorizado (se bem que na altura não pensava assim), mas obras como Planescape: Torment, MGS3 e Fallout (entre outros) têm algo nelas que vai para além do jogo. E se isso não é arte, bom... Não sei o que será.
FALLOUT!!!! Granda jogão!!! Concordo plenamente contigo nesse teu último ponto. Mas tens que ter em conta que lá por haver maus quadros, feitos como retratos pagos e toca a andar, não quer dizer que a pintura não seja arte. O mesmo acontece com os jogso.

O problema dos jogos é que eles têm uma vertente ecensialmente funcional: divertir. Os produtores aproveitam-se disso para mandar lixo cá para fora. Mas não é por causa de alguns que todos são maus. Há boas e más obras de arte, sendo que umas quase que nem o deviam ser. E às vezes não são mesmo, são uma pura mistura de ingredientes sem imaginação e originalidade nenhumas, são só execuções, não obras de arte...
...
...
...Tens razão. Nem todos os jogos são obras de arte... :? Mas isso eu já sabia... :P Muitos são apenas execuções técnicas.
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Mensagem por Maedhros » segunda 02 jan 2006, 16:19

Morbus Escreveu:Queres dizer qu os nomes dos autores não se sobressaem? Queres dizer que ele estava a puchar para o facto de os autores não se sobressairem e não criarem nomes nem estilos pessoais nos videojogos?

Se é isso, antão cá vai: :D

Então não têm estilos pessoais? Então toda a gente não sabe o que é um jogo dos Wizards of the Coast, ou um jogo da Blizzard? Ou um jogo de estratégia da EA? Ou então um jogo da Atari? Eles não têm estilos próprios? Eles não criam algo que só eles criam?

Acho que entendi bem a questão. O problema é que estão todos à procura de um nome singular para autor, quando os jogos são feitos por equipas, muitas vezes de milhares de pessoas. Os autores são empresas, equipas e grupos de designers de jogos...

Também não te esqueças nomes poucos sabem porque os staffs são muito grandes e poucos têm paciência para ler nomes que nunca ouviram nem viram, e que nem devem voltar a ver. No entanto, uma boa banda sonora no staff é um bom truque. Eu já vi o staff do Regresso do rei umas 100 vezes... :P
Acho que aquilo a que tu chamas um estilo próprio está muito longe daquilo que existe no cinema ou na literatura.

Daqueles que enunciaste, poucos eras capaz de afirmar com certeza que eram de A ou B. Só para dar um exemplo, exceptuando os os rpg's mais recentes da Bioware que têm uma marca muito característica (o estilo da narrativa), dificilmente consegues apontar a um rpg (pc) e dizer: vem do(s) autor(es) X. São todos tão idênticos a nível de premissas e conceitos estéticos que é muito difícil, baseando-te unicamente na obra, de desocbrires o(s) autor(es). No cinema, é facílimo dizer que um filme é de Burton, Cronenberg, Spielberg, Tarantino, and so on!

Não quer dizer que não existam jogos de autor! A Bioware, Molyneux e Kojima (entre outros) têm um cunho de autor, mas é muito pouco para uma forma de arte que tem milhares de obras todos os anos...

Ainda por cima, todos os anos apenas somos graceados com uma ou duas obras verdadeiramente inovadoras e que fogem à corrente do realismo. Este ano foi o ano de Killer7 e Shadow of the Colossus, mas é preciso muito mais para haver muita diversidade!

Prime Operative Escreveu:Concordo em certos pontos com o Sr. Ebert...

Hoje em dia, os videojogos em geral não podem ser considerados uma arte, não devido ao que são mas devido à própria indústria.

Quer dizer, se formos a ver bem o mercado, vemos que os videojogos estão "abafados" nas diversas categorias, com raras obras verdadeiramente originais.

Essencialmente, parece-me que ao contrário do que acontece com os filmes (às vezes, isto é), os videojogos são vistos pela maioria das empresas apenas como um negócio e não como uma oportunidade de mostrar ao mundo o que vai dentro da cabeça dos seus criadores.

Ainda assim, parece-me que o crítico falou sem conhecimento de causa. Apesar de serem raros, há aí jogos que mexem com as pessoas. Acho que o FFVII é sobrevalorizado (se bem que na altura não pensava assim), mas obras como Planescape: Torment, MGS3 e Fallout (entre outros) têm algo nelas que vai para além do jogo. E se isso não é arte, bom... Não sei o que será.
Concordo 100% (finalmente), esses 3 títulos são muito bons exemplos do que tenho tentado afirmar, verdadeiras obras de arte.
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Mensagem por Maedhros » segunda 02 jan 2006, 16:31

Morbus Escreveu:
Prime Operative Escreveu:Concordo em certos pontos com o Sr. Ebert...

Hoje em dia, os videojogos em geral não podem ser considerados uma arte, não devido ao que são mas devido à própria indústria.

Quer dizer, se formos a ver bem o mercado, vemos que os videojogos estão "abafados" nas diversas categorias, com raras obras verdadeiramente originais.

Essencialmente, parece-me que ao contrário do que acontece com os filmes (às vezes, isto é), os videojogos são vistos pela maioria das empresas apenas como um negócio e não como uma oportunidade de mostrar ao mundo o que vai dentro da cabeça dos seus criadores.

Ainda assim, parece-me que o crítico falou sem conhecimento de causa. Apesar de serem raros, há aí jogos que mexem com as pessoas. Acho que o FFVII é sobrevalorizado (se bem que na altura não pensava assim), mas obras como Planescape: Torment, MGS3 e Fallout (entre outros) têm algo nelas que vai para além do jogo. E se isso não é arte, bom... Não sei o que será.
FALLOUT!!!! Granda jogão!!! Concordo plenamente contigo nesse teu último ponto. Mas tens que ter em conta que lá por haver maus quadros, feitos como retratos pagos e toca a andar, não quer dizer que a pintura não seja arte. O mesmo acontece com os jogso.

O problema dos jogos é que eles têm uma vertente ecensialmente funcional: divertir. Os produtores aproveitam-se disso para mandar lixo cá para fora. Mas não é por causa de alguns que todos são maus. Há boas e más obras de arte, sendo que umas quase que nem o deviam ser. E às vezes não são mesmo, são uma pura mistura de ingredientes sem imaginação e originalidade nenhumas, são só execuções, não obras de arte...
...
...
...Tens razão. Nem todos os jogos são obras de arte... :? Mas isso eu já sabia... :P Muitos são apenas execuções técnicas.
Sim, mas o verdadeiro problema é a proporcionalidade entre a quantidade de titulos originais e os mainstream... No cinema, por haver uma indústria mais matura e multi-facetada não existe tanto esse problema (mesmo em Hollywood), mas nos jogos apenas obtemos um punhado de títulos bons e originais todos os anos.

E a questão do divertimentio não é única aos jogos, o cinema tem o mesmo paradigma. Se bem que eu discordo da limitação da arte ao divertimento (acho isso uma mentalidade muito fechada e que renega muitas das obras primas que se criaram ao longo dos anos), acho que o divertimento é importante para certas correntes, mas mesmo nelas pode haver divertimento, criatividade e inteligência, sem qualquer exclusão.

No entanto, para haver investimento nessa matéria é necessário que o público seja mais exigente, coisa que não é!

Quando obtivermos um número considerável de autores criativos e artisticamente singulares, e um número de correntes artísticas equivalente a outras formas de arte (e isso não se prende apenas com géneros videojogáveis, mas sim com estilos estético-narrativos), teremos dado um grande passo na evolução desta arte embrionária, momento em que senhores como Ebert terão de se render às evidências.
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Mensagem por Morbus » segunda 02 jan 2006, 16:40

Maedhros Escreveu:Quando obtivermos um número considerável de autores criativos e artisticamente singulares, e um número de correntes artísticas equivalente a outras formas de arte (e isso não se prende apenas com géneros videojogáveis, mas sim com estilos estético-narrativos), teremos dado um grande passo na evolução desta arte embrionária, momento em que senhores como Ebert terão de se render às evidências.
"There are so many games to play, so much to know... There are so many good stories out there... I spend most of my time playing! But, nonetheless, i can't know all of those good games i wished to know..." By Richard Waterson, um net-friend meu

Tradução: há tantos jogos para jogar, tanto para saber... Há tantas boas histórias por aí... Gasto a maior parte do meu tempo a jogar! Mas, mesmo assim, não consigo conhecer todos os bons jogos que gostava de conhecer...
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Mensagem por Maedhros » segunda 02 jan 2006, 16:55

Morbus Escreveu:
Maedhros Escreveu:Quando obtivermos um número considerável de autores criativos e artisticamente singulares, e um número de correntes artísticas equivalente a outras formas de arte (e isso não se prende apenas com géneros videojogáveis, mas sim com estilos estético-narrativos), teremos dado um grande passo na evolução desta arte embrionária, momento em que senhores como Ebert terão de se render às evidências.
"There are so many games to play, so much to know... There are so many good stories out there... I spend most of my time playing! But, nonetheless, i can't know all of those good games i wished to know..." By Richard Waterson, um net-friend meu

Tradução: há tantos jogos para jogar, tanto para saber... Há tantas boas histórias por aí... Gasto a maior parte do meu tempo a jogar! Mas, mesmo assim, não consigo conhecer todos os bons jogos que gostava de conhecer...
Concordo plenamente. Eu próprio sinto o mesmo, mas mantenho o que disse, porquê?

1º. Um bom jogo não é mesmo que boa arte... pelo menos na minha perspectiva! Nunca chamaria a Resident Evil 4 um excelente exemplo de uma nova arte (no sentido universal), embora seja um excelente jogo. Planescape Torment tem algumas deficiências no plano da jogabilidade mas é um excelente exemplo de criatividade e arte.

2º. Mesmo esses bons jogos que saiem, muitas vezes não são muito criativos, veja-se o caso do novo Need For Speed, um bom jogo, mas será assim tão criativo?

3º. Reafirmo, a quantidade de títulos criativos e de qualidade é muito pouca quando comparada com o cinema ou literatura, onde aí é que é mesmo impossível manteres-te ao corrente do melhor que se faz. Um dos maiores críticos de cinema português vê mais de mil filmes por ano e mesmo assim não consegue ver tudo o que desejaria, ora eu não creio que haja mil jogos interessantes todos os anos...

4º. Tal como a literatura (talvez ainda pior), os jogos têm o problema da duração, alguns demorando mesmo uma centena de horas para explorar convenientemente, o que torna um jogo muito mais demorado de experienciar que qualquer outra forma de arte. Felizmente, é algo que está a mudar, pois pessoalmente já me farta o dogma de quantidade sobre qualidade, algo que também é fruto de uma arte precoce.
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Mensagem por Prime Operative » segunda 02 jan 2006, 16:57

Não tem muito a ver com o assunto, mas estou-me agora a lembrar de um gajo que disse num fórum que os jogos são superiores ao cinema...

"E qual era a justificação dele?", perguntam vós.

Essencialmente, que não houve nenhum filme nos últimos 20 anos que tivesse uma história superior à do Final Fantasy VII.

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