Crise ou Elitismo?

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Estão realmente os jogos em Crise, ou são as nossas exigências que se encontram muito elevadas?

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pedropaulo
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Mensagem por pedropaulo » sábado 20 jan 2007, 18:32

Bom tópico sem duvida , apesar de o termo elitista não ser, na minha opinião , o mais adequado, afinal o que é um jogador elitista?
Como tive oportunidade de dizer num outro tópico existe de facto um desanimo e um afastamento dos jogos em geral e dos géneros que mais me marcaram.
Acredito que á semelhança de um livro, filme ou musica somos marcados por um jogo quando existem uma série de circunstancias que assim o permitem, sejam sob a forma da idade do espaço ou do estado de espírito.Obviamente a qualidade em pontos que cada um considera de valor é também fundamental, o que significa que hoje OT ou HL não teriam o mesmo efeito.

Com o passar dos anos sobrepõem-se filas de títulos muitos deles copias de copias que servem apenas para engrossar o sentimento que de facto as coisas já não são como antigamente.
Este sentimento não torna ninguém elitista ou intelectual dos jogos mas espelha de facto o que se passa em certa medida com alguns jogadores e com os jogos.
Repare-se no fenómeno interessante que é porventura fruto desta desilusão no qual um grande numero de jogadores em faixas etárias que não eram tradicionalmente conotadas ao jogos tenham optado por voltar ás origens e comprem hoje a DS ou a Wii símbolos do jogo descomprometido.

A incapacidade de os jogos , ou jogadores, crescerem juntos enfim evoluírem, em campos que antes faziam a diferença, creio ser o grande factor para a crise de meia idade nos jogadores.
Incapazes os jogos ou jogadores, e repito-o porque de facto não sei quem se perdeu de quem, de encontrarem o divertimento original sob a forma de um complexo desafio mental ou a simplicidade de carregar em botões, ou se afastam dos jogos ou como disse antes optam por sistema mais simples.

Depois há a concepção, errada, de que quem anda desiludido não gosta dos jogos. Nada mais errado, adoro jogos e por isso espero sempre melhor e mais deles.
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ricky_insane
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Mensagem por ricky_insane » sábado 20 jan 2007, 19:05

Houve uma altura em que os jogos pareciam estar a deixar de lado as narrativas e a apostar em géneros de jogo imediatos, como os FPS ou a estratégia. A "história" de alguns jogos resumia-se a alguns conceitos e lugares comuns que de interessante nada tinham..foi numa época em que as aventuras point n' click começaram a desaparecer.. (à coisa de 5 ou 6 anos).

Não digo com isto que os jogos não eram bons, e claro que alguns continuavam a destacar-se, mas que para os que estavam habituados a jogos com grandes narrativas se sentiram um pouco aparte. Falo de mim, que dei por mim a jogar jogos antigos em detrimento dos jogos que saiam no mercado. Procurava aqueles jogos cuja história nos prendia. Na minha opinião esse foi o tempo "negro" dos videojogos.

Felizmente mudou. Como sabem até os FPS têm grandes histórias e mesmo os RTS.

Isto para dizer que a crise que poderá existir nos videojogos pode em parte ser causada pelos jogadores e pelas suas atitudes. Uma produtora de jogos tem tendencia a seguir o que as massas preferem. Mas penso ainda que isso é coisa do passado e cada vez mais os criadores de jogos (nem todos!) dão apenas a atenção necessária às massas e põe muito mais de si próprios nos jogos, e temos como exemplos Psychonauts, Shadow of Colossus ou o "desconhecido" Vigil...

Quanto a elitistas não sei se os há, mas poderia defini-los como os amantes da arte de jogar, que não se contentam com jogos mediocres que exploram filões de ouro que apenas brilha por determinado tempo.
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Morbus
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Mensagem por Morbus » sábado 20 jan 2007, 19:10

ricky_insane Escreveu:Não digo com isto que os jogos não eram bons, e claro que alguns continuavam a destacar-se, mas que para os que estavam habituados a jogos com grandes narrativas se sentiram um pouco aparte. Falo de mim, que dei por mim a jogar jogos antigos em detrimento dos jogos que saiam no mercado. Procurava aqueles jogos cuja história nos prendia. Na minha opinião esse foi o tempo "negro" dos videojogos.
Pois, para mim, esse tempo ainda está presente... [xx(]
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Mensagem por icekimi » sábado 20 jan 2007, 20:15

Um bom tópico, mas muito complexo.

Em relação a se os jogadores são demasiados exigentes, vou dar o exemplo do cinema, todos os anos somos invadidos por centenas e centenas de filmes mediocres, mas que fazem bem o seu objectivo, entreter as massas. infelizmente as grandes massas não gostam de ver filmes como "Memento", "Lost in translation", "Mulholand drive", são chatos, confusos, e pior que tudo tem que se pensar. Elas querem gastar dinheiro para passar 2 horas a divertirem-se e a passar um bom tempo, algo compreensivel.
Mas claro que também temos a possiblidade de ver um punhado de grandes filmes, mas que não são para todos, são para quem gosta antes de tudo de ver boa arte em vez de divertimento.

Em relação aos jogos vejo algo semelhante, uma carrada de jogos para massas, com pouca creatividade e doentes de "sequelite" (FIFAs, NFS etc), e outros que são feitos para agradar a uma minoria.
Para essa minoria é obvio que nunca irão estar satisfeitos com o estado da industria, já que a grande maioria dos jogos não são (nem irão ser) feitas para elas.

Vamos pegar num exemplo, o recente NFSCarbon, tem muito bons gráficos, uma cidade inteira para andar uma serie de carros etc. não posso dizer que seja um mau jogo, faz bem o que lhe compete, divertir, mas obviamente para pessoas que vem do mundo dos sims, é claro que o nivel de exigencia é muito superior a de um jogador casual, por isso invariávelmente irão afastar-se do jogo.

O mesmo se passa nos outros géneros, por exemplo nos FPS, uma pessoa que tem jogos como rainbow 6, Swat é normal não apreciarem os COD pela falta de realismo, ou um seguidor de HL não aprecie um UT por falta de história.

Epah espero ter-me feito entendido, isto dava para escrever um livro! :D
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Mensagem por NEC » sábado 20 jan 2007, 21:28

O que é que o pessoal quer dizer com os jogadores elitistas :oops: ?
\\\"o poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente\\\" :-({|= :-({|= \\:D/ \\:D/
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Mensagem por ICE » sábado 20 jan 2007, 21:49

NEC Escreveu:O que é que o pessoal quer dizer com os jogadores elitistas :oops: ?
Talvez o termo não esteja bem empregue mas como elite, refiro-me aos jogadores, Old-School que já andam nesta vida aos anos e que já viram, reviram e voltaram a rever estas industria.
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Mensagem por Winjer » sábado 20 jan 2007, 22:59

Quando andamos muito tempo metidos em algo como o mundo dos videojogos é normal que a nossa capacidade de sermos surpreendidos diminui progressivamente. Mas isto não é algo exclusivo dos videojogos e posso dar um exemplo meu recente:

No ano passado comecei a ler uma série de Livros chamada " The Belgariad". É uma colecção de 5 livros de David Eddings. São livros fantásticos, com uma narrativa divinal, personagens muito carismáticas e cheios de momentos mágicos que empolgam o leitor. Há pouco comecei a continuação dessa série cujo nome é "The Malloreon". Continua a ser tudo de excelente qualidade, mas o efeito novidade já é bem menor, e já estou habituado á qualidade da narrativa e das personagens........mas a capacidade de me surpreender já foi perdida e isso faz com perca um pouco o interesse.
Claro que continuo a ler com gosto, mas já não é aquele mundo novo que descobri no inicio.....e isso é algo que sinto falta.

O mesmo me acontece com os jogos. Já vi muita coisa e joguei muita coisa para me conseguir surpreender como no inicio. E a surpresa de nos confrontarmos com um mundo novo é algo de muito valor.
A Jogar: Final Fantasy XII; Counter Strike Source; God of War 2
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Mensagem por DesertStorm » domingo 21 jan 2007, 0:08

Estão realmente os jogos em Crise, ou são as nossas exigências que se encontram muito elevadas?


se eu responder sim ao ke chegamos? e se responder não?


é melhor formular outras respostas do tipo

-Os jogos estão realmente em crise
-As nossas exigencias é ke são elevadas
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Mensagem por Hunter » domingo 21 jan 2007, 1:21

Apesar de muitos jogos cingirem-se a formulas e ideias classicas, temos que admitir que a qualidade geral de muitos deles tem vindo a diminuir... e nao acredito que sejamos nos que estamos tao exigentes, mas sim as editores que exigem que certos jogos saiam apressadamente ( leia-se EA) e por vezes esses jogos acabam por vir com inumeros erros e sem qualquer tipo de inovaçao...
A jogar: Final Fantasy XII, God of War II, Devil May Cry 3
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A visitar: Children of Ivalice, Galbadia Hotel , GameSpot
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Mensagem por NCalvin » domingo 21 jan 2007, 4:06

kvk Escreveu: A verdade é esta: os jogos precisam de se politizar, de tomar posições, de tentar transmitir mensagens, de tomar partidos. Precisamos de jogos para homens, jogos para mulheres, jogos para brancos, jogos para pretos, jogos para heteros, jogos para gays, jogos para portugueses, jogos para espanhóis, jogos independentes e jogos de milhões de dólares, precisamos em suma de muito, muito, muito mais diversidade do que aquela que há agora.
É a unica maneira de injectar nova vida nesta industria IMHO
muito bem dito. os videojogos são a única forma de entretenimento de massas que não é politizada no mainstream. é normal que não os levem a sério.
numa entrevista que concedi ao Expresso há uns anos (penso que esse artigo, que seria sobre os videojogos em Portugal, nunca foi publicado), uma das perguntas mais pertinentes que me fizeram foi se os videojogos já eram usados como veículo de propaganda política...
Um medium que não é usado desta forma não é suficientemente maduro para ser mainstream e para ser levado a sério.
Resta saber se há falta de autores interventivos ou se o público jogador realmente só está interessado nos jogos como forma de entretenimento puramente lúdico e deixa para a arte em geral o verdadeiro papel de intervenção.
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Mensagem por Winjer » domingo 21 jan 2007, 9:33

Politizar os jogos vai poderá trazer problemas sérios para a industria, no sentido em que ao fazê-lo vai tomar um partido, um lado de um conflito ideológico. Ao acontecer isso vai atrair um grupo de pessoas mas ao mesmo tempo vai alienar todas as restantes.
O problema poderá então ser inflacionado quando for usado preconceitos para caracterizar o outro lado da barricada ideológica.

Se repararem bem, já muitos jogos trazem ideais embutidos, mas são ideais mais ou menos universais, tais como o amor, a amizade, a paz, o bem e o mal, etc....

Para mim já me chega a propaganda que se vê em vários filmes americanos, não preciso disso nos jogos.
Uma das coisas boas dos jogos actuais é que, salvo algumas excepções, os videojogos são laicos, livres de preconceitos ideológicos e livres de propaganda.

Ter jogos politizados não significa um amadurecimento da industria, significa que a industria ganhou momentum significante na sociedade para ser visto como um meio de conversão politico-ideológica por certos grupos.

Já chega a publicidade nos videojogos a tentar ensinar-me o que comprar, agora querem tentar ensinar-me o que pensar.

Goebbles, Não Obrigado.
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Mensagem por Morbus » domingo 21 jan 2007, 10:39

O que eu acho interessante (sim, eu e muitos já tínhamos dito que tem que haver jogos para todos os gostos) é como uma indústria tão recente, que pouco mais de 20 anos tem, e com o apoio de algo tão recente - a internet - que pouco mais que 10 anos tem (lembram-se do Mosaic, em 96? pois é, foi há 10 anos) já está com estes problemas. É muito bom, acho eu, o que eu não acho bom é que a indústria não parece estar a responder tão rapidamente como tem crescido, o que é mau... Acho que ainda vamos passar uns quantos anos à volta dos gráficos e de funcionalidadezecas de este ou de aquele jogo (sempre mais ou menos excepções esporádicas), até que, finalmente, cheguemos a um ponto de maturidade...

Estou a pensar em fazer um post com as coisas que eu esperava que existissem AGORA em termos de jogos, e com as coisas que, se existissem, eu já não dizia que a indústria está em crise (sim, porque eu acho isso)... Mas por agora ainda não. Tenho que pensar.
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Mensagem por ICE » domingo 21 jan 2007, 15:27

NCalvin Escreveu:
kvk Escreveu: A verdade é esta: os jogos precisam de se politizar, de tomar posições, de tentar transmitir mensagens, de tomar partidos. Precisamos de jogos para homens, jogos para mulheres, jogos para brancos, jogos para pretos, jogos para heteros, jogos para gays, jogos para portugueses, jogos para espanhóis, jogos independentes e jogos de milhões de dólares, precisamos em suma de muito, muito, muito mais diversidade do que aquela que há agora.
É a unica maneira de injectar nova vida nesta industria IMHO
muito bem dito. os videojogos são a única forma de entretenimento de massas que não é politizada no mainstream. é normal que não os levem a sério.
numa entrevista que concedi ao Expresso há uns anos (penso que esse artigo, que seria sobre os videojogos em Portugal, nunca foi publicado), uma das perguntas mais pertinentes que me fizeram foi se os videojogos já eram usados como veículo de propaganda política...
Um medium que não é usado desta forma não é suficientemente maduro para ser mainstream e para ser levado a sério.
Resta saber se há falta de autores interventivos ou se o público jogador realmente só está interessado nos jogos como forma de entretenimento puramente lúdico e deixa para a arte em geral o verdadeiro papel de intervenção.
Colocar os jogos como um veículo desses seria extremamente perigoso nesta altura, com a censura a que os jogos estão sujeitos um pouco por todo o mundo e até em grandes mercados, como os da Alemanha, EUA, China, passar mensagens de intervençao a esse nível poderia ser a gota de água que pessoas como Jack Thompson estão à espera para encetar uma derradeira cruzada contra esta industria.
Há realmente um sentimento que a intervençao poderia ser o passo necessário para a tão pedida maturidade, mas não creio que esse seja o caminho certo, mais curto talvez, mas definitivamente, principalmente na conjuntura actual, não o certo, existem muito assuntos que poderiam ser aprofundados nesta arte antes de chegar-mos aí, assuntos esses que nos dariam e aos criadores experiência e valor para chegar-mos a esse objectivo.

O que os jogos precisam neste momento é de "filosofar" não intervir, precisam de falar da vida, da relação amor/ódio, dissecar o ser humano no seu canto mais profundo a alma, descobrir o que nos faz correr, lutar... É este o rumo a seguir no curto prazo, então quando nos jogos já tiverem aparecido os Socrates, Piaget's, Descarte's desta industria, poderemos começar a pensar mais alto, ou melhor noutros assunto, porque chegados aqui tenho a plena convicção de que narrativamente os jogos pouco irão ficar a dever a outras formas de arte narrativa.
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Mensagem por pedropaulo » domingo 21 jan 2007, 21:03

Se tomarmos como exemplo Half-Life, porventura o mais emblematico titulo do genero nos ultimos anos, salta á vista o pouco que os FPS evoluiram desde o primeiro capitulo até ao HL2.
Claro que pelo meio há bons jogos e alguns bastante mediaticos , caso de Halo, e outros cuja experiencia de jogo é acima da média caso de Call of Duty.
Não há no entanto uma continuidade do legado de HL1 em todos os aspectos que o tornaram um marco incontornavel.
Mas porquê? A formula apesar de aplicada com mestria é simples de copiar, de seguir ,de continuar e no entanto um manancial de jogos do genero perde-se por caminhos sem saida com claro prejuizo para o genero e para os jogadores.

Há claramente pessoas que não estao satisfeitas com o jogos actuais, asim como há quem nada tenha a apontar de demasiado negativo. Ambas as correntes são igualmente válidas e valorosas, mas deixo novamente a pergunta a estes ultimos.
E se todos os jogos da proxima decada forem iguais aos que andam a jogar nos ultimos anos? Acham que sentirão o mesmo apelo por eles?
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Mensagem por kvk » domingo 21 jan 2007, 22:07

ICE Escreveu:Colocar os jogos como um veículo desses seria extremamente perigoso nesta altura, com a censura a que os jogos estão sujeitos um pouco por todo o mundo e até em grandes mercados, como os da Alemanha, EUA, China, passar mensagens de intervençao a esse nível poderia ser a gota de água que pessoas como Jack Thompson estão à espera para encetar uma derradeira cruzada contra esta industria.


Mas não achas que não fazer nada é de certa maneira estar a dar razão aos Jack Thompsons deste mundo? Não podemos ficar de braços cruzados enquanto na Alemanha, EUA, etc esse tipo de pessoas usa os videojogos como desculpa para todos os males do mundo. Talvez eu tenha uma mente um bocado "reaccionária" de mais mas a minha opinião é "Se nos estão a atacar, então vamos lutar!" e aqui fala a voz de alguém que sempre sonhou em poder fazer videojogos e que não quer passar o resto da vida a fazer clones do Fifa.

Eu vejo os problemas pelos quais a industria dos videojogos está a passar como pouco diferentes daqueles que outras industrias passaram, com a diferença que esta industria tem evoluido a uma velocidade muito maior do que as que vieram antes e por isso estamos a deparar-nos com certos tipos de problemas muito mais cedo. E sei que esta não é apenas a minha opinião. Tirando a ideia duma strip mais ou menos recente da Penny Arcade os Gamedevs por esse mundo fora estão finalmente a olhar para dentro das calças e a perceber que têm tomates e está na altura de os usar (não tomates no sentido literal, não quero deixar as nossas colegas do sexo oposto de fora desta discussão). Para falar de exemplos concretos a decisão dos júris do festival de Slamdance de retirarem o Super Columbine Massacre RPG da competição, e que levou a que outros participantes do festival e inclusive alguns patrocionadores retirassem os seus jogos e apoio da competição.

Eu acho que esta é a atitude correcta. Temos que pegar nos jogos e dizer "Sabes que mais seu sulista idiota dos Estados Unidos? Não é o meu jogo que fez o teu filho matar os colegas todos. Foi o facto de seres um péssimo pai e de deixares o teu filho ter acesso fácil a armas que fez com que o teu filho matasse os colegas todos"

Os jogos sobre bonequinhos amorosos em aventuras fofinhas têm o seu lugar na industria como é óbvio. Mas os jogos que dizem "Sabem que mais? Nós somos contra a guerra no Iraque!" também deviam ter o seu lugar e tristemente ainda não têm.
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