"
O crescimento exponencial, e muitas vezes marginal, de sites, blogs ou fóruns dedicados aos videojogos constituem uma ameaça, dada a facilidade de acesso, noticias sempre recentes ou mesmo o custo, à imprensa especializada? Podem estas contrariar as aparentes vantagens do on-line ou iremos assistir a uma mudança radical ou mesmo o fim (a médio e/ou a longo prazo) das revistas como é o caso, obviamente, da Mega Score? Como poderá a imprensa adaptar-se a essa possível ameaça?
Há uma grande vantagem do jornalismo feito em revistas: é que as redacções são profissionais e pagas, logo a sua independência está à partida mais protegida. Por outro lado, há mais tempo para reflectir e produzir artigos mais elaborados.
A verdade é que na Net não só as redacções são mais mal pagas (e é quando são pagas), logo limitando a sua capacidade de contratar os melhores jornalistas, como a necessidade de dar essa informação antes da concorrência faz com que a informação seja pouco trabalhada - já para não falar nos constantes rumores e desmentidos. Pior ainda, dá muito mais azo a que, em nome da cacha jornalística, do "dar a notícia e ter a review antes dos outros", se façam concessões muito mais graves. Faz-me lembrar a história do jornalista que, em troca do exclusivo, aceitou criticar uma versão inacabada de um jogo de futebol onde ainda nem tinham sido colocados os guarda-redes...
Isto não significa que na Internet não se possam encontrar alguns dos melhores textos e dos melhores jornalistas especializados em videojogos – ou opinion makers em blogs - , mas a verdade é que o panorama geral não difere muito do que descrevi – e falo com conhecimento de causa, já que tenho experiência como jornalista on e offline.
Por outro lado, a Internet criou uma crença perigosa de que toda a gente pode escrever muito bem sobre videojogos, desde que jogue muito. Isso é cultura de videojogos, mas para compreendê-los é preciso saber muito mais do que isso. A diferença entre ser alguém que escreve uns textos a dizer porque gosta ou deixa de gostar deste ou aquele jogo e um jornalista especializado (ou, para ir mais além, alguém que aspira a escrever algo de significativo sobre o assunto) deve estar precisamente no que se sabe A MAIS do que isso.
Pessoalmente, nunca trocarei os conteúdos criados por pessoas a quem reconheço credibilidade e competência pelas opiniões avulsas de umas quantas dezenas, milhares ou milhões de opinadores amadores que a maior parte das vezes não assina com o próprio nome, cujos interesses na matéria desconheço, e que não perdem o emprego ou são responsabilizados se cometerem erros, plágios ou o que seja. É que o principal património de um jornalista ou de um comentador é o seu nome e a sua credibilidade.
Dito isto, há um público para as revistas, como há para os sites: a muitos milhões de leitores interessa mais os "hard facts", a informação de press release e “em cima da hora” e o saber meramente quais são as classificações dos jogos. Para esses, a Internet é uma opção incontornável.
O jornalismo impresso sempre existirá e terá o seu lugar, por todas as razões que já enumerei e por mais algumas. Quando muito adaptar-se-á a novos formatos de impressão e acabamento.
Acredito que a solução mais inteligente que os gestores das editoras de revistas podem tomar é criar espaços interactivos – DVDs, portais e serviços online, entre outros - que complementem com actualidade a qualidade da informação impressa.
Assim como não tenho dúvidas de que o futuro da informação na Internet tem de passar por conteúdos ou serviços pagos e de que o sonho de muitas redacções online é “dar o salto” para o jornalismo impresso."
http://megascore.rgb.pt/forum/viewtopic ... 6&start=60[/b]